Isadora Basile foi contratada como apresentadora do canal oficial do Xbox no Brasil em setembro, mas desde o início do seu trabalho pela agência GMD ela afirma ter sofrido assédio, ameaça de estupro, morte e ataques pessoais. Nadando contra a maré e ao invés de apoiar o rosto que representa a marca, a empresa decidiu demitir a profissional.
A declaração foi feita por Basile, através de suas redes sociais, confirmando que não faz mais parte da equipe. Em sua mensagem, ela reafirma todas as adversidades que passou e informa que a posição da Microsoft é não deixar mais a profissional exposta a este tipo de circunstâncias que partem do público geral.
Em sua postagem, ela relata tudo que levou a essa decisão. “No início de setembro, quando anunciei meu novo trabalho, sofri ataques de todos os tipos, desde pessoas falando que eu não jogava jogo X ou Y e por isso não era digna do meu cargo. Até ameaças de estupro, morte e julgamentos por expor situações mais tensas”.
E mesmo com apoio não foi fácil levar toda essa carga, porém o caminho se fechou. “Graças ao apoio da minha família, namorado e amigos, aprendi a lidar bem com isso com o passar do tempo, mas isso não significava que não estava mais acontecendo. Devido a todos estes ataques, a Microsoft encontrou como melhor opção me desligar do cargo de apresentadora para que eu não esteja mais exposta a situações como essas”.
De acordo com entrevistas, Basile afirma que a demissão ocorreu por conta de uma orientação do time global para que pessoas à frente da marca não estivessem num nível de exposição que fosse uma ameaça a elas. Em entrevista ao site The Enemy, ela desabafa. “Perdi meu emprego porque as pessoas não sabem o que é respeito”.
Porém, gostaria de aproveitar o espaço para trazer algumas informações complementares ao público-geral. O ato de assediar alguém sexualmente é previsto no Código Penal Brasileiro, levando os acusados de 1 a 2 anos de prisão. Já as ameaças de estupros têm uma penalidade mais pesada, com o Juiz podendo prescrever de seis a dez anos na detenção. Nesse ponto da conversa nem preciso citar as ameaças de morte, certo?
Isadora Basile não é a única vítima dessa atitude do seu público-alvo, sendo incontáveis as reclamações nas redes sociais de várias streamers, apresentadoras, YouTubers, dubladoras, desenvolvedoras e de diversas outras profissionais que trabalham no nosso mercado. Isso sem citar todas as que não estão no ramo e sofrem o mesmo problema. Lembrando que isso não é apenas no Brasil, mas no mundo inteiro.
Aqui não é o espaço para discutir se a atitude da Microsoft é ou não correta, porém gostaria de ressaltar que o respeito deve prevalecer acima de tudo e isso estamos devendo, até demais, às mulheres, sejam profissionais do mercado de jogos eletrônicos ou não. Se retirá-las é a resposta para erradicar o problema, a situação que estamos enfrentando é muito maior do que imaginamos e cabe bem mais do que simples declarações.
Há alguns meses a empresa também apoiava grupos de influenciadores que usavam racismo, misoginia e promoviam ataques a vários membros da comunidade. Mesmo após diversas reclamações, a Xbox Brasil e a marca internacional só tomaram uma atitude quando todos se uniram para questionar. E de nada adiantou, já que Basile foi demitida pelo mesmo tipo de atitudes contra ela.
Ou agimos e mudamos nossa postura, ou nada disso fará sentido. Veja bem, jogos eletrônicos são criados para todos se divertirem, independente do gênero da pessoa ou até mesmo de sua opção sexual. Se as pessoas estão sendo atacadas apenas pelo fato de representar uma marca, transmitir um jogo online ou qualquer outra razão, onde perdemos esse conceito básico? Onde perdemos o respeito ao próximo?
Deixo aqui este questionamento, não apenas como seres humanos, mas também como vemos o ambiente de games no geral. Esse comportamento tóxico, que é inegável que todos replicamos em algum momento, causou mais um afastamento de uma profissional competente e que estava fazendo seu trabalho de forma digna no canal Xbox Brasil. Vergonha define. Porém, continuaremos não agindo ou deixaremos isso continuar o seu ciclo destrutivo?