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A Pixel Story foi originalmente lançado para PC (Steam) em 2015, mas somente em fevereiro deste ano chegou aos consoles (Xbox One e PS4). E foi assim que fiquei sabendo deste game indie da Lamplight Studios. Se você está lendo esta análise, é porque também não sabia da existência deste jogo ou ficou curioso para saber a minha opinião. Então bora lá destrinchar esse game pixel por pixel.

Um boné mágico

A Pixel Story possui uma história simples, mas elegante: você nasce de uma bola de Pong e precisa explorar quatro gerações gráficas para salvar o sistema de um vilão chamado The Operator. O protagonista é uma espécie de clone careca do Mario, com um boné vermelho que lhe concede o poder do teleporte. Pode soar como uma mecânica simples, mas o game surpreende justamente neste aspecto. O boné pode ser deixado em um local enquanto você caminha adiante e, ao cair nos espinhos, pode se salvar no último segundo teleportando de volta ao boné. O mesmo pode ser feito para impulsionar um pulo, por exemplo. Você deixa o boné mais ao alto, pula executando o teleporte e aproveita o impulso para ir mais alto à partir daquele ponto. Estes são apenas dois exemplos do uso da mecânica de teleporte, que funciona perfeitamente.

Nas palavras dos produtores, o jogo celebra a história dos videogames. A jornada começa em um mundo 8-bit, que vai evoluindo e ganhando mais detalhes conforme você avança por seis zonas distintas. Formas quadradas são arredondadas, novas texturas são inseridas, mas o “core” do jogo continua o mesmo. Os objetivos variam desde coletar moedas, para abrir portas, a coletar itens em missões oferecidas por NPCs, sempre vencendo os puzzles na base do raciocínio e velocidade.

Este é um dos primeiros puzzles em que você usa o teleporte a cada segundo.

Punish him!

É comum do gênero de plataforma o desafio ser alto, pra colocar as habilidades do jogador à prova. Porém A Pixel Story extrapola tanto na dificuldade que chega a oferecer uma experiência mais frustrante do que satisfatória. Não é super difícil desde o início, mas a dificuldade cresce muito rápido em pouco tempo. As primeiras portas que você destrava com as moedas já são o suficiente para sentir o teor da dificuldade. Elas funcionam como fases bônus e não são obrigatórias para avançar na campanha. Mas depois de morrer trocentas vezes, passei a ignorá-las completamente.

Já os puzzles do cenário principal não podem ser ignorados. Você tem que descobrir como solucionar cada um na base da tentativa e erro. A última vez que senti esse nível de punição foi ao jogar 1001 Spikes. A Pixel Story pelo menos oferece meios de corrigir seus erros usando o teleporte, já que nem sempre o checkpoint está por perto. Ao morrer, você volta instantaneamente ao checkpoint para não perder o ritmo. E isso vou acontecer muitas e muitas vezes, por mais habilidoso que você seja.

Aqui a regra é deixar o boné pra trás pra pegar carona na próxima plataforma.

Vale citar que o jogo não possui inimigos ou chefes e tudo que você precisa fazer é pular, interagir com o cenário (alavancas, trampolins, etc.) e teleportar. Somente ao chegar à quarta geração você ganha a habilidade de atacar. Sobre os puzzles, a maioria deles requer uma chave para ativar mecanismos ou abrir passagens. Ao concluir certos puzzles você adquire memórias, representadas por diamantes coloridos. Cada zona possui 10 diamantes pra coletar e, acredite, não consegui completar nenhum.

Quatro gerações, várias referências

O lance de passar por quatro gerações gráficas é genial, mas desperdiçado pela simplicidade da arte escolhida para o game. O início até possui um certo charme, lembrando o pixel art de Fez, por exemplo. Mas em pouco tempo esse charme some e fica tudo monótomo e repetitivo demais. Pra quebrar a monotonia temos os NPCs, que dão detalhes sobre a trama e fazem boas piadas, além de prestarem homenagem à outros games famosos. Tem até piada com o Batman e o Alfred!

A cada geração gráfica, o visual do jogo muda completamente.

A Pixel Story é um bom game cujo as ideias são muito bem executadas. A jogabilidade é bastante precisa no controle, cada puzzle apresenta um desafio único e há muito o que explorar durante a campanha. Apenas tenha em mente que este é um jogo naturalmente difícil. Tem que ter muita paciência para terminá-lo, ainda mais se o seu objetivo for um troféu de platina ou 1000 de gamerscore. Se for realmente encarar este desafio, lhe desejo boa sorte e talvez um controle extra.

Review – Liberté

Rafael NeryRafael Nery09/12/2024