Borderlands 4 chegou para mostrar que, no vasto espaço, há sempre muito a ser descoberto. É no planeta Kairos que percebemos que não existem limites para a criatividade, mesmo em um quarto título da série. A franquia, conhecida por seu humor, cores vibrantes e zilhões de armas, traz muitas novidades – desde novas mecânicas até um tom renovado para a narrativa.
A continuação desta série cooperativa de RPG e looter-shooter em primeira pessoa, que há anos promove o caos mais divertido dos games, promete ainda mais diversão. Mesmo com uma leve refinada no clima característico, ainda é um playground de matança e farming de itens. Algumas mudanças podem causar certa estranheza, especialmente para quem está acostumado à insanidade dos títulos anteriores, mas o jogo está recheado de conteúdo que torna a visita ao planeta-prisão muito atrativa.

Uma loucura temporal
Kairos é um planeta-prisão porque o tirano, Senhor do Tempo, controla a população por meio de implantes chamados ‘pinos’. Através deles, a vigilância é constante e, se necessário, ele pode até comandar diretamente as pessoas. A missão aqui é fugir ou lutar contra esse regime e, quem sabe, tornar os habitantes realmente livres. O lugar, porém, também sofre com o caos, facções rivais e, claro, a hostilidade das criaturas nativas.
A narrativa de Borderlands 4 ainda contém humor e loucura, mas agora dá espaço para temas mais sérios, como a liberdade frente a um regime autoritário. Dá pra sentir uma maior profundidade, abordando até dilemas entre anarquia e fascismo. Essa mudança de tom pode causar estranheza, quase como se questionássemos: desde quando Borderlands foi tão sério assim? Honestamente, curti essa camada extra, pois torna o jogo mais firme e consistente, sem abrir mão das piadas.

Escolhendo seu prisioneiro
De praxe, há quatro personagens jogáveis com características únicas: Vex tem habilidades de invocação de monstros e espíritos, além de controle elemental. Harlowe é da classe de suporte, com habilidades e equipamentos que causam efeitos de status nos inimigos (como congelar) e dão suporte aos aliados (proteções e buffs de dano). Não parece ser a melhor opção para jogar solo.
O brutamonte Amon usa armadura pesada, é poderoso e parece extremamente divertido no combate corpo a corpo e no manuseio de armas pesadas. Por outro lado, aparenta ser um pouco lento. Já o meu xará, Rafa é um soldado equipado com exo-armas nos ombros. Flexível, ágil e carismático, com muitas piadas que aliviam a trama. Foi minha escolha de cara para encarar Borderlands 4 (não só pelo nome).

Rafa me passou a sensação de equilíbrio: ótimo nos tiroteios e ágil nos movimentos, embora seja pouco resistente (ou será que eu que sou ruim?). De qualquer forma, cada personagem tem atributos distintos, e a proposta do co-op é justamente complementá-los para formar a melhor equipe de caça-arcas, no melhor estilo Guardiões da Galáxia.
Borderlands 4 também traz árvores de habilidades mais robustas: são três páginas de upgrades para cada personagem, permitindo especializações profundas. Ainda é possível resetar pontos para experimentar novos caminhos, o que incentiva testar diferentes estilos de jogo durante toda experiência.

Os elementos clássicos (fogo, gelo, ácido) continuam, e dominar seus usos é fundamental tanto no ataque quanto na defesa, já que agora podem ser combinados. Além disso, cada personagem possui múltiplas habilidades de ação, desbloqueadas ao longo da jornada, que tornam os combates ainda mais estratégicos.
E sim, a morte é inevitável – e custosa. Como nos anteriores, o renascimento desconta uma porcentagem do seu dinheiro, só que agora a penalidade está mais pesada. É uma mecânica que exige atenção tanto nos combates quanto no gerenciamento de recursos.
Para equilibrar, a mobilidade foi turbinada: pulo duplo, planar, nadar e o uso de um gancho para se prender a paredes. Esses recursos tornam a exploração e os tiroteios muito mais dinâmicos e rápidos.

Uma beleza hostil
Borderlands 4 entrega um mapa vasto e visualmente deslumbrante. Minhas lembranças da franquia sempre remetem a cenários desérticos, mas ver Kairos com ambientes mais vivos, coloridos e variados foi realmente uma surpresa animadora. O cel shading icônico está mais bonito do que nunca – em certos momentos, de cair o queixo.
Apesar disso, em alguns trechos o mapa parece um pouco vazio, transmitindo a sensação de que poderiam existir mais atividades secundárias. Mas basta um inimigo ou criatura hostil surgir – o que acontece a todo momento – para quebrar essa calmaria.

E claro, o loot continua abundante. Munições, colecionáveis e uma quantidade absurda de armas com atributos diferentes. É possível personalizá-las em cores e acessórios, mas a mochila limitada obriga o jogador a desapegar de algumas pelo caminho. Se você criar apego fácil, vai sofrer.
Borderlands 4 também traz alguns personagens já queridos como Claptrap que ainda é cômico, mas com um papel levemente mais emocional. Zane, Amara e Moxxi (de Borderlands 3) retornam como NPCs de apoio. Já Lilith aparece em uma introdução marcante. Com o elenco cada vez maior da franquia, é sempre divertido reencontrar velhos conhecidos – e eles ajudam a dar continuidade à história.

Minha jogatina foi no PS5. Tirando um carregamento um pouco mais longo no início de cada sessão, o desempenho foi ótimo, sem travamentos graves. Porém, nos PCs, muitos jogadores relataram problemas.
Ainda assim, há pequenos percalços: colisões estranhas que às vezes ajudam (ou atrapalham), texturas que demoram a carregar e, infelizmente, a ausência de um modo foto – algo que faz muita falta em um jogo tão bonito. Pior: apertar o botão de captura do DualSense pausa o jogo, o que torna registrar imagens uma tarefa frustrante.
Sobre o controle, notei que os gatilhos adaptativos não estão bem explorados. Diferente de jogos como Cyberpunk 2077, aqui eles passam a mesma sensação para todas as armas quais tive acesso.

Concluir a trama pode parecer o fim, na verdade, será o começo de uma longa jornada, pois, você pode desafiar o game com outros personagens ou em cooperativo online e local (em tela dividida para dois jogadores). Além disso, o pós-game oferece novos desafios, loots, missões pós-histórias e muitos outros incentivos para continuar preso neste planeta. E nem estamos falando das DLC’s que serão lançadas.
Awesome Mix de Borderlands 4
A trilha sonora é outro ponto alto. Borderlands sempre brilhou nesse aspecto, e no 4º título não é diferente. A música não apenas ambienta, mas constrói atmosfera. A abertura com This Land já dita o tom de uma nova era, e o conjunto de faixas reforça a dedicação da Gearbox. Ainda que em alguns momentos haja repetição ou composições menos marcantes, no geral o trabalho é excelente.

Borderlands 4 é, sem dúvidas, uma das entregas mais ambiciosas da franquia. Ousar mudar o tom, tornando a narrativa mais séria, e ao mesmo tempo trazer novas mecânicas foi arriscado, mas valeu a pena.
Se você era fã da bagunça estilizada dos anteriores, vai se sentir em casa – só que agora com as melhorias que pedíamos há anos: maior mobilidade, mais verticalidade, loot ainda mais vasto e um mundo grande e fluido. É impossível não se entregar ao caos criativo de Kairos.
Prós:
🔺Jogabilidade viciante
🔺Classes versáteis, divertidas e cheias de estilos
🔺Mundo mais fluido e muito bonito
🔺Trilha sonora caprichada
🔺Conteúdo pós-lançamento promissor
Contras:
🔻Problemas de desempenho, especialmente em PC
🔻Algumas áreas do mapa são um tanto vazias
🔻Mudança de tom pode não agradar quem esperava só humor
🔻Cadê o modo foto?
Ficha Técnica:
Lançamento: 12/09/2025
Desenvolvedora: Gearbox Software
Distribuidora: 2K
Plataformas: PS5, PC, Xbox Series, Switch 2
Testado no: PS5


