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Preparem-se para novas missões assassinas. Assassin’s Creed ganha sua sequência e atinge uma competente evolução em relação ao primeiro jogo. Mas faltaram alguns elementos importantes para que esse jogo se tornasse um dos melhores do ano. Ora ele é muito harmônico, outrora parece ter sido feito nas coxas. Antes de analisar o game como um todo, falarei dos aspectos positivos e negativos isoladamente.

Assassin’s Creed II começa exatamente onde termina o primeiro jogo. Relembrando a história, Abstergo é uma empresa que desenvolveu um sistema conhecido como Animus. Este sistema é capaz de, através do DNA, retirar as memórias de antepassados contidas em seus descendentes. Algo como uma seção de “regressão” de vidas passadas. Desmond Miles foi seqüestrado e levado ao laboratório da Abstergo. Este crime tem relação direta com os antepassados de Desmond.

No primeiro jogo, Desmond revive as lembranças de Altair. O objetivo é descobrir fatos entre o clã dos Assassinos e Templários. Altair era responsável pela busca do “pedaço do Éden”, um artefato capaz de criar ilusões e objeto de extremo interesse aos Templários. No decorrer da história descobrimos que o laboratório é apenas uma extensão do clã dos Templários. O objetivo ainda é encontrar o artefato. Infelizmente para Desmond, essas informações estão escondidas em suas memórias.

Nesta seqüência, Desmond já sabe que as intenções da Abstergo não são das melhores e precisa fugir dali para se manter vivo. Assim surge Lucy Stillman, afastada das operações no primeiro episódio voltando agora para ajudar Desmond. Ela rapidamente coloca Desmond de volta ao animus fazendo-o renascer como Ezio Auditore da Firenze, deixando para trás as memórias de Altair. Assim se inicia a fuga do laboratório. Desmond aparentemente nota que, por acidente, pode utilizar as habilidades de Altair fora do sistema Animus. Mas ainda sem o devido controle destas, tudo parece apenas um “acidente”. Assim que escapam do laboratório, Desmond é levado até uma equipe secreta. Esta equipe trabalha a favor do clã dos assassinos, possuem um sistema Animus numa versão melhorada (2.0). Esta versão permite que Desmond converse com a equipe sem sair do sistema. Esta foi uma ótima saída para manter Desmond mais tempo na pele de Ezio. Assim temos uma jogabilidade muito mais continua.

Ezio é um jovem nobre que vive na Itália, mais especificamente em Florença no ano de 1476. A família de Ezio está envolvida em uma trama de conspiração. Para descobrir os motivos desta farsa, Ezio tem o apoio do clã dos assassinos. Paralelamente a isso estão as intenções de se descobrir o que se chama de “a verdade”, que são os fatos buscados pela nova equipe que agora dá suporte a Desmond.

Agora que nos situamos na história, vamos aos principais detalhes do jogo. Tecnicamente, Assassin’s Creed II é superior ao primeiro game. As cidades são mais vivas e as construções históricas das cidades, por onde o enredo vai correr, são perfeitamente representadas. Tudo no jogo tem uma referência, inclusive os personagens. Boa parte dos personagens existiram em carne e osso, e estes foram bem introduzidos à trama do jogo. Claro que os fatos são fictícios, mas vale a pena ter um pouco da história para contextualizar todo o cenário.

Graficamente, o game é belíssimo. O mesmo eu não posso dizer das atuações dos personagens, que são totalmente inexpressivas. As cenas em que os personagens conversam entre um acontecimento e outro são horríveis. Existem cenas onde a dramaticidade exige expressões corporais dos personagens, o que não acontece. Você espera que as atuações sejam convincentes e tudo o que você vê são cenas monótonas. Infelizmente, isso fará os jogadores perderem o interesse pelo protagonista da história, que também não demonstra carisma algum.

O jogo evoluiu em outros aspectos importantes, pelo menos. Um dos que julgo mais interessante é o novo sistema econômico. Agora temos acesso a lojas onde podemos comprar itens como armas ou vestimentas. Há também os médicos espalhados pela cidade que fornecem remédios e curas para os ferimentos de Ezio. Além disso, existe uma pequena vila, que pertence ao clã dos assassinos. Esta vila possuiu sua economia voltada às atividades dos assassinos, principalmente as de Ezio. Podemos investir dinheiro em partes dessa vila e com a sua evolução atraímos mais moradores, gerando mais recursos. O investimento vem de muitas maneiras, desde melhorias a prédios históricos ou ganhos em porcentagem nas lojas. É um sistema muito eficiente para se conquistar recursos, evitando perder tempo em missões secundárias apenas para ganhar dinheiro para comprar itens caros. Aliás, a vila continua a arrecadar dinheiro enquanto estamos jogando. Legal, não?

Sobre os itens, Ezio agora conta com a ajuda do famoso inventor e pintor renascentista Leonardo Da Vinci. O pintor tem um papel fundamental no desenvolvimento de algumas armas e novas técnicas assassinas que Ezio utilizará. Essas técnicas estão escondidas em pergaminhos conhecidos como Codex, que só podem ser decifrados pelo mestre Da Vinci. Estes pergaminhos estão espalhados por toda parte.

Infelizmente o sistema de batalha teve poucas melhorias em comparação ao primeiro jogo. Como as armas agora podem ser compradas em lojas, podemos aumentar o poder de Ezio com muita facilidade. Assim o jogo se torna fácil até demais, mesmo porque os soldados são uns imbecis completos. Dificilmente você morrerá durante uma batalha. Ezio é um lutador muito mais competente do que qualquer outro personagem do jogo. O ritmo das lutas ainda é um problema, pois tudo parece “ensaiado”. É como se os personagens combinassem em voz baixa: “Ezio, vou bater agora, sai da frente que depois meu amigo da esquerda vai ser o próximo”. Até na morte, os inimigos não demonstram dor.

Claro que as batalhas podem ser evitadas. O sistema de disfarce agora está muito mais elaborado. Contamos com aliados que podem distrair ou lutar contra os guardas em seu lugar. Podemos ainda nos juntar a grupos de pessoas que caminham pela cidade e passar despercebido. Mais uma vez a quantidade de recursos deixa o jogo muito fácil para Ezio. Os guardas, por exemplo, sempre caem nos mesmos truques, não importa se são apenas soldados comuns ou de altas patentes cuidando da segurança de um bispo. Pelo menos este sistema funciona melhor do que apenas juntar as mãos e rezar.

No geral, o jogo demora um pouco a apresentar todas essas possibilidades. Nas primeiras horas de jogo, tive a impressão de estar jogando um tutorial sem fim. Este é um jogo realmente longo, com muitos lugares a serem explorados e missões secundárias. E por ser tão longo, o game cansa o jogador rapidamente. A falta de carisma dos personagens e o aumento progressivo do poder de Ezio, que acaba por deixar o jogo fácil demais, são falhas lamentáveis. Mesmo se você decidir sair correndo feito louco até o próximo alvo, matá-los e voltar a correr, dificilmente será detido. Os soldados em geral sabem persegui-lo muito bem, mas parecem apenas estar fazendo uma cópia estúpida de seus movimentos. Nunca se organizam de forma a cercá-lo, ou outros tipos de providência que os transformem realmente em soldados.

Assassin’s Creed II melhorou muito o que foi visto no primeiro game, mas podia ter caprichado mais. Mesmo assim a experiência é válida e diverte bastante. Com certeza um dos melhores games de ação deste ano.