Depois de muitos anos com o sonho de conhecer a Tokyo Game Show, finalmente consegui atravessar o mundo e chegar lá. Para quem não sabe, essa feira faz parte do panteão de eventos de games que acontece ao redor do mundo. Ela acontece desde 1996 em Chiba, a uma hora do centro de Tokyo, e em sua nova edição cumpriu o protocolo, trazendo os principais títulos esperados para 2019 e 2020. No entanto o hype pelos jogos mais aguardados e o espaço entre a geração atual e a próxima podem ter diminuído o brilho da Tokyo Game Show.
Sem muitas novidades e com mais trailers dos mesmos jogos já anunciados há pelo menos um ano, empresas como Sony, Bandai Namco e Capcom repetiram conteúdos já vistos na E3 e Gamescom para apostarem em experiências em seus estandes para os curiosos de plantão. O difícil mesmo é continuar vendo ainda mais vídeos e nada de podermos jogar.
Como evento, a Tokyo Game Show 2019 acabou me surpreendendo por ser bem menor e intimista do que a E3; infelizmente não conheço a Gamescom, evento alemão, mas percebi que a edição japonesa é menor em espaço, em quantidade de estações para gameplay e principalmente em grandiosidade nas booths. O principal destaque para os japoneses fica em um ponto importantíssimo: a atenção para com os visitantes. Percebi que todos ele se preocupam muito em fazer você ser muito bem recebido e com todas as dúvidas ou informações chegando até você.
Infelizmente quando deixamos de ficar deslumbrados pela qualidade no atendimento e receptividade das marcas, além dos estandes muito bonitos, ainda que pequenos se comparados aos da E3 ou até mesmo da Brasil Game Show, a quantidade de conteúdo novo acaba sendo o principal defeito. O mesmo não podemos dizer se a categoria for mobile, com dezenas de empresas trazendo diversos jogos para celulares. É notório que o público japonês valoriza demais esses títulos e as empresas aproveitam para tratá-los com os ocidentais tratam os AAA. Quase saí de lá baixando o QooApp, aplicativo que permite instalar jogos japoneses mesmo estando em outro país, para testar diversos joguinhos interessantes como, por exemplo, Ys VIII e One Punch Man, que não se resumem apenas em cópias do que temos por aqui.
Enquanto um pequeno espaço repetia sem parar um vídeo de gameplay de Death Stranding, não tivemos nada de The Last of Us e pouco de Boarderlands 3 e The Surge 2.
Em parceria com a Square Enix, ambos se esforçavam em manter vivo o interesse por Final Fantasy VII Remake com uma demo e um novo trailer do jogo. Ao lado da Koei Tecmo, eles também aproveitaram o buraco pós-lançamento de Sekiro: Shadows Die Twice para abarrotarem de Nioh 2 em todos os cantos, com uma demo que tive a oportunidade de jogar e perceber o quanto essa sequência está mais próxima de Dark Souls, com inimigos mais grotescos e grandes, além da dificuldade que possibilitou apenas 5% dos jogadores chegarem ao final da sequência mostrada. Eu mesmo não consegui vencer o chefão final!
A polonesa CD Projekt Red foi o centro das atenções com um estande com gameplay de Cyberpunk 2077, que por sinal tinham os horários esgotados desde cedo, trazendo Keanu Reeves, Hideo Kojima, a moto Yaiba Kusanagi para todos verem de perto. Até eu aproveitei a oportunidade para uma foto épica em cima da máquina! Só espero que parem de mostrar mais apenas em vídeo e liberem logo para os jogadores, mesmo que isso signifique o final da geração e o fim do PS4.
Atlus fez um excelente trabalho com Persona 5 Royal, focando na nova personagem Kasumi Yoshizawa e o detetive Akechi Goro, além do novo Yakuza, que continua a franquia mesmo sem Kiryu e chega em março com o início de uma nova história. Em parceria com a SEGA, uma área do mesmo estande apresentava o novo título de Sakura Wars, Mario & Sonic at Olympic Games: Tokyo 2020 e o jogo oficial das Olimpíadas 2020, com estações para testarmos esses títulos. Como disse anteriormente, até mesmo o novo jogo do Sonic para celulares estava disponível. O que faltava estava apenas como vídeo em telas na parte de trás, com Star Wars Jedi: Fallen Order em um trailer repeteco da E3 2019.
Concorrendo com a Atlus pelo título de melhor booth, a Bandai Namco trouxe mais de Code Vein, a primeira demo do novo One Piece Pirate Warriors 4, jogos de Gundam para celular e o recém anunciado Dragon Ball Z: Kakarot. Tudo muito bem representado visualmente e com diversas torres para testarmos todos esses jogos, que por sinal consegui e pude ver de perto os títulos que mais me agradaram na feira. Até mesmo Disney TsumTsum Festival teve seu espaço para os interessados.
Confira a galeria de fotos da Tokyo Game Show 2019
O mesmo não posso dizer sobre a Konami, que trouxe apenas Rogue Corps, o novo jogo da franquia Contra, um revival do PC Engine com sua versão Mini e seguindo a tendência do mercado, além de dezenas de jogos para celulares. Um espaço sem muito brilho e pouco visitado se comparado aos demais. Até mesmos estandes menores como 6W que possuem poucos títulos e apenas mobile ou mesmo a Taito sem muitos títulos relevantes para esse e o próximo ano, ou Square Enix que trouxe mais do mesmo com Dragon Quest XI S e Marvel’s Avengers, apenas com props, exposição de actions figures e figurinos, com espaço para fotos, conseguia muito mais destaque que a Konami.
Por último e não menos importante, a Capcom tinha um dos espaços mais disputados, com o recém anunciado Project Resistance e que tivemos a oportunidade de ver de perto, mesmo em sessão fechada para os poucos sortudos que conseguiam um número para o dia. Um multiplayer situado em Raccoon City em que experimentos humanos estão sendo feitos e os jogadores vão para partidas 4×1, como sobreviventes tentando escapar das instalações ou como Mastermind, controlando o ambiente ao seu redor. Sem contar o esforço da empresa em fazer Monster Hunter: Iceborne ser grandioso e não somente dentro do estande, mas por toda a cidade! Pude perceber que Tokyo estava abarrotada de vídeos em painéis pela cidade, caminhões da Amazon Music passando com a trilha sonora e anúncios por toda a cidade.
Depois dessa experiência em mais um evento de games, com certeza saí da Tokyo Game Show contente por ver uma abordagem bem diferente do que estou acostumado e com a certeza de que nós ocidentais precisamos aprender uma coisa muito importante: a falta de novidades pode ser trabalhada positivamente (apenas por algumas empresas). E claro que pude perceber de perto que o mercado não vive mais de AAA e vem perdendo espaço para mobile, com títulos cada vez mais interessantes e atrativos, desde a jogabilidade até mesmo pelo visual.