Review – Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian

Depois do sucesso alcançado com os recentes Atelier Yumia, Ryza e Marie, reforçando as escolhas dos desenvolvedores, Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian chega marcando um retorno às origens da franquia mais longeva que a Koei Tecmo possui, após as experimentações com elementos de ação tempo real, optando por um sistema de combate completamente baseado em turnos que dialoga diretamente com os fundamentos que tornaram a série icônica.

Com mais de 25 jogos lançados na série, Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian consegue explorar diversas novidades, de narrativas ao gameplay, servindo tanto como um spin-off conectado ao jogo mobile Atelier Resleriana: Forgotten Alchemy and the Polar Night Liberator quanto como uma obra independente que pode ser apreciada sem conhecimento prévio dos títulos anteriores.

Alquimia além dos ingredientes

Durante as dezenas de horas, nós acompanhamos a história de Rias Eidreise e Slade Clauslyter, dois jovens que retornam à sua cidade natal devastada em busca de respostas sobre um misterioso desastre que varreu Hallfein há doze anos, fazendo com que toda a população desaparecesse em uma névoa vermelha. O jogo consegue criar uma atmosfera envolvente logo de início, com personagens cativantes que carregam cicatrizes emocionais profundas e uma narrativa que, embora previsível em alguns momentos, mantém o jogador interessado em descobrir os segredos por trás da tragédia.

O sistema de síntese seguiu o mesmo caminho de novidades e recebeu uma reformulação significativa com a introdução do Gift Color Synthesis. Este novo método se baseia na conexão de cores dos ingredientes para criar itens com atributos específicos, permitindo uma personalização muito maior do que em títulos anteriores. O processo ocorre em duas fases distintas, em que a primeira exige ingredientes específicos para formar o item base, enquanto a segunda permite adicionar até três ingredientes opcionais para transferir traços e aumentar a qualidade. A complexidade do sistema é impressionante ao mesmo tempo em que pode ser complexo para os novatos, ainda mais quando  a mecânica de Recipe Morph incrementa a criação de itens ao transformar completamente o tipo de item com base nos ingredientes utilizados.

Outra característica muito importante em Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian, a gestão da cidade e da loja, continua sendo uma das etapas mais agradáveis e adiciona uma camada estratégica interessante ao gameplay. Você precisa vender itens sintetizados para gerar fundos que permitem o desenvolvimento dos distritos de Hallfein para que eles ofereçam novas receitas e recursos conforme sua evolução. Para facilitar ainda mais o aprendizado, o sistema de vendas utiliza a mesma mecânica de cores da síntese, tornando mais intuitivo o planejamento e a organização dos itens na prateleira.

Atelier Resleriana também marca um retorno ao sistema de combate baseado em turnos, mesmo após a ação em tempo real escolhida e elogiada para os jogos da trilogia Ryza e Atelier Yumia. Buscando ser mais estratégico e oferecendo um sistema de timeline, temos a mecânicas de Multi-Actions, que permite aos personagens de apoio realizarem até três ações consecutivas, Item Mix, que recompensa o uso sequencial de itens alquímicos com efeitos adicionais, enquanto os Unite Attacks são automaticamente ativados quando personagens da linha de frente agem consecutivamente com o medidor Unity cheio.

Sintetizando emoções

Seguindo o padrão da franquia, Atelier Resleriana apresenta uma direção de arte muito atraente e que mantém a identidade visual característica da série. Os designs de personagem conseguem transmitir personalidade e energia através de detalhes cuidadosos em roupas, acessórios e expressões, deixando para os protagonistas e o elenco de apoio, um visual anime vibrante, com cada personagem possuindo elementos visuais distintivos que refletem suas personalidades e origens.

O contraste visual entre a Hallfein devastada e as áreas restauradas consegue transmitir o tema central do jogo, sobre renovação e esperança. Os ambientes também conseguem criar atmosferas apropriadas para cada situação narrativa ao longo da história, principalmente por contar com cenas belíssimas para reforçar sequências importantes para a história e que elevam ainda mais os momentos dramáticos significativos, embora tive a impressão de serem usadas com frequência menor que em outros jogos.

A trilha sonora, assim como o visual, se mantém com composições que privilegiam melodias suaves e contemplativas, perfeitamente adequadas ao tom relaxado e introspectivo da narrativa. As músicas que acompanham as sessões de síntese são agradáveis enquanto durante os combates, a música consegue elevar a tensão apropriadamente.

Por mais que pareça ser um jogo impecável, Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian pode ser um título que inibe os novos jogadores por apresentar um ritmo narrativo que flutua muito, por conta de sua estrutura episódica, com muitos momentos que fazem o jogo parecer mais lento do que deveria.

Seguindo nessa mesma pegada, o excesso de estratégia, principalmente no combate, pode torná-lo repetitivo e completo. O mesmo também pode acontecer por conta do sistema de síntese pode ser um obstáculo significativo para novos jogadores por conta de suas múltiplas camadas de mecânicas envolvendo cores, traços de ingredientes, fases de síntese, morfismo de receitas e ingredientes catalisadores.

Atelier Resleriana: The Red Alchemist & the White Guardian pode ocupar o lugar entre um dos melhores títulos da franquia, porém fica cada vez mais evidente que a série vem focando muito mais para os fãs devotos de Atelier. Para aqueles que conseguem olhar além de suas características padrões e complexidades, com certeza conseguirão ver uma história interessante dentro de uma aventura charmosa e contemplativa, repleta de personagens carismáticos e sistemas profundos de jogabilidade.