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Bullet Casters, desenvolvido pela Last Credit GAmes e publicado pela Aurora Punks, um coletivo indie de estúdios, chega com propostas inovadoras para tentar mudar o que conhecemos do gênero SHMUP, os famosos jogos de navinha, mas que neste jogo indie ganham uma cara diferente.

Impossível não achar estranho num primeiro momento, principalmente quando Ikaruga, R-Type e DoDonPachi estão entre os meus títulos favoritos, porém inegável que os desenvolvedores conseguiram entregar uma boa e desafiadora experiência.

Era uma vez numa terra distante…

Quase como um conto de fadas, Bullet Casters cria uma narrativa para justificar a jogatina. Mesmo que superficial, ela existe e é seguida à risca para nos apresentar o mundo de Silveris e as diversas fases que visitamos ao enfrentarmos dezenas de inimigos.

Bullet Casters
“Batalhas pirotécnicas” é um bom sinônimo para bullet hell

No papel de Ella, Favill, Torden e Hana, uma samurai, vamos da floresta, passando pelo castelo até chegarmos às montanhas nevadas, enfrentando hordas de seres mágicos para tentarmos entender quem está por trás dessas ameaças aos reinos de Silveris.

Mesmo estando em early access, os desenvolvedores já anunciaram um quarto ato, com uma ambientação chamada Paloma, com estilo oriental, antes do quinto e último ato para o jogo. É gratificante perceber os esforços em amarrar os reinos com as quatro pedras citadas na abertura do jogo e os quatro distintos personagens, mesmo que de maneira simples, já mostra um diferencial (não inédito) para este jogo.

Elenco e mecânicas interessantes

Joguei praticamente o tempo todo com a bruxinha Ella, com ataques mais tradicionais, enquanto Favill, o mago, atacava em um arco de 180° e Hana, a samurai, criava disparos em formato de “arcos” das suas espadadas no ar. O mais difícil foi tentar jogar com Torden, o xamã maluco, pois os disparos dependem da posição que suas orbes ao redor do personagem.

Bullet Casters
As fases não são fáceis, mas os chefões vão exigir muita cautela, paciência e tentativas

Cada personagem também conta um especial que basicamente causa mais dano ao atacar do local específico em que foi ativado, porém fica o destaque para a Hana, que cria um portal para você conseguir escapar dos momentos mais tensos ao ficar encurralado.

A melhor mecânica de Bullet Casters está na “quase esquiva”, em que podemos ativar o seu foco com um botão, iluminando o real ponto de dano, num pequeno círculo vermelho no centro do personagem, e fazendo ele desacelerar para você tentar passar entre os ataques inimigos com cautela.

Esse foi o ponto de mudança da minha opinião, pois percebi que este jogo chega com a pegada de ser um bullet hell mais cadenciado para que você consiga usar sua habilidade e agilidade ao passar entre a chuva de projéteis na tela. Esqueça a proposta padrão dos shoot ‘em up de desviar rapidamente ou absorver o dano inimigo, o segredo da Aurora Punks foi fazer você “navegar” entre os ataques.

Bullet Casters
O mais difícil é tentar escapar dessa chuva de projéteis!

Como se não bastasse, esse mesmo foco também pode alterar o formato de ataque, destaque para a complexidade do Torden ao oferecer ataque para todas as direções, além de mudar o comportamento dos especiais. Simplesmente impressionante o que pode ser feito com apenas dois botões!

Modo história, Arcade ou PvP?

A resposta é simples: tudo junto e misturado! Bullet Casters se propõe em criar um modo história, por conta da narrativa que constrói desde o início e os diálogos antes dos chefões.

No entanto temos também a estrutura arcade, pois cada fase oferece até três missões para ser cumprida, recompensando o jogador com estrelas que são convertidas em gemas e que serão a moeda para você fazer upgrade. Neste ponto o jogo reforça a importância de usar o foco, pois a maioria das missões exige completar a fase sem tomar dano.

Bullet Casters
O formato arcade contribui para o alto fator replay

As melhorias não são feitas diretamente nos personagens, mas sim em “pequenos companheiros” que acompanharão você e oferecerão habilidades extras. Com foco em ataque ou defesa, você pode equipar um de cada na “Loja da Gosminha” e melhorar a performance deles ao gastar suas gemas.

Por último e bastante interessante temos o Modo Cerco, em que podemos jogar contra outro jogador local (teclado ou controle versus mouse). Neste modo, um personagem defenderá os portões do castelo, sumonando até três monstros escolhidos antes da partida começar e de acordo com o seu avanço no modo história, enquanto o outro atacará o castelo.

Com grandes evoluções teremos grandes melhorias?

Não se engane! Bullet Casters pode até começar parecendo ser um jogo inacabado e muito estranho, com uma proposta de gameplay que parece não se encaixar no gênero SHMUP, mas com certeza, assim como eu, você vai se surpreender positivamente.

Bullet Casters
O modo PvP é divertido e acrescenta ainda mais conteúdo interessante

Ainda que em early access até o outono de 2023, os desenvolvedores precisam diversificar as missões em fase, além de trabalhar em como oferecer melhorias e power-ups ao longo das fases, sem contar que precisarão criar mais dinâmicas para recuperarmos o HP do personagem, o jogo funciona muito bem com seu desafio altíssimo.

Com boa variedade de inimigos, que acompanham uma curva de dificuldade bem íngreme, o visual de tudo no mundo de Silveris impressiona pelo cuidado e cores vivas. Sem contar a trilha sonora, que parece muito familiar dos jogos que fizeram história e grudam na cabeça, ajudando no sentimento de “vou tentar de novo” pela imersão causada.

Buller Casters chegou como “deixa eu experimentar esse SHMUP medieval” e acabou sendo mais viciante do que eu poderia imaginar. Recomendo você dar uma chance para este indie.