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Há quase um ano tive a oportunidade de testar Arcadegeddon em seu acesso antecipado e já naquela época o jogo se encontrava bastante sólido, então quando chegou o momento de finalmente colocar as mãos no produto final, eu não esperava grandes surpresas. A boa notícia é que o jogo está tendo lançamento simultâneo no pacote mais básico da PlayStation Plus, então se você é um assinante, corre lá na PlayStation Store porque ele já estará disponível no mesmo dia em que esta análise está sendo postada.

Por se tratar de um jogo com foco em multiplayer, o fato dele estar sendo distribuído “gratuitamente” para os assinantes da Plus é excelente, pois vai garantir servidores lotados e uma boa base de jogadores logo de cara (pelo menos por algumas semanas). Fall Guys está aí para provar que, para jogos estreantes, isso dá muito certo. Se você ainda não sabe qual é a de Arcadegeddon, chegou o momento de tirar todas as suas dúvidas.

Jogo dentro do jogo

Quem leu meu preview do acesso antecipado provavelmente notará muitas semelhanças entre os dois textos, mas infelizmente isso é inevitável, pois como já foi dito anteriormente, o jogo já estava bem redondinho naquela época. Em Arcadegeddon, você cria um boneco todo cartunizado e é jogado em uma cidade igualmente estilizada, banhada de cores fortes e bebendo da fonte de estéticas oitentistas bem específicas. Nossa missão aqui é ajudar o velho game designer Gilly a salvar seu lançamento mais recente, que por sinal também é seu projeto mais ambicioso: o Arcadegeddon, um jogo em realidade virtual que está sendo sabotado pela megacorporação que domina o território.

Nosso cafofo é bem maneiro

Apesar de ter essa historinha boba, o forte do jogo não é enredo, inclusive você provavelmente não vai dar a mínima para uma linha de diálogo sequer. Dentro da nossa base, onde equipamos nosso personagem e pegamos novas missões, você poderá interagir com diversos NPCs, sendo que cada um é líder de uma gangue local. Eles vão te passando algumas tarefas bobas para realizar dentro do Arcadegeddon e os devs se esforçaram muito para enfiar uma dúzia de caixinhas de textos em todas essas missões banais. Tudo bem que isso foi apenas uma tentativa desesperada de dar personalidade aos seus personagens, mas no final acabou não funcionando.

O jogo está parcialmente localizado em português. Parcialmente porque ainda tem muita coisa em inglês, especialmente os diálogos com os NPCs (que seria o que mais precisa de tradução, não é?); é bizarro porque em um momento você está lendo algo em pt-br e do nada volta para o inglês. Acredito que o jogo permanecerá dessa forma por um tempinho após o lançamento, porque até onde vi, ainda tem muita coisa para ser traduzida no produto final. Azar para nós, que nascemos brasileiros.

The Last of Us está diferente…

Lootear para sobreviver

Quanto ao jogo em si, imagine que é um Fortnite sem battle royale e com umas pitadas de roguelite. O Arcadegeddon possui diversas fases pré-definidas que sofrem leves alterações a cada partida, mas a estrutura é sempre a mesma. O que realmente muda é o posicionamento dos itens, que são sempre à base de loot. Seu objetivo é só matar tudo que vê pela frente e realizar algumas coisinhas simples no caminho, como capturar algum território, destruir alguma bola gigante brilhante e coisas do tipo.

Tirando a parte de construção, as mecânicas de combate lembram um pouco Fortnite, especialmente se tratando do tiroteio. O verdadeiro atrativo de Arcadegeddon está na variedade de armas, que é vasta! É quase como jogar um Ratchet & Clank, com um arsenal bem diversificado e algumas armas um tanto malucas. O problema aqui é que elas funcionam na base da aleatoriedade, então você nunca sabe o que vai tirar dos baús de loot e sempre precisará adaptar sua estratégia de acordo com o que encontrar. Conforme você vai ganhando o dinheiro do jogo, é possível comprar algumas armas de forma permanente, já podendo iniciar uma partida com elas em mãos.

Estou bonito?

Falando em dinheiro, também não podia faltar a parte dos cosméticos para embelezar seu boneco sem alma, então além dos tickets que você ganha jogando normalmente, também é possível comprar tudo com microtransações. A boa notícia é que ainda é possível fazer suas compras sem gastar um centavo sequer, mas isso vai exigir uma jogatina mais pesada, já que tudo com dinheiro do jogo custa mais caro, obviamente.

Arcadegeddon funciona à base de ciclos com dificuldade crescente. A sequência de fases é sempre a mesma e, conforme você avança, o jogo vai aumentando o poder dos inimigos e o valor do seu loot – mas também é possível pagar para já começar com tudo mais difícil, caso prefira. Você vai jogando até morrer ou desistir, sendo necessário começar tudo novamente quando decidir jogar de novo. Como eu disse, é um roguelite como qualquer outro, salvo o fato de que as fases não são tão aleatórias e seu personagem está evoluindo constantemente.

Assim como em um Kinder Ovo, você nunca sabe o que vai tirar dessas caixas

Sozinho ou em grupo?

O jogo funciona muito bem quando jogado sozinho, então quem preferir uma jornada solitária não terá problemas e certamente vai tirar bastante proveito. A questão é que o gameplay em si é muito repetitivo e não oferece tanta variedade para o jogador, sendo algo típico de títulos multiplayer, então quem for jogar sozinho com certeza vai enjoar mais rápido. Jogar com amigos é a solução para quebrar essa rotina – inclusive é essencial para enfrentar dificuldades maiores, pois no modo “singleplayer” você só tem uma vida; se cair, é morte instantânea, já que não terá ninguém para te levantar. Pois é, a vida é cruel com quem é antissocial.

Como joguei antes do lançamento oficial, não tive a oportunidade de conferir se os servidores estão dando conta do recado, então é a partir de hoje que tiraremos isso a limpo. Sendo um título gratuito da Plus, é fato que milhares de pessoas jogarão ao mesmo tempo, o que também torna esse o melhor momento para se jogar. Mesmo que ainda possa apresentar algumas dificuldades, é altamente recomendado jogar em grupo para tirar máximo proveito do que ele tem a oferecer.

Você pagaria para passar mais raiva?

Quanto ao restante do pacote, os gráficos são bem simplórios e não impressionam em nada; acabam nos ganhando pelo estilo, que apesar de simpático, também não é nada demais. O jogo roda direitinho em 60fps constantes, sem problemas de performance ou bugs pesados (tirando uma única vez que ele travou quando abri as configurações, mas como foi só uma vez, eu relevo). A trilha musical é toda composta por um dubstep frenético, mas acaba não chamando muita atenção, até mesmo para quem curte música eletrônica.

Arcadegeddon é clichê em tudo aquilo que oferece, mas no final consegue ser divertido. Por estar gratuito neste mês de julho, não existem desculpas para que os assinantes da PlayStation Plus deixem de testá-lo.  O verdadeiro mistério é por quanto tempo ele se manterá ativo, já que jogos assim tendem a cair no esquecimento bem rápido. Por esse motivo, aproveitem o calor do lançamento e joguem bastante em grupo enquanto podem!