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No início de janeiro a Ministra dos Esportes deu uma declaração que se tornou polêmica entre personalidades do Brasil inteiro. Segundo Ana Moser, os eSports ou esportes eletrônicos fazem parte da indústria do entretenimento e não dos esportes não devendo, portanto, receber aportes financeiros do governo. A fala, é claro, causou controvérsia. Afinal, os eSports devem ou não ser considerado esportes?

Um dos argumentos utilizados por Ana Moser para justificar sua fala pode ser derrubado facilmente. Segundo ela os eSports se trataria de entretenimento pois seus treinamentos poderiam ser encarados da mesma maneira que a cantora Ivete Sangalo treina para os seus shows. Não é por aí. Em shows de entretenimento não está ocorrendo uma competição entre equipes. Os atletas de eSports treinam diariamente para competir nacionalmente e internacionalmente, em busca de conquistas e troféus.

Outra questão argumentada por ela seria a de que os jogos eletrônicos não são imprevisíveis e são desenhados por uma programação digital. Este seria outro argumento fraco uma vez que embora os jogos possuam programação os jogadores influenciam diretamente com suas ações no resultado do jogo.

O fato é que não é só a comunidade de atletas de eSports que enxerga sua indústria como uma nova modalidade de esportes. Se você por exemplo é um amante das apostas esportivas, as melhores casas de apostas disponibilizam a categoria de eSports para você apostar no resultado das partidas, demonstrando encarar também os eSports como um esporte, como deve ser.

Outra prova do quanto os eSports têm sido encarados como uma nova modalidade esportiva tem sido a adesão dos tradicionais clubes de futebol aos esportes eletrônicos. Clubes gigantes nacionais como Flamengo e Corinthians foram alguns dos primeiros a aderir. Entretanto engana-se quem acha que isso ocorreu só no Brasil. Paris Saint German, Manchester City, Bayern de Munique e Ajax são outros dos gigantes mundiais que também possuem atualmente equipes de eSports.

As transmissões de campeonatos e os programas dedicados aos eSports também se encontram hoje muito mais dentro da categoria esportiva do que na de entretenimento. Canais de televisão fechada tradicionais de esportes como ESPN e Sportv são alguns dos principais que atuam nessas transmissões e programação dedicada aos eSports.

A questão repercutiu profundamente entre a comunidade gamer e também entre os cybers atletas. Um dos maiores streamers do mundo, Gaules, afirmou que o setor não precisa “dessa galera” para dizer se os eSports são esporte ou não. Na verdade, o setor de eSports realmente pouco precisa de ações governamentais para regulamentar suas atividades ou para validar qualquer tipo de enquadramento que se busque. Hoje os eSports movimentam bilhões de dólares ao redor do mundo, envolvendo premiações, patrocínios, transmissões e demais negócios.

Outro streamer popular que deu a sua opinião foi Casimiro, o Cazé. Em sua opinião a fala da Ministra pode ser classificada como “grosseira e arcaica”. Segundo Casimiro, Ana Moser tem direito a ter a opinião que quiser desde que não desrespeite a categoria ou demonstre ignorância, fato que ela aparentou demonstrar ao parecer que não sabia do que estava falando ao dar essa declaração.

Sejam enquadrados como esportes ou não, os eSports são uma realidade que vem crescendo cada vez mais a cada dia. A previsão de especialistas é a de que a indústria movimente em 2023 mais de 200 bilhões de dólares ao redor do mundo. O mercado cresceu exponencialmente durante a pandemia e agora está pronto para explorar ainda mais todo o seu potencial. Os eSports já conseguiram como parceiros gigantes dos mais diversos setores, como Adidas, Audi, Coca-Cola, Nike, Puma, Redbull, Visa, clubes de futebol, sites de apostas esportivas e promete seguir crescendo ainda mais. Seja como esporte ou não! Realmente importa?