The Bradwell Conspiracy apresenta o charmoso museu Bradwell. Sua estrutura tem um visual moderno, mas dá espaço para obras retrô que mostram a evolução tecnológica que a empresa alcançou ao longo dos anos. Tudo fica ainda melhor graças à localização do prédio ao lado do misterioso monumento Stonehenge. O acervo inclui livros, peças artesanais históricas, os mais diversos equipamentos eletrônicos e registros de como a empresa revolucionou a tecnologia para trazer melhorias ao redor do mundo.
Com a descoberta de uma nova tecnologia, talvez será possível transformar a água suja em água limpa e isso poderá ser um marco histórico para o mundo, portanto é preciso celebrar a iniciativa! Para isso, o museu preparou um evento convidando muitos artistas, empresários e entre muitos outros interessados em conhecer os detalhes desta novidade, com até representantes do estado de São Paulo. Mas em meio a celebração aconteceu uma explosão, todos os convidados e funcionários foram evacuados. O que o resgate não sabe: ainda há pessoas dentro do estabelecimento.
Fazendo um tour antes que tudo desabe
The Bradwell Conspiracy é um jogo em primeira pessoa com grande foco narrativo e cheio de quebra-cabeças para solucionar. O título está sendo desenvolvido pela A Brave Plan e conta com uma equipe que inclui diversos veteranos de títulos AAA como: Rebecca LaChance e Abubakar Salim (de Assassin’s Creed Origins), músicas compostas por Austin Wintory (de Journey, ABZU, Assassin’s Creed Syndicate), entre muitos outros que ajudam a criar essa experiência de confinamento.
O belo visual ganha um cenário desolado, quebrado e sujo. Os diversos painéis eletrônicos que antes tinham belas transições de imagens, agora piscam com informações completamente borradas. Grande parte do acervo não resistiu ao impacto e estão destruídos, espalhados pelo chão que está coberto de pedaços do teto e de pilares metálicos. Você acorda atordoado e um pouco confuso, ao passo que o Guia do seu óculos inteligente faz uma verificação do local e recomenda fortemente a sua saída dali. O acessório tentará uma comunicação de segurança, mas não obtém sucesso.
Os óculos inteligentes fazem parte da tecnologia produzida pela empresa e é oferecido a todos que visitam o local. Ele é capaz de se comunicar com o sistema on-line do prédio e do mundo afora para trazer informações para o usuário sobre todo o acervo e também sobre os locais deste edifício. O equipamento de The Bradwell Conspiracy também pode verificar o estado da sua saúde, e é ele quem determinará sua incapacidade para falar devido a inalação de fumaça que afetou sua laringe, um sintoma tão grave que pode te deixar completamente mudo.
Explorando este cenário destruído, você percebe que as consequências da explosão ainda não tiveram fim e sentirá alguns tremores que lhe deixarão alerta e ansioso para encontrar uma saída ou um local seguro. Curiosamente, a imensa janela que dá vista ao monumento Stonehenge permaneceu intacta, e por ela também é possível perceber que não há movimentação próxima ao museu, mesmo que nossos ouvidos possam escutar os sons de helicópteros sobrevoando o local.
Sem a ajuda externa, você terá que encontrar a saída e esse é, claramente, o objetivo principal do jogo. Mas o prédio de The Bradwell Conspiracy parece ter sido construído sem planejamento para saídas de segurança, já que quase todas as portas dependem de um sinal remoto para abrirem e grande parte desta energia está offline, pra piorar os óculos de visitante não possui permissões para abrir alguns locais.
Logo você descobre que não está sozinho. Ok, é um pouco triste ver que mais uma pessoa está presa e corre risco de vida, mas é também um alívio, pois aparentemente ela tem um pouco mais de conhecimento do prédio e acesso a outras salas, podendo assim ajudá-lo nesta jornada para a liberdade. A Doutora Amber está a um portão de distância, mas mesmo sem poder alcançá-la, poderá ouvi-la graças ao óculos que se conecta com usuários próximos para trocar fotos, chat de voz, entre outras funcionalidades. Desta forma, seus óculos serão sua nova voz.
Criando um álbum de fotos nada memorável
Com a ajuda do Guia e de Amber (não, não é a Rachel Amber desaparecida de Life is Strange), você encontrará atalhos que talvez possam salvá-los. Mas não se engane, o caminho não é nada simples, na verdade, é absurdamente profundo e mostrará muito mais sobre o processo construtivo desta empresa, que inclui até mesmo tecnologias que ainda não foram divulgadas para o mundo.
Uma destas criações é o equipamento que age como uma impressora 3D portátil, que será utilizada para resolver os mais diversos puzzles das salas, onde será necessário criar objetos a partir dos diagramas fornecidos pela doutora com substâncias específicas que estão espalhadas pelo cenário.
Com os acessórios e a ajuda da Dra. Amber, The Bradwell Conspiracy passa a sensação de que estamos seguindo um passo a passo. Amber e o Guia encontram pontos em que podemos interagir e que possivelmente podem ajudar na solução dos puzzles, e com as fotos que você envia, a doutora poderá acompanhar o seu progresso, enquanto com a impressora solucionamos os problemas. Parece simples, mas às vezes pode ser um tanto complicado, difícil e trabalhoso.
Estar trancado em um local prestes a desabar já é ruim, mas pode ser ainda mais complicado quando a falta de sensibilidade toma conta da gentil doutora. Geralmente ela responde bem sobre as fotos enviadas, mas algumas vezes ela pode ser rude, dando a impressão de que não dá a mínima para você. Pra piorar, é necessário mirar corretamente no objetivo, pois qualquer ângulo errado impedirá a progressão e isso pode te fazer perambular pelo enorme cenário tirando fotos e mais fotos até saber o que é que a mulher quer. Esses momentos fazem com que a sua preocupação com o problema inicial (o desabamento) aos poucos seja esquecido, e vocês já nem sabe se deve mais se preocupar com a estrutura, que nem range depois de um tempo.
Em The Bradwell Conspiracy, o seu personagem também possui limitações físicas e é incapaz de pular. Isso faz parte da mecânica, mas é um tanto estranho ficar preso em situações em que um simples pulo poderia resolver a questão. Ao invés disso, precisamos tirar fotos de objetos (que você sabe para que servem) só para que a personagem do outro lado diga “ok, você pode usar essas tábuas como ponte”. Jura? Em alguns momentos, foi preciso reiniciar o jogo, só porque caí por acidente em locais em que todos os lados estão obstruídos, sendo impossível pular objetos como uma pequena caixa de ferramentas.
Aos poucos, um outro problema surge e isso incentivará você a continuar explorando as profundezas deste lugar, além de, é claro, encontrar a saída. As legendas em português auxiliam na compreensão da história, que é sem dúvidas bem roteirizada e mantém o clima misterioso, te deixando sempre instigado a descobrir o que está acontecendo e o que desencadeou a explosão. A música mantém o ambiente desolado, podendo ser até sufocante em alguns momentos. Já a dublagem é tão bem produzida que você vai desejar ter a voz do Guia no assistente do smartphone.
Passar esse tempo no museu de The Bradwell Conspiracy será como no filme Uma Noite no Museu: os objetos parecem ganhar vida, mesmo que aqui sejam para estremecer e cair pelos cantos. Encontrar o caminho para a liberdade é no mínimo curioso e também trabalhoso, mas não exigirá muito do seu tempo, pois é possível concluir a história com algumas horas de jogo. Até que o lançamento chegue oficialmente, podemos torcer por algumas melhorias, como na mira. Ainda assim, vale a pena conhecer essa narrativa e é impossível não querer saber mais sobre a iniciativa Água Limpa.