Review – Big Helmet Heroes

Beat ‘em up no estilo medieval virou raridade. Após a era de ouro dos fliperamas, com clássicos como Golden Axe e Knights of the Round, o último jogo que me lembro de ter essa pegada fantasiosa foi o excelente Castle Crashers. Estamos falando de um game de 2008, lançado originalmente para o Xbox 360. Big Helmet Heroes, game de estreia da desenvolvedora francesa Exalted Studio, fundada por três veteranos da indústria, chegou pra suprir essa saudade trazendo um jogo 3D cheio de humor e boas ideias.

Neste indie para 2 jogadores (co-op local), o objetivo é encontrar e resgatar outros heróis enquanto avança por 20 fases repletas de maluquices. São ao total 29 heróis que, na verdade, são variações de 4 arquétipos: guerreiro, ladino, monge e bruto. Temos defesa, esquiva, combos e um superpoder pra cada um, como por exemplo a habilidade do bruto ficar gigante e pisotear geral. O ladino, o mais rapidinho dentre eles, possui um especial que dispara um raio de energia que atravessa toda a tela e ajuda a limpar o caminho. Deu pra sacar que é um game bem diferente, né?

Heróis cabeçudos

Big Helmet Heroes possui uma escolha interessante de visual, inclusive no design das personagens e inimigos. Tudo é muito bonito, com animações cartunescas bem caprichadas e cenários que variam bastante de estilo. Nas cutscenes, temos uma espécie de storyboard animado – pra economizar em recursos, claro, mas que funciona super bem. Aliás, a história aqui é quase inexistente, o que de forma alguma é um ponto negativo. O importante mesmo é descer a porrada em geral!

O game também brinca com a perspectiva da câmera: em alguns momentos transitamos pela fase totalmente na horizontal e, em outros momentos, vemos tudo de cima. Isso foi claramente inserido no game para favorecer o visual e também criar desafios diferentes. Porém nem sempre funciona bem, justamente por limitar o jogador àquele ângulo e atrapalhar o combate e exploração. A torcida que aparece comemorando em primeiro plano na tela também não ajuda, muitas vezes cobrindo a visão que temos dos inimigos.

O jogo começa com fases no estilo medieval tradicional e transita por uma praia, um castelo, um navio pirata (com direito a batalha de canhões), um deserto, masmorras com biomas diferentes, e assim por diante. Tudo muito bonito e divertidamente construído, com armas, explosivos e outros itens pra pegar do chão e utilizar a seu favor. Explorando as fases, passamos por alguns trechos de sobrevivência que trazem hordas de inimigos. Estas partes e os chefões mais adiante na aventura (como o Kraken) irão realmente lhe oferecer um bom desafio.

Óbvio que a dificuldade é relativa, mas caso queira realmente aproveitar o que Big Helmet Heroes tem a oferecer, vai de Hard e seja feliz. Jogando sozinho a coisa fica bem interessante, mas na companhia de um parceiro basta ter uma boa sinergia pra tudo dar certo. Agora não sei se foi impressão minha, mas parece não haver balanceamento dos inimigos e chefões ao jogar em dupla. E é uma pena o jogo não oferecer opção de multiplayer online – ao menos não agora, no lançamento.

É preciso polir estes capacetes

Big Helmet Heroes é divertido do começo ao fim, principalmente quando apresenta suas loucuras, como unicórnios que te atacam com um pirulito gigante. A variedade entre os cenários e inimigos dá um ar de novidade a cada fase avançada, o que contribui para não enjoar durante a jornada. A trilha sonora rock and roll também dá o tom da descontração. E sim, tem guitarra como arma!

Apesar de ser um bom jogo, com duração entre 4 e 5 horas (ótimo pro gênero), falta polimento: jogando no PC, senti lentidão nos comandos (imput lag) e também presenciei falhas de hitbox, não pegando golpes que jurava ter acertado nos inimigos. Vi inclusive relatos de outros jogadores sofrendo com crashes e até quedas de FPS nos consoles. Pelo menos comigo isso não aconteceu, felizmente. Mas é certo que, com as devidas correções, Big Helmet Heroes entre pra lista dos beat ‘em ups que você não pode perder.