Qualquer um que permeie no mundo dos RPGs e jogos de aventura já se imaginou com poderes que beiravam a divindade. Habilidades elementais descomunais, correr incessantemente, poder cruzar os céus e até mesmo a superfície das águas. Se este for o seu caso, Forspoken pode ser a resposta que busca.
Transportada de Nova York para a terra mística de Athia, Alfre Holland, também conhecida como Frey, se vê presa dentro de uma joia senciente, o poderoso artefato conhecido apenas por “algema”. Juntos a dupla irá lutar contra a estranha praga que assola a região e irão conhecer suas poderosas e outrora bondosas matriarcas.
Um novo mundo, uma velha história
Forspoken, o novo action-adventure da Square Enix está mais próximo do que esperávamos e finalmente recebemos uma demo pós-TGA 2022. Um jogo que dividiu águas entre pessoas capazes de aceitar diversidade em jogos e aqueles que ainda acreditam que qualquer protagonista que não seja um homem branco é igual a lacração.
Com muito estilo e uma direção de arte rebuscada e cheia de brilho, Forspoken traz a história de uma terra maculada por uma estranha praga chamada de Ruptura. Esse estranho evento corrompe tanto homens, quanto criaturas deste mundo, transformando-os em feras e monstros violentos.
O mundo de Athia vivia em paz até a chegada desta maldição e suas matriarcas reinavam e mantinham a paz pelo território, no entanto, como um câncer dentro de um corpo sadio, a Ruptura conseguiu corromper até mesmo as então benevolentes matriarcas e agora resta a Frey e Algema a missão de limparem Athia deste mal.
Frey misteriosamente é imune aos efeitos dela, o que a torna a candidata e campeã perfeita para o povo de Athia, que se vê abandonado e encurralado, tanto pelas criaturas quanto pelas matriarcas. Usando poderosos mantos, colares e sigilos em suas unhas, a heroína usará o poder dos elementos para limpar a ameaça.
Começando pela metade
A demo de Forspoken coloca o jogador em uma parte razoavelmente adiantada na história. Ali, Frey já possui vários sigilos para suas unhas, diferentes colares e mantos, além de muitos itens para upgrades dos mesmos. O que facilita bastante, com a demo sendo mais um teste de gameplay do que algo que aprofunde a narrativa em si.
Neste cenário temos acesso a uma grande porção do mapa a ser explorada, objetivos a serem cumpridos e vários objetivos secundários que podem ser feitos antes dos objetivos principais da demo. Você pode, por exemplo, tirar fotos de paisagens do lugar, lutar contra hordas de inimigos, adquirir novos itens e upgrades e até mesmo fazer amizade com um familiar felino.
Você também pode encontrar vários baús que possuem materiais necessários para aumentar o nível dos itens e criar novas unhas. Dentro do que experimentei nesta demonstração, acabei encontrando uma capa diferente, um colar e um novo conjunto de pintura de unhas para a personagem.
Cada manto, colar e conjunto de unhas aumenta diferentes atributos como pontos de vida, tipos de magia específicos e alguns permitem até mesmo a adição de efeitos extras. Usando os materiais de upgrade e criação você pode pagar por estes efeitos extras: alguns são voltados à movimentação, recuperação de vida, aumento de dano e recuperação de certas magias, criando combinações poderosas.
Movimentando-se rápida e ferozmente
Usando as habilidades mágicas que a Algema a concede, Frey consegue usar poderosas magias, cada qual ligada a uma das Theias. Na demo temos acesso as magias da própria Frey, voltada para o elemento de terra e plantas, além de, as magias violentas e agressivas de fogo da Theia Sila, a mais cruel delas.
Com suas magias de terra e plantas, ela consegue manter controle de multidões de inimigos, criando plantas que atacam automaticamente, armadilhas de vinhas e até mesmo um largo chicote que lança seus inimigos para longe. Tudo enquanto cria projeteis de terra com suas mãos, alguns agindo como metralhadoras, escopetas ou fuzis de precisão e até mesmo escudos que podem ser lançados.
Já as magias de fogo de Sila criam uma lâmina etérea nas mãos de Frey, que também pode ser convertida para lanças que podem ser jogadas na direção dos oponentes ou cravadas no chão, explodindo em todas as direções! Também podem turbinar socos e chutes de Frey, criar enormes paredes de chamas e lâminas flutuantes que atacam os inimigos enquanto Frey se concentra.
Caso não queira lutar, Frey pode concentrar a magia em seus pés e correr a velocidades vertiginosas, sempre dando impulsos com magia extra do seu medidor de escudo e stamina. Enquanto corre, Frey pode fazer parkour e lançar um gancho em determinadas pedras brilhantes para se alçar mais alto ou ganhar mais impulso, além de puxar inimigos para perto durante combates quando aprendemos novas magias.
Uma proposta arrojada
Com habilidades que beiram o divino, nada mais condizente do que incorporar o divino no mundo de Athia e suas personagens. Frey mistura um visual fantástico ao urbano, usando seus mantos, colares e sigilos mágicos, unidos a uma vestimenta mais urbana, com camisa, calça jeans e um par de sneakers brancos.
Já as Theias se mostra verdadeiras divindades, tanto em presença, quanto em poder. Acredito que ao decorrer do jogo, Frey irá ajudá-las a se livrarem da corrupção da Ruptura, que tornou as benevolentes matriarcas em lideres cruéis. Mostrando o quão poderosa e aterradora é a anomalia chamada de Ruptura, para chegar neste ponto.
Visualmente as Theias se aparentam a divindades do nosso próprio mundo, revelando o quão importante e benevolentes elas são, mesmo que agora tenham sido corrompidas pela Ruptura. Prav representa a justiça, que quando corrompida, não discrimina inocente de culpado e pune todos aqueles em seu caminho, enquanto Sila usa as chamas que antes acalentavam o seu povo para incendiar quem a contrariar.
Diferentemente de Frey no entanto, as Theias incorporam um visual que funde o divino com alta moda. Prav se assemelha a Nossa Senhora, um longo manto azul com rebuscados dourados e um par de algemas sela seus pulsos, semelhantes a posição de orar. Já Sila se assemelha visualmente a Iansã, usando lindas roupas vermelhas, um adorno que oculta sua face, misturando o dourado ao vermelho de seu vestido, simulando as poderosas chamas que pode criar.
Um novo leque de cores se abre
Inicialmente Forspoken foi recebido de braços abertos, mas recentemente vem rolando uma divisão entre aqueles que acreditam que o projeto seja apenas “Lacração: O Jogo” e aqueles que realmente estão vendo uma obra cheia de novidades chegando para jogadores entusiasmados.
No começo o backlash se deu por conta de Ella Balisnka ter feito a terrível adaptação de Resident Evil pela Netflix. Mas agora estamos tendo cada vez mais comentários minando o jogo pela sua forte narrativa feminina e de pessoas da raça negra constituírem grande parte do elenco príncipal.
Eu afirmo que Forspoken é uma experiência mais do que bem-vinda pela Square Enix, tanto pela sua excelente composição visual, étnica e de gênero. Uma fantástica aventura pelo mundo de Athia espera inúmeros jogadores veteranos quanto novatos para explorar um novo mundo fantástico e deslumbrante cheio de adversidades e belas histórias para serem contadas.
A demo foi um excelente aperitivo que me deixou com vontade de experimentar o requintado “jantar” completo da experiência de Forspoken. Para aqueles que desejam no entanto apenas reclamar sem ter experimentado ou tentado mergulhar de cabeça na experiência, que se isolem em sua ignorância uma vez mais.
