Os clássicos jogos de “navinha” dos arcades parecem ter ganho um sopro de juventude com Nova Drift. Desenvolvido pela Chimeric e distribuído pela Pixeljam, o game que está em acesso antecipado na Steam apresenta uma jogabilidade modernizada para os clássicos space shooters, além de pegar algumas mecânicas de outros jogos que não são necessariamente do mesmo gênero pra fazer aquela mistura de boas influências. Será que deu certo?
Vamos do começo: o jogo não é fácil. A jogabilidade totalmente fora do lugar comum traz uma estranheza inicial que é até um pouquinho difícil de vencer, de forma nem um pouco intuitiva. Mas não é impossível. A movimentação da sua nave não se dá de forma imediatamente natural, seja pelo direcional do controle, teclado ou mouse, que são as formas que Nova Drift permite que você jogue.
Com o direcional, você aponta a direção da sua nave e também sua mira, e com outro botão se acelera pra frente, na direção em que a nave estiver apontada. Virar durante uma aceleração fará com que perca o controle e/ou deslize pela tela (drift, sacou?). Ah, claro: ainda temos um botão pra atirar, que particularmente não soltei momento algum.
Olha as ondas
Quanto à forma como progredimos, o jogo separa as fases por waves, tal qual um tower defense ou survival, sendo que algumas possuem chefes bem mais difíceis de se matar e cujos tiros são ainda mais complicados de se esquivar. Passando as waves, o jogador vai recebendo upgrades pra nave, podendo customizá-la de acordo com seu estilo, melhorar ou mudar suas armas, adicionar escudo, alterar velocidade, criar drones pra te acompanhar, regeneração de vida, etc.
O jogo apresenta 120 upgrades que vão sendo desbloqueados conforme o avanço. E, novamente, outro aspecto que virou modinha entre os indies: o fator roguelike. Morrer vai te fazer voltar do zero, sem qualquer dos power-ups adquiridos. De fato, só se vive uma vez.
O charme vintage fica aparente na primeira vez que você falha / morre. É estabelecido um recorde e você coloca as 3 letras lá pra mostrar pra todo mundo quem é que manda. Geralmente as pessoas colocam suas iniciais (menos eu que me chamo Ian e cabe certinho), e esse sentimento de desafio é um belo tempero pra esse tipo de jogo. Se tiver com quem disputar, certamente a rivalidade vai gerar uma disputa acirrada.
Universo frio e sem vida? Aqui não queridinha!
Falando mecanicamente do jogo, ele é bem bonito, bem bonito mesmo. Não tem essa de universo preto e sem vida. O plano de fundo apresenta planetas, estrelas e tudo mais, mas sem adicionar elementos demais pra não te distrair, tudo na medida. Senti um pouco de falta de uma imersão sonora, pois a trilha é tão baixinha e sem personalidade que eu até esqueci que ela estava lá. Inclusive, o próprio jogo te oferece a opção de removê-la completamente.
Nova Drift não oferece muitas opções de customização de gráficos, mas acredito que o jogo entende a capacidade de cada máquina e se adeque para rodar da melhor forma possível. As configurações recomendadas são baixíssimas e o jogo deve rodar relativamente bem até num laptop meia boca. Eu utilizo um monitor 21:9 e o jogo de forma automática se ajustou à resolução ultrawide sem qualquer distorção de imagem – só não me permitiu jogar num 16:9 padrão, caso quisesse.
Por fim, o jogo possui um modo de treino, no qual você toma menos dano e aparecem menos inimigos na tela, mas que não permite que desbloqueie conquistas nem some pontos para o ranking. Além do mais, durante a jogatina, o jogo crashou duas vezes comigo, fechando do nada. Felizmente, isso nunca ocorreu durante o gameplay em si, apenas nas transições de menus.
Reinventando um estilo
Reinventar um estilo tão clássico sem dúvidas é um desafio, as chances de cair na mesmice ou falhar miseravelmente são grandes. Felizmente Nova Drift não comete nenhum desses pecados, e é bonito, inovador e difícil sem necessariamente ser aquele bullet hell impossível.
Talvez a maior dificuldade seja a curva de aprendizado, que não é uma barreira fácil de se cruzar, mas o sentimento de bater seu próprio recorde (ou de um amigo) e botar seu nome no ranking é de uma nostalgia que só quem viveu em fliperamas vai entender 100%. A quem interessar, o jogo está prometido pra ser lançado de forma definitiva no início de 2020, e por enquanto é uma incógnita se sairá para consoles ou apenas para PC.