Skip to main content

Quando peguei o review de Ash of Gods: Redemption pra fazer, logo fiquei com receio pelo fato de que os últimos RPGs que joguei foram extremamente fracos (Final Fantasy XV, por exemplo). Eis que fui fisgado pelo meu ponto fraco: animação. Qualquer jogo que tenha uma animação bem feita me chamará a atenção, e foi exatamente isso aconteceu quando comecei a jogar o game da desenvolvedora russa AurumDust.

Muitos acusaram de ser uma cópia descarada de The Banner Saga, uma comparação inevitável embora o game possua seus próprios méritos. Tal comparação ganhou força principalmente pelo visual, que realmente lembra o game da Stoic Studio. Mas criticar baseando-se apenas em semelhanças é, no mínimo, injusto. Ash of Gods: Redemption é muito mais do que parece ser e não deve, de forma alguma, ser ignorada pelos fãs do gênero.

Here we are, born to be kings

Mesmo que o trecho da música “Princes of the Universe” do Queen não tenha nada a ver com o jogo, a primeira cena animada me lembrou muito o grande clássico Highlander. A abertura apresenta um dos três protagonistas do jogo, Hopper Rouley, um curandeiro e poderoso guerreiro que aprendeu muito sobre a vida, que sabe e lembra de muito mais do que mostra.

Ao desenrolar da história conhecemos os outros dois protagonistas. Um deles é o antigo capitão Thorn Brenin que, após ser dispensado honrosamente, continuou a ensinar o caminho da espada para sua filha e a guarda da cidade. Mesmo sendo um guerreiro famoso e abastado, não consegue salvar sua esposa de uma doença terrível. O outro é Lo Pheng, um Eikon do clã das sombras, um assassino frio e calculista. Lo Pheng é um personagem sombrio, mas com um lado humano e interessante de presenciar (principalmente quando o vemos sorrir).

A história, escrita por Sergey Malitsky, é um deleite para os fãs da fantasia medieval. Acompanhamos Hopper se unindo aos poderosos Curros, uma raça de guerreiros que são responsáveis por conter os Ceifadores (Reapers) em uma batalha mortal. Os Ceifadores são seres tão poderosos que apenas a sua presença no campo de batalha já é o suficiente para matar todos aqueles em volta deles, e os responsáveis pelo inicio da ceifa, um evento que irá acabar com a humanidade. Desde o início a história retrata um mundo cruel e sombrio, embora a esperança ainda exista entre aqueles dispostos à lutar.

Imagem do jogo Ash of Gods: Redemption

O estilo roguelike permite que a história continue a ser contada mesmo após seu personagem morrer. Portanto tome cuidado com o permadeath, que ocorre após morrer quatro vezes com personagens da party ou mesmo com os principais. Suas escolhas são livres desde o início, mas é preciso ter cuidado com as consequências. Por exemplo: você pode conseguir uma grande quantidade do metal Strixes, que protege as pessoas da maldição da ceifa, e ajudá-las ou não. A dificuldade do game equilibra-se entre suas escolhas, aliviando ou dificultando os próximos desafios. Isso faz do jogo uma experiência bastante pessoal e com alto valor de replay.

Capricho minucioso

Outra parte que o jogo executa muito bem é a sua trilha sonora. Graças aos talentos de Adam Skorupa, Krzysztof Wierzynkiewicz e Michal Cielecki, famosos por terem trabalhado em jogos como The Witcher, Bulletstorm, Painkiller, EVE Online, Call of Juarez e Shadow Warrior, todas as faixas são muito bem executadas utilizando-se instrumentos de época. Coisa fina, pra colocar na playlist do seu celular.

Imagem do jogo Ash of Gods: Redemption

O combate em Ash of Gods: Redemption é feito de maneira incrível e divertidamente desafiadora. Nada de números aleatórios aqui; cada personagem possui diversos tipos de ataques, alguns utilizam energia, outros podem ser executados em troca de um cooldown ou até mesmo a vida do personagem. Certos ataques possuem duas ou três maneiras de utilizar as habilidades. A energia aqui também não é apenas algo como os pontos de ação de personagem (ainda que possa ser usada para movimentos adicionais), é algo que deve ser usado com cautela, pois caso seu personagem esteja com pouco energia ele pode receber um ataque de tirar energia ou energia e vida juntos. Sem energia seu personagem pode receber até mesmo o dobro do dano normal e morrer.

Como estratégia complementar, o jogo disponibiliza cartas: durante o combate tanto você quanto seus inimigos possuem cartas concedidas pelos deuses. Algumas cartas aumentam o ataque, restauram sua saúde/energia, outras dão dano direto, protegem de ataques. Por isso preste sempre atenção em seu time, divida bem as classes, sempre tenha seu time bem posicionado e não saia gastando cartas igual truco.

O jogo conta também com um modo multiplayer (PVP e PVE) ainda bem cru, mas com grande potencial. Na arena online você poderá testar suas habilidades contra diversos outros jogadores, colocando à prova suas habilidades e conhecimentos obtidos durante a campanha. Não duvido que, em pouco tempo, os jogadores estarão viciados no multiplayer.

Ash of Gods: Redemption foi uma grata surpresa pra mim. Além do caprichado no desenvolvimento, o game entrega uma excelente história e que pode mudar de rumo de acordo com as decisões do jogador. Dá gosto jogar novamente só para ver um dos diversos finais possíveis. Se você é fã de RPG de turnos, assim como eu, não deixe de conferir esta excelente obra indie.

90 %


Prós:

🔺 Incrível direção artística
🔺 Excelente narrativa com cenários, tramas e personagens marcantes
🔺 Mecânicas interessantes e alto valor de replay

Contras:

🔻 A história pode se arrastar por vez ou outra

Ficha Técnica:

Lançamento: 23/03/2018
Desenvolvedora: AurumDust
Distribuidora: AurumDust
Plataformas: PC

Review – Antonblast

Rafael NeryRafael Nery02/12/2024
Enigma do Medo

Review – Enigma do Medo

Marco AntônioMarco Antônio02/12/2024

Review – Space Architect

Paulo AlmeidaPaulo Almeida24/11/2024