Por essa ninguém esperava: Nintendo envolvida em um escândalo de assédio sexual, e discriminação de gênero. Os casos aconteceram na divisão norte-americana da empresa e foram relatados em uma extensa reportagem no site Kotaku. Foram apurados vários relatos de funcionários do setor de testagem de jogos, que sofreram abusos diversos durante anos nos corredores do escritório de Redmond. Uma das marcas mais amadas da indústria agora passa por um momento delicado.
Segundo a declaração de cerca de dez funcionários e ex-funcionários, prepondera uma “cultura corporativa onde o comportamento sexista era comum, e muito pouca ação foi tomada para lidar com isso”. A maioria dos entrevistados escolheu manter o anonimato para não arriscar suas carreiras no setor. Entretanto, foi apontado que é extremamente complicado para funcionárias mulheres subirem no ranking da empresa, inclusive recebendo salários menores que funcionários homens com a mesma função.
O que está acontecendo na Nintendo?
O problema seria agravado pelo abismo entre funcionários de tempo integral da Nintendo e contratados por tempo determinado. Alguns dos primeiros seriam responsáveis por assédio sexual, abusos de hierarquia e comportamento inadequado em relação aos segundos, sem que fosse tomada qualquer providência para mitigar o problema. Melvin Forrest, diretor do departamento de teste, encabeçaria a lista de reclamações, sendo alvo de múltiplas acusações de assédio. As testadoras chegavam a evitar se aproximar de sua mesa.
Relatos desse tipo estão aflorando na indústria, na medida em que mais e mais profissionais estão se sentindo seguros para denunciar seus empregadores. O vento da mudança parece estar soprando, já passou pela Activision Blizzard, pela Ubisoft e agora está indo para a Nintendo. Após a publicação da reportagem, Doug Bowser, presidente da Nintendo América, declarou que a produtora tem “tolerância zero para conduta inadequada, incluindo assédio, discriminação ou intimidação”. Entretanto, a empresa não anunciou nenhum tipo de atitude para investigar ou punir as infrações cometidas em seu escritório.