No instante que comecei Bleach: Immortal Soul, uma parte do meu passado veio à tona. Acredito que todo fã da franquia deva ter uma memória parecida. Lembro como se fosse ontem, ano de 2006, eu estava dentro do Anime Friends. O evento era na UniSant’Anna, com todos seus andares e salas preenchidos de cultura japonesa. Caçando os mangás que levaria para casa, me deparei com o volume 1 deste mangá da editora Panini. Com um certo nível de curiosidade, lembro de ter levado o primeiro e segundo mangá juntos, com as capas de Ichigo Kurosaki e Rukia Kuchiki, respectivamente.
Desde então, eu não parei. Em 2018, comprei o último volume na CCXP, o 74° e completaram 12 anos que eu lia fielmente a mesma história. O novo jogo mobile, desenvolvido pela Oasis Games, ressuscitou tudo isso da noite para o dia, mostrando que os Shinigamis ainda faziam meu coração bater mais forte. Como uma alma imortalizada, com o perdão do trocadilho, a história destes personagens foram trazidas num fiel RPG que mostra a história exatamente como era na animação, qual é baseada nos quadrinhos nipônicos.
O retorno da Morte e do Morango
Bleach: Immortal Soul, como disse anteriormente, é um RPG mobile que traz à tona novamente a história das primeiras sagas escritas por Tite Kubo. Ao menos por enquanto, claro, pois apesar de ter em sua seleção os personagens que vão até o fim do arco Soul Society, já existem in-game vários indícios que abordarão ao menos até o final do confronto contra o principal vilão da história. Inclusive, na página oficial do Facebook, até já divulgaram o design do Shinji, que aparece no arco dos Vizards.
Ou seja, o game trará desde o primeiro encontro entre Ichigo e Rukia até o resgate da personagem dentro da Soul Society. Enquanto passa pelos confrontos, você pode explorar um pequeno pedaço dos principais cenários do anime. Além de revisitar alguns trechos de Karakura, ele também mostrará parte da Soul Society e dos seus arredores. É muito bacana rever todos estes ambientes com os sprites utilizados pelo game e traz bastante nostalgia.
Porém, vamos para a parte importante de Bleach: Immortal Soul, não é? RPG bom tem que ter confronto e, nesse caso, ele é realizado em turnos. Assim que você passa por um Hollow ou personagem importante no cenário, a tela corta para o combate. As batalhas são muito simples, apesar de que há alguns macetes para aumentar suas chances de vencer. Existe uma barra que, se clicada no momento certo, aumenta seu dano e também, depois de levar uma certa quantidade de porrada, você tem liberada a técnica especial de cada um.
Essas técnicas envolvem bastante elementos que podem te ajudar. Cura, proteção, ataque em área, rajadas poderosas ou até mesmo um único golpe mais poderoso; elas variam e dominar um time que equilibre isso é a chave para a vitória. Cada conflito você pode utilizar seis personagens diferentes, então compreenda o que tem em mãos antes de sair de peito aberto que haverão inimigos que te desafiarão.
Para bem ou para mal, há diversos fatores que fazem a diferença na batalha. Cada personagem tem uma diversa fileira de upgrades que pode confundir os desavisados. Personagens, técnicas, armas, vestimentas, itens equipados e tudo que pode imaginar tem uma série de evoluções. Isso resulta, no fim de cada combate, em várias notificações na tela de alterações que pode realizar e um segundo de desatenção pode te deixar confuso em frente delas.
Outro fator que não consegui compreender bem é o sistema de níveis. Você ganha experiência, sobe de nível e está tudo certo. Porém, cada trecho da história tem o limite de até onde cada personagem pode chegar, e isso te bloqueia caso queira treinar um pouco mais para enfrentar desafios mais intensos. Oponentes como Renji Abarai, Menos Grande e outros oferecem uma camada maior de estratégia que, em níveis baixos, podem causar transtorno.
A alma de Bleach: Immortal Soul
Você pode conseguir itens que aumentam sua experiência e outros que podem realizar upgrades nos seus atributos através da própria história ou pelos desafios da Seireitei. Com um sistema procedural, você tem três quadrados à sua frente onde pode escolher apenas um para seguir seu caminho. Ali há confrontos, cura, itens escondidos entre outros e assim chegar até o final.
Nestes itens também pode desbloquear pedaços para conseguir determinados personagens. A história te dará o grupo principal de Bleach como: Ichigo, Rukia, Orihime, Chad e o Ishida. Porém, você pode conquistar os demais com estes itens, permitindo que tenha outros membros diferentes, mesmo que na história você não tenha chegado em determinados trechos. Há condições especiais que permitem obter outros Shinigamis, então fique atento.
Como todo jogo mobile gratuito, ele se garante no engajamento dos itens pagos para lucrar. Vou ser sincero e dizer que isso não me atrapalhou tanto com Bleach: Immortal Soul quanto imaginei. Pagando você acelera alguns processos, porém, tudo pode ser obtido in-game e com o que conquista. Eu ainda nem cheguei no trecho da Soul Society e já tenho personagens como a Matsumoto e a Soi Fon na equipe, por exemplo. Existem melhores, lógico, mas no trecho onde estou em que o protagonista nem tem sua espada principal, já dão um grau a mais no time.
Também há um multiplayer online, com os clãs e o modo Arena. Nos clãs, você pode se unir a um grupo e, cumprindo certos objetivos em conjunto, todos ganham itens especiais diariamente. Já na Arena, você utiliza sua equipa para enfrentar a de outros jogadores no modo Auto-Combat. Não sei se isso será diferente no lançamento, mas achei que o fator humano nas batalhas podia fazer toda a diferença nesse quesito.
Como fã da animação e do mangá de Bleach, tenho de citar um ponto que, apesar de me fazer revirar os olhos, não afeta minha decisão de nota do jogo. Há uma grande falta de coesão em alguns momentos do título que simplesmente não se encaixam. Por exemplo, na primeira batalha contra um Hollow de Ichigo, ele gritar seu mais famoso golpe Getsuga Tenshou foi confuso para mim. Ver a bankai da Soi Fon logo de cara também quase foi um susto, já que ela aparece apenas por volta do episódio 276. Esses pequenos detalhes que fizeram o jogo não me ganhar totalmente.
Mas se for para reclamar de algo, de fato eu tenho um motivo. Oasis Games, pelo amor de Aizen, eu imagino o quanto a Arena seja legal, os Clãs, Desafios e tudo mais; só que não me tire à força da história que estou jogando para me mostrar isso. Eu estava na maior hype enfrentando a situação do Uryuu Ishida quando, de repente, vocês me travam para mostrar outro recurso e me obrigam a testá-lo quando eu não queria. Isso foi chato, de verdade. Até você testar tudo, eles vão te cortar abruptamente e esfregar essas funções na sua cara, sem te dar outra opção.
Você voltará para a Soul Society?
Nos quesitos técnicos, se o seu telefone não aguenta muito o tranco, ao menos há opções para você alterar a qualidade dele para não judiar do smartphone. Ele não é tão pesado quanto os demais jogos, apesar de eu ter experimentado algumas pequenas travadas no caminho e uma delas ter me obrigado a parar o game e reiniciar o aplicativo. Isso pode atrapalhar bastante no momento que você ataca e quer acertar a barra para causar um dano maior, por exemplo. Perder o timing algumas vezes por isso também não é legal.
Bleach: Immortal Soul te ganhará completamente pela nostalgia e vontade de jogar com seus personagens favoritos do anime num RPG. Que a Bandai Namco me perdoe, mas jogo de luta de anime já está cansando. E o último que o Ichigo deu as caras, Jump Force, nem foi tudo isso prometido. Com bastante referências, cenas do anime no meio dos capítulos, a mesma trilha-sonora e bastante personagens animam demais durante a jogatina.
Mesmo com alguns defeitos, ele vale o seu download e a história, mesmo sendo a mesma do anime, está bem contada e tem uma pequena estendida para que possa aproveitar estes momentos. Pois é, meus Shinigamis, aproveitem que é gratuito e baixem, me desafiem por lá e vamos vencer a Soul Society, enquanto aguardamos ansiosamente pelo arco do Hueco Mundo. Afinal de contas, um jogo desses não pode encerrar sem que possamos quebrar a cara dos Espadas e dos vilões, não é Oasis?