O ano de 2020 ofereceu títulos realmente empolgantes, com tramas intensas, combates memoráveis e uma incrível imersão em lançamentos variados. Desta forma, cheguei ao final do ano acreditando que um ou dois títulos poderiam me entreter por horas e horas, apostando todas as minhas fichas em lançamentos de peso programados para esta reta final. Repentinamente, um novo jogo da série Bridge Constructor apareceu em meu caminho, despertando o interesse de fã que se sentiu curioso ao perceber que The Walking Dead havia sido colocado no meio de mais um crossover maluco. Vale lembrar que isso já rolou antes com Portal, em 2018.
Bridge Constructor: The Walking Dead está longe de ser uma obra de arte da indústria, mas a verdade é que ser incluso nesse grupo não era nem de longe sua intenção. Ao mirar em ser exatamente o que deveria, o título entrega uma jornada interessante em um mundo dominado por zumbis.
Construir pontes, preocupar-se com suas estruturas e rachar a cabeça pensando em qual lugar a próxima madeira ou metal deveriam ficar nunca foi tão divertido. O desafio, causado pelo grande realismo na hora de construir o necessário para avançar, é de fato provocativo. Você sabe que algo está errado, pois as inúmeras mortes dos personagens te mostram isso, mas você ainda não entende onde está o erro e parece não fazer ideia do que será capaz de mudar esta situação.
Inicialmente, a sensação pode ser um tanto torturante, afinal é comum criar estruturas completamente aleatórias que não funcionam de jeito nenhum com o realismo do jogo, por mais que elas pareçam fazer sentido. Porém, após algum tempo o desafio se torna um bom amigo, conforme você percebe que está dominando o game e suas artimanhas.
Trama carismática
Bridge Constructor: The Walking Dead foi capaz de adicionar novos elementos na série de jogos, incluindo uma trama simpática e interessante (dentro do possível, obviamente). Não existem grandes reviravoltas de roteiro, não há um plot-twist de explodir a cabeça, afinal, isso é Bridge Constructor! Mas é interessante perceber como o enredo simples e direto se desenvolve lado a lado com os objetivos do jogo, ao mesmo tempo em que é capaz de prender a atenção do jogador e até mesmo criar alguns laços com os personagens.
Com um humor um tanto ácido e provocativo, o jogo entrega diversos diálogos apimentados entre os personagens, sendo que alguns deles apresentam personalidades fortes e um tanto amargas – o que para mim funciona perfeitamente em um universo como o de The Walking Dead, onde, quase tudo quer lhe matar. Os diálogos, embora curtos e rápidos, dão um rumo à trama enquanto os desafios de construção aparecem em seu caminho, fazendo com que a vontade de avançar também seja por conta do desejo de descobrir o que acontecerá em seguida.
Velhos conhecidos
Além de seus personagens originais, o título ainda apresenta nomes conhecidos pelos fãs dos quadrinhos e da série de The Walking Dead. Sem estragar a experiência daqueles que desejam descobrir tudo por si só, direi apenas que um destes personagens já dá as caras logo no início do gameplay, tendo inclusive muita importância no enredo. O personagem em questão serve também como uma espécie de alívio cômico contido, que muitas vezes pode causar sorrisos e algumas risadas, principalmente pela interação com outros nomes da trama.
O fato é que os personagens que foram escolhidos pelos desenvolvedores se encaixaram muito bem na jornada oferecida pelo título e parecem ser uma combinação perfeita entre si: a inteligência cômica, a habilidade do herói e a força badass que conquistou diversos fãs ao longo dos anos. Os heróis parecem oferecer aquilo que o enredo precisava para dar força à trama, ao lado dos personagens originais do jogo.
Ainda que sejam participações simples, os rostos já conhecidos aceitam e cumprem o papel de “carregar” o título em suas costas. Caso o interesse nos nomes desconhecidos não seja o suficiente, os membros de peso da franquia certamente são capazes de prender o jogador na jornada.
Jogabilidade livre e divertida
Em cada cenário o objetivo é simples: Construir para avançar. Porém, com a adição dos heróis já conhecidos, existem outros movimentos que podem ser realizados e que causam mais variedade na hora de raciocinar para atingir seu objetivo. Além da preocupação em montar as estruturas certas, você também deve ter atenção nas ações dos personagens, uma vez que você terá de lhes dar diversas ordens para que cada cenário possa ser concluído com êxito. A sensação de falhar sempre vem acompanhada pela boa sensação de que o jogo está te desafiando a se superar e raciocinar da forma certa.
É possível até mesmo enfrentar os zumbis com os personagens certos! Bridge Constructor: The Walking Dead parece oferecer sempre um objetivo semelhante se observado à distância, porém ao jogá-lo você percebe que cada cenário é capaz de lhe fazer pensar de formas diferentes. É possível concluir as etapas de formas variadas e perceber isso proporciona uma sensação de liberdade na hora de planejar qual será sua próxima construção e ação.
Bridge Constructor: The Walking Dead entrega o que desejou proporcionar: é desafiador, interessante e um bom conteúdo no universo que se originou nos quadrinhos. Existe muita qualidade entre as linhas de sua simplicidade. É uma grata surpresa perceber que seu enredo é um pouco descompromissado, mas tem identidade e plena consciência do que deve ser para se encaixar na proposta.
Ao aproveitar-se bem do universo em que resolveu se arriscar, o jogo entrega um conteúdo interessante para os fãs de The Walking Dead que desejam consumir mais deste mundo apocalíptico em outras mídias, mas com pegadas diferentes. Para aqueles que buscam apenas as complicações da construção, o jogo também pode funcionar, uma vez que aproveitar seus desafios não está diretamente ligado a entender e se interessar pela trama.