Nossa semana começou pegando fogo com uma polêmica homérica no Twitter, dessa vez envolvendo a Razer – uma das maiores fabricantes de hardware para PC gamers do mundo – e uma influenciadora digital que conseguiu ofender muitos homens ao dizer o que todos nós já estamos cansados de ouvir.
Resumindo bem mastigadinho, a treta começou quando a moça (sem citar nomes, afinal o foco não é na pessoa e sim na situação) criticou o machismo de cada dia após ter sido assediada em seu Twitter, porém sendo bem curta e grossa. Como ela era uma das influenciadoras que promoviam a marca Razer (embaixadora da Razer, como constava em sua bio), não demorou nada para que muitos homens e até mulheres começassem a metralhar a empresa, acusando-a de disseminar ódio contra a homarada.
Não demorou muito para a Razer se pronunciar oficialmente, dando voz à essa gente e garantindo que não renovaria o contrato com a moça – post que já atingiu quase 40 mil curtidas, até o momento em que este texto foi postado. Mas qual o problema nisso tudo? Quem está errado nessa história? O que o posicionamento da Razer diz sobre a empresa?
É simples de entender. A quantidade de absurdos que essa mulher ouviu e ainda está ouvindo após se expressar daquela maneira é de um mau gosto sem igual. Ela foi ameaçada de morte no Twitter e em fóruns da internet simplesmente porque generalizou sua afirmação e disse que nenhum homem presta. O mais irônico disso tudo é que esse comportamento neandertal dos homens que tiveram o seu “complexo de deus” ferido apenas confirma que o que ela disse não é infundado.
Porém, isso é uma coisa que vemos tão frequentemente na internet que já virou rotina. A situação tomou outras proporções a partir do momento em que a Razer deu razão para os seus clientes e consentiu com todas as ameaças e aquele show de ignorância. Isso não foi simplesmente uma atitude “profissional” que visa a satisfação do seu público acima de tudo.
A declaração da Razer a posicionou como apoiadora dessa comunidade tóxica que é o meio gamer. Não importa se mil, 10 mil, 100 mil pessoas falaram que não vão mais comprar os seus produtos porque ficaram ofendidas – não quando você dá razão para um cara que posta a foto de sua setup da marca com uma arma de fogo decorando a paisagem. Quem está disseminando ódio nessa história mesmo?
O absurdo não para por aí. O pronunciamento oficial se esquivou o tempo inteiro de qualquer motivo que esclareça a decisão deles. Por que demitiram a moça? Preconceito contra homens? Em que mundo isso existe? Talvez no mesmo em que o racismo reverso seja uma realidade.
É claro que o ódio gratuito não seria canalizado somente para a pessoa que originou essa polêmica e logo qualquer influenciador ou produtor de conteúdo que a defendeu também recebeu a sua porção de títulos como lacrador, mimizento, nazista (essa foi boa) e gado. Até um certo político encarcerado que nem deve saber o que é Razer foi colocado no meio da história.
A moral disso tudo? Se a ameaça de perder uma boa clientela fez com que a Razer tomasse essa atitude, eles definitivamente conseguiram garantir essa perda nessa tentativa desesperada de fazer “justiça”. Caso aconteça uma possível reconciliação por baixo dos panos, espero mesmo que essa moça se respeite o suficiente para tomar uma decisão coerente.
O mais engraçado é que o cara que questionou o fato dela ter generalizado sobre os homens perguntou numa boa e ela explicou à altura. Não houve treta na situação original, mas é claro que sempre há o gamer machão à espreita, pronto para encontrar qualquer deslize que supostamente lhe dê a “razão” para agir com seus instintos mais primitivos. Depois dizem que as mulheres que são o sexo frágil…