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Quando Bayonetta 3 foi concebido, tenho a certeza absoluta que na sala de reuniões foi citado de que o título seria o “filho” de Jojo’s Bizarre Adventure, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e Godzilla. E por mais que isso pareça esquisito, porque é, não se acanhe que também se mostra um dos maiores trunfos da bruxa.

Com o clássico hack ‘n slash misturado a bastante estratégia, temos um verdadeiro arsenal de gameplay que pode gerar diversos resultados durante a batalha para salvar as várias realidades. Você criar o “Witch Time” com precisão é só uma parte do combate, abrindo espaço para que teste novos recursos e habilidades da personagem e consiga seguir em frente para enfrentar o grande desafio da aventura: a “Singularidade”.

Um dos fatores mais divertidos, no entanto, se revelam através dos kaijus que pode invocar e até confrontar no meio destes embates. Se meter bala e passar a lâmina não está adiantando, não se preocupe: basta trazer um deles para a sua frente e deixá-los executar o que estiver ao seu alcance. Porém, tome muito cuidado, aqueles que confiarem demais nisso tendem a cair logo quando o período da magia encerra.

Bayonetta 3
Você pode invocar e enfrentar Kaijus

A fórmula bagunçada, mas certeira, de Bayonetta 3

Não é errado afirmar que a fórmula de Bayonetta 3 pode parecer uma confusão às vezes. Você explora áreas enormes até aparecer uma legião de inimigos, enquanto batalha com eles pode trazer à tona os monstros gigantes que prometem encerrar o combate por vocês. Uma pena quando mais uma horda aparece e sua magia acabou, obrigando ao jogador a encarar aquilo com as próprias mãos.

A diversidade de armas e estratégias ajuda bastante os jogadores nesta tarefa. Colour My World são as pistolas principais da personagem, mas também temos clavas enormes, garras, leques, cajados e até microfones. Você pode carregar apenas duas de cada vez e montar um plano para encarar os diversos homúnculos que estão te atacando. Já aviso, esta parte das brigas não são tão simples e você vai se deparar com a morte algumas vezes em seu trajeto.

Dificultar um pouco as coisas pode não parecer uma boa decisão a princípio, ao menos eu senti que não se encaixava bem na proposta quando iniciei. Porém, ao avançar mais, vamos ser honestos: uma infinidade de armas, kaijus, habilidades especiais da protagonista, habilidades especiais de cada equipamento, Witch Time e várias outras ferramentas que obtém te ajudam muito. E isto tem de ser equilibrado de alguma forma.

Bayonetta 3
Colour My World é apenas uma das armas que encontrará no game

Bayonetta 3 aplica isso com louvor e não é nada estranho ter chances de morrer de forma vergonhosa num conflito e, ao voltar, vencer sem levar um golpe algum. Na verdade, tudo depende do jogador e da forma como usa seus recursos e timing. Se errar algum movimento e ficar nervoso, a queda vem certeira. Caso jogue de mente fria, as chances de sair vitorioso são muito maiores.

Insira que, no meio disto tudo, podem aparecer diversos inimigos ou você terá de eliminar mais de um alvo de forma simultânea para sair de uma espiral de batalhas e entenderá a complexidade que a PlatinumGames resolveu trabalhar no terceiro game. Particularmente falando, eu adorei a exploração dos ambientes e encontrar os seus segredos. Porém, seu maior brilho mesmo são nos confrontos entre os monstros comuns das fases e os dos chefões.

Este, sem dúvidas, é onde ele arrebenta todos os conceitos e preconceitos que o público pode ter criado. A desenvolvedora sempre nos apresentou combates clássicos, mas isso aqui foi elevado a um novo nível. Não tem um grande boss que eu diria ser inesquecível e alguns vão exigir tanto de você, seja em questão do combate ou das suas ideias, que marcam bastante a experiência.

Bayonetta 3
Toda batalha contra um chefão será memorável

O fim do multiverso

E o pano de fundo para tudo isso de Bayonetta 3 é o fim do multiverso como conhecemos. Assistindo à morte da bruxa mais estilosa de sua realidade pelas mãos do perigoso vilão, Viola parte para outras dimensões para salvar as demais versões dela e todos os demais mundos. A jovem, com todo o seu estilo “punk rock”, é a co-protagonista da aventura e você divide o gameplay entre a heroína e a novata.

Como disse, é na jogabilidade que ela realmente se destaca, já que o Witch Time dela não é ativo ao se esquivar como já temos o padrão. Viola aciona o recurso ao se defender, o que pode te confundir a princípio, mas quando pega o jeito se torna uma nova forma de jogar e se divertir dentro da ação.

Conhecendo diversas versões dela, de Jeanne e até mesmo do personagem Luka, Viola tenta salvar a todos reunindo cinco artefatos e indo em busca de um doutor que pode ter um dos papéis centrais dentro da trama. Enquanto os artefatos você controla Bayonetta e Viola, a busca pelo médico é feita por Jeanne em ambientes 2D ao maior estilo metroidvania. Estas partes são histórias laterais, mas ganharam meu coração justamente por mudar tudo de forma tão repentina.

Bayonetta 3
Os trechos Metroidvania com Jeanne são excelentes

Enquanto tudo isso desenrola em Bayonetta 3, cabe ao jogador visitar estas diversas formas diferentes destes personagens e reunir também as armas que cada um utiliza para invocar suas criaturas nos confrontos finais. Aqui eu confesso que os fãs ficarão um tanto divididos: enquanto terá algumas delas que vão te chamar bastante a curiosidade e serão personagens que você ia gostar de ter mais informações, outras mal surgem direito na tela e só estão lá para cumprir o protocolo.

Aí que entra uma das maiores belezas do game: você verá locais do mundo real misturados com lugares fantásticos e tudo é tão belo que vai parar em algum ponto para admirar o que tem na sua frente. Do Egito antigo, cidades contemporâneas, montes chineses e vários outros, algo te encantará. Explorar isso é sensacional e me deixou um bom tempo caçando por coisas escondidas – e, acredite, elas estão lá apenas te esperando. Vale bastante a pena para os completacionistas de plantão.

Bayonetta 3
Que tal ver parte da Europa sendo destruída?

Caindo nos erros mágicos

Apesar de ter curtido Bayonetta 3 no geral, eu não concordo que este seja tão espetacular ou até mais do que seus antecessores. Alguns erros da PlatinumGames atrapalham a experiência e te deixam na mão na hora que mais precisa e isso precisa ser dito. A sequência inicial, por exemplo, vi muitos endeusando ela e afirmando que ela é a maior de todos os tempos. Porém, será mesmo?

Sendo bem sincero com vocês, realmente é belo: ver ela enfrentando monstros enquanto o oceano forma uma onda gigante que destrói a cidade. Ela lutando e o mar tomando conta dos prédios de Nova Iorque é, de fato, lindo e maravilhoso. O que faltou então? Me deixarem lutar enquanto essa destruição toda ocorria. Eu amaria estar controlando a personagem enquanto o caos tomava tudo atrás de mim. Porém, foi apenas um filminho, nada mais, nada menos.

Em outros momentos isso também se repete e me fez questionar qual a dificuldade de dar o controle na minha mão para executar o que precisava ali. A PlatinumGames não é disso, considerando que Astral Chain me conquistou justamente neste fator quando foi lançado. Infelizmente não rolou nesta vez e me tirar a opção soou bastante chato.

Por falar em Astral Chain…

Outro ponto que não entendi foi o modo fotografia tornar a imagem mais feia do que ela te mostra no próprio Bayonetta 3. A performance dele chora no Nintendo Switch, mas ainda assim é visualmente deslumbrante. Quando você abre o Photo Mode, no entanto, se depara com imagens que não condizem com aquilo que viu no próprio game. Sabe aqueles mistérios que são incompreensíveis? Foi assim que me senti vendo isso.

Além disso, ele tomaria uma vantagem muito maior se fosse lançado em um PlayStation 5 e um Xbox Series? Com certeza, porém ia precisar de muito trabalho ali. Basta colocar o seu Switch na dock e ver que, no televisor, as coisas não funcionam de forma tão linda quanto a vista no portátil. Apesar disto, este é mais um problema da plataforma do que da equipe que desenvolveu, infelizmente isso será resolvido só em uma próxima geração. Claro, se a Nintendo quiser resolver…

Bayonetta 3
Consegue ver os serrilhados e inconstância? Modo Foto é isso

Conflitos místicos

Aqui temos o curioso caso de um jogo que tinha tudo para ser magnífico e se perde um pouco em suas direções. Falando em termos de história e gameplay, ele realmente merece toda a hype que andou recebendo e é um dos maiores hack ‘n slash que o Nintendo Switch já recebeu em sua história. Digo isso com tranquilidade.

Porém, os detalhes que cercam Bayonetta 3 não são tão cativantes assim. A PlatinumGames claramente se esforçou, mas ele podia ser muito mais marcante do que realmente é. Será uma aventura que levarei comigo para sempre, mas que também terei pontos quais não poderei compartilhar memórias tão boas assim.

Bayonetta 3
A experiência é boa no geral, mas contém problemas

Caso seja um fã fervoroso e queira ver o fim da trilogia que a bruxa carregou, pode pular sem medo que ela não vai te desapontar. Ainda com as falhas que indiquei, nem de longe é uma aventura que você deva pular, principalmente se carregar o console híbrido consigo. Diria até que é indispensável, mas admito que parte de seu roteiro foi esquisito até pra mim, que estou acostumado com coisas estranhas o tempo todo, então caso não tenha jogado nenhum comece lá do primeiro e veja se isso tudo lhe cabe.

Por fim, esta pode ser a despedida de uma das personagens mais icônicas que tivemos na era PS3/Xbox 360, mas abre caminho para novas abordagens e quem sabe não veremos uma aventura diferente no futuro? Tudo pode acontecer daqui em diante, mas ela foi criada para este desfecho e caso esteja curioso, porque não começar já essa jornada? Diversão é o que não vai faltar, pelo menos.

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