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Aragami, cujo review original você lê aqui, foi um dos indies que nos surpreendeu em 2017. Um jogo de stealth em que você encarna um ninja assassino com o poder de controlar as sombras não poderia dar errado. Pelo contrário, deu tão certo que o jogo vendeu mais de 500 mil cópias até o momento. O gameplay criativo e o visual estiloso se complementam de forma única, criando uma experiência diferente da sua referência mais óbvia, Tenchu.

Shadow Edition, o pacote definitivo que inclui a expansão Nightfall e todo o conteúdo adicional já lançado, não é novidade. Na verdade foi lançado em junho de 2018 para PC, Xbox One e PlayStation 4. O motivo deste review é o lançamento para Switch, console que virou meu meio de perdão para jogos indies que não joguei até então. Ou que tenho no Steam mas não consegui jogar porque não dá pra levar o PC pro banheiro.

Controlando as sombras

Aragami é o nome dado no Japão para divindades poderosas, espíritos miraculosos que também podem ser impetuosos. Na trama, o espírito é convocado por Yamiko, uma mulher aprisionada na fortaleza da cidade sagrada de Kyuryu. Sua jornada ocorre por 13 capítulos em busca de talismãs para libertar os protagonistas das garras do exército da luz de Kaiho, podendo usar as sombras à seu favor para não ser visto.

Imagem do jogo Aragami: Shadow Edition
Aos poucos, Yamiko explica o motivo de ter convocado Aragami.

Sua habilidade inicial consiste em teletransportar livremente por áreas com sombra. Conforme progride pela campanha, ganha o suporte do corvo Kurosu e junta pergaminhos que conferem pontos de habilidade para destravar novas formas de manipular a escuridão: arremessar kunais, criar armadilhas ou até mesmo invocar uma criatura das sombras. O desafio encontra-se exatamente onde há luz, impedindo-o de usar tais habilidades exceto sua própria katana para atacar os soldados.

Estando na sombra, mesmo que agachado bem próximo do inimigo, é bem provável que ele não o avistará. Em termos de lógica e inteligência artificial seria o cúmulo isso acontecer (Hitman que o diga), mas Aragami foi concebido para ser assim. É como se cada fase fosse um grande tabuleiro, cujo os peões se movem em ciclos pré estabelecidos. Mesmo que você seja avistado ou crie uma distração com o barulho de sinos, após perderem você de vista eles voltam para seus ciclos. Ainda que pareça linear, o jogo permite traçar estratégias diferentes, seja ela furtiva ou não.

Mesmo que seja possível sair correndo que nem louco matando geral, este é um game que funciona melhor no modo stealth. Ele inclusive premia o jogador com recompensas por jogar assim, mostrando uma classificação e conquistas ao final de cada fase. E pra evitar que a fórmula seja sabotada por jogadores de pavio curto, os inimigos o matam com apenas um golpe que atinge até de longe, com um feixe de luz. Os checkpoints também são distantes, aumentando a sensação de “se eu fizer cagada agora, vou voltar um belo trecho da fase”.

Imagem do jogo Aragami: Shadow Edition
Melhor matar esse camper aqui antes que ele estrague meu progresso.

O gameplay funciona muito bem, mesmo que em certos momentos seja difícil mirar em um local permitido para saltar pela sombra. Você pode matar pelas costas, de frente ou caindo por cima. Ao ser avistado, rola um slow motion para você tentar se desvencilhar. Quanto ao nível de essência de sombra, ele é indicado na capa vermelha do protagonista via runas. Aragami possui suas habilidades passivas e ativas como também técnicas defensivas e ofensivas para destravar e aprimorar, como ficar invisível e cegar os inimigos.

Tal evolução ocorre de forma equilibrada com a dificuldade oferecida em cada fase. Não chega a ser um jogo difícil por conta deste equilíbrio, mas vale citar que há batalhas contra chefes que ocorrem na base da furtividade e dão um belo trabalho ao jogador.

E no Switch, como ficou?

O port de Switch, feito pela Stage Clear Studios, não deixa a desejar. Apesar de rolar algumas quedas de frames, o jogo roda liso em sua maior parte. Mesmo com o downgrade o visual continua belíssimo, criando contrastes incríveis onde há sombra e luz. Só acho uma pena certos bugs continuarem presentes nesta versão, como por exemplo soldados que somem de vista e voltam a aparecer do nada. Porém não duvido que sejam decisões técnicas em prol do desempenho no console.

Imagem do jogo Aragami: Shadow Edition
Bonito é pouco… No modo portátil do Switch o visual fica impecável.

A campanha dura um pouco mais de 6 horas, caso jogar sem se preocupar com os colecionáveis ou atingir o melhor desempenho por fase (rank S). Terminada a campanha temos a expansão Nightfall com co-op online, que permite conexão com jogadores de PC e Xbox One. A história antecede os eventos principais, introduz os protagonistas Hyo e Shinobu e, apesar de curto, diverte o suficiente. Quanto ao conteúdo adicional, temos várias skins para personalizar o protagonista com roupas e máscaras.

Aragami: Shadow Edition é mais do que recomendado. Trata-se de uma experiência bastante prazerosa, que oferece bons desafios e um visual ímpar alinhado em harmonia com a bela trilha sonora e a ambientação no Japão Feudal. Fico feliz que tal obra tenha sido adicionada à biblioteca cada vez maior e melhor do Switch. E que venha uma continuação em breve!