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A franquia Total War é, sem dúvidas, uma das maiores do gênero de estratégia. Contando com títulos icônicos – como Total War: Rome, Total War: Medieval 2, Total War: Shogun 2, entre outros –, assumir o controle total de unidades completas no campo de batalha agradava tanto os interessados por história quanto os amantes de táticas de guerra. Entretanto, em vez de seguir acontecimentos passados, e se todos os elementos da série fossem utilizados para retratar um cenário fantasioso? A ideia parece fora do escopo, mas foi o que, em 2016, proporcionou a criação de Total War: Warhammer, que logo se tornara um dos melhores jogos, tanto de estratégia quanto sobre o universo Warhammer, já feitos.

O que era um título fora do padrão da franquia se tornou uma das séries mais aclamadas da mesma. Em 2017, Total War: Warhammer II expandiu ainda mais o universo, trazendo, além disso, melhorias pontuais que agradaram ainda mais os jogadores. Agora, em 2022, Total War: Warhammer III pretende fazer jus ao legado da série, mostrando uma nova história, adicionando facções novas e, como sempre, evoluindo a jogabilidade. 

Durante 8 horas, pude jogar com duas facções do mais novo jogo da Creative Assembly. A experiência e as novidades estão relatadas no texto abaixo, mas já adianto que, ao final do evento, eu queria mais algumas horas extras para testar diferentes fórmulas e, assim, chegar aos 50 turnos com um exército invencível.

O Retorno do Rei

Para esse terceiro título, a Creative Assembly optou por uma narrativa diferente. Toda a trama se desenrola com a suposta morte de Ursun, o Deus da facção Kislev. A morte de um Deus é um evento que mexe com o universo de Warhammer, e toda facção reage de maneiras diferentes. O que não muda, porém, é que todas se lançam em uma luta no Reino dos mortais até chegarem ao Reino do caos.

Dentro da build de acesso, consegui notar a presença de 8 facções, mas só tive acesso a duas delas: os Cathay e os Daemons of Chaos. Falarei sobre elas mais adiante, mas já adianto que, das 8 facções, 2 delas são humanas – Kislev e Cathay – e 4 representam os deuses do caos – Nurgle, Khorne, Slaanesh e Tzeentch. As outras duas são relativas aos ogros e aos Daemons do Caos unidos sob uma única bandeira.

O reino dos ogros não estava disponível

A novidade fica, porém, com as duas facções jogáveis, juntamente com os ogros. Os ogros, aliás, já estavam presentes antes na franquia, mas não com o destaque que, aparentemente, receberão agora. Dentro do que foi mostrado, é possível notar as mecânicas únicas pensadas exclusivamente para Total War: Warhammer III.

A fúria do dragão Cathay

Para as novidades do terceiro título da franquia, muitos fãs aguardavam ansiosamente detalhes sobre a facção Cathay. Com quase nenhum detalhamento nos outros jogos, os Cathay são claramente inspirados na China, contando com unidades e equipamentos similares aos utilizados nos períodos mais antigos da história do país asiático. Os Cathay contam até mesmo com uma muralha similar à Grande Muralha da China

Dentro do universo Warhammer, há, no império Cathay, uma disputa interna pelo poder. Miao Ying, descrita uma governante fria e calculista, e Zhao Ming, apresentado como alguém sociável, mas possivelmente corrompido, são os protagonistas dessa facção. Durante o evento, pude testar apenas Miao Ying, que se mostrou um personagem forte tanto dentro quanto fora do campo de batalha.   

Os membros da mais alta hierarquia Cathay são capazes de se transformar em dragões. Tal habilidade, além de ter um visual legal, garante uma força extra no campo de batalha. Miao Ying pode se transformar em um dragão e aterrorizar as tropas inimigas com facilidade, além de utilizar outras habilidades adquiridas conforme o jogo progride. 

As exclusividades da facção estão nas mecânicas de harmonia, bastião e caravana. Começando pela harmonia, cada unidade e edifício corresponde a um elemento do Yin e Yang. A complexidade dessa mecânica corresponde em equilibrar as duas contagens, pois, caso uma fique maior que a outra, você poderá sofrer duras desvantagens. A harmonia também conta na hora da guerra, onde as tropas lutam melhor caso exista um equilíbrio entre a disposição das mesmas no campo de batalha.

Cuidado com o dragão!

O bastião, por sua vez, é o que mantém as criaturas do caos fora dos domínios Cathay. Ele possui uma barra, onde, ao chegar no nível máximo, as forças do caos fazem um cerco à mesma. Nos primeiros ataques, consegui vencer os demônios com facilidade, mas, a cada cerco novo, as forças do caos voltam mais poderosas, então não é uma boa ideia deixar a barra subir sem controle.

Por último, as caravanas recompensam o jogador com quantias de ouro conforme a distância viajada. O funcionamento das mesmas me lembra o jogo Vagrus – The Riven Realms, onde a viagem funciona como se fosse um tabuleiro, passando por caminhos pré-determinados. A periculosidade da jornada depende das relações diplomáticas e da força de segurança que acompanhará os mercadores. Caso a caravana seja emboscada, você poderá participar da batalha controlando as tropas normalmente, tal qual acontece na campanha. As recompensas aumentam conforme a distância e a quantidade de ouro carregada.

União Daemon

Em Warhammer, os daemons não são unidos. Khorne, Nurgle, Slaanesh e Tzeentch são, em suma, exércitos que servem a uma única divindade. Entretanto, os Daemons of Chaos desconhecem tal divisão, compondo um exército heterogêneo e, até o momento, único na franquia.

Os Daemons of Chaos podem contar com as forças dos outros 4 deuses do caos. A disposição das tropas segue o que cada divindade tem de melhor. Tzeentch, por exemplo, oferece as melhores unidades de disparo à distância do jogo, imprescindíveis para destruir os inimigos com projéteis forjados pelo arquiteto do destino.

Mas o grande protagonista da facção é o Príncipe Daemon. O Demônio gigantesco é capaz de aterrorizar os inimigos de várias maneiras diferentes. Assim como os lordes e os personagens principais, o príncipe é customizável, só que essa customização é intensificada. Desse modo, se você quiser controlar um demônio mais resistente, que absorve boa parte dos ataques inimigos, é possível torná-lo um tank facilmente, mas se você quiser um personagem que dê mais dano, seja no combate corpo a corpo ou à distância, também dá para modificá-lo a fim de atender as necessidades da campanha.

Faça o Príncipe Daemon do seu jeito

A mistura é o que torna os Daemons of Chaos uma potência a ser reconhecida. A cada vitória, você deve escolher para que divindade dedicar o triunfo. Cada um desses deuses garante uma árvore tecnológica de bônus diferentes, então caberá a você decidir o que é melhor para os objetivos da campanha e para o estilo de jogo escolhido. Se você ficar indeciso, oferecer a vitória a todos os deuses também é uma opção – mesmo que não tenha a efetividade completa.

Imagino que essa será a escolha de quem ama as criaturas do caos, mas é incapaz de decidir qual utilizar durante uma campanha completa. Claro que, dependendo do jogador, alguma facção será mais utilizada que a outra, porém a mera possibilidade de criar exércitos mistos é tentadora demais.

Considerações finais

Claro que, pelo pouco tempo de acesso, não dá para fazer uma análise completa sobre Total War: Warhammer III. Todavia, as mecânicas apresentadas mostram que novidades estão a caminho, mas sem desviar do que torna essa série tão querida pelos fãs.

Não pude jogar com os ogros nessa build, mas eles, juntamente com os Cathay, são uma das facções mais aguardadas. O estilo de jogo dos mesmos deve ser mais lento, porém com ataques devastadores que honrem a fama dos brutamontes de Warhammer. Pude jogar contra alguns exércitos dessa facção durante a campanha, e vi que, além dos lutadores lentos e fortes, os ogros contam com opções um pouco mais móveis para dar trabalho aos jogadores.

Tropas mais ágeis podem te flanquear rapidamente

Uma novidade não relacionada à campanha é o modo multiplayer. Diferentemente dos outros títulos, Total War: Warhammer III permitirá que até 8 jogadores façam os turnos simultaneamente. Isso elimina a necessidade de esperar aquele jogador mais lento terminar a jogada para dar vez ao próximo – uma inconveniência muito comum na franquia.

Mesmo provando este pequeno aperitivo, Total War: Warhammer III parece ter feito seu dever de casa. As duas facções jogáveis mostram diferenças e peculiaridades que, provavelmente, agradarão simultaneamente aos fãs de Warhammer e Total War. O sucesso dos dois títulos anteriores da série coloca o sarrafo lá no alto, mas creio que esse continua sendo a fusão de Warhammer e Total War que os fãs merecem.