Skip to main content

Na semana passada, o assunto principal sem dúvida foi o anúncio do Playstation 4. Mas, francamente, eu não poderia ter me importado menos; será mais do mesmo, outro console que terá as mesmas tecnologias requentadas ou copiadas da Nintendo e que vai ter o seu principal chamativo em gráficos absurdamente definidos e cheios de som e fúria e que não significam nada. E com vídeos que com certeza foram absurdamente superiores ao que o console real vai ser realmente capaz de mostrar.

Mas, por causa disso, o que deveria ter sido o assunto principal da semana ficou praticamente esquecido: na segunda-feira 18, a Harmonix anunciou que deixará de lançar DLC’s para Rock Band em abril.

Há alguns anos, quando Guitar Hero era talvez a franquia mais mediática do mundo dos videogames, essa notícia teria caído como uma bomba. Hoje, quando a Activision já declarou a morte de Guitar Hero, e parece que apenas meia dúzia de fulanos (e quem os escreve) se preocupa com jogos de guitarras, anunciar isso é quase a mesma coisa que anunciar que não haverá um novo Enslaved.

No entanto, nós que realmente conhecemos a franquia sabemos a grande perda que será para o mundo dos videogames o abandono da franquia. Rock Band é um daqueles jogos que vai mostrando mais e mais para o jogador à medida que ele vai se aprofundando em suas entranhas; aquele jogador “casual” (argh, odeio essa palavra…) que só joga em easy vai perceber apenas botões coloridos em uma pista. No entanto, aqueles que queiram investir tempo e comecem a avançar no jogo e aumentar o seu nível de dificuldade começarão a entender o que aqueles botões aparentemente aleatórios significam. Pouco a pouco, começarão a relacionar o que tocam com o que ouvem.

E o verdadeiro objetivo oculto da Harmonix vem à tona. Com Rock Band, a Harmonix criou na verdade uma nova maneira de entender a música. Sim, a maneira de entender a música de verdade é aprender a tocar um instrumento. E quem não tem tempo para isso faz o quê? Eu sei que melhorei muito meu ouvido pra música com Rock Band. E continuo me divertindo.

Outro aspecto que pouca gente se lembra: a Harmonix disponibilizou conteúdo novo para sua franquia sem parar durante todo esse tempo. O primeiro pack de DLC para Rock Band saiu junto com o primeiro jogo da franquia, no dia 20 de novembro de 2007. Ou seja, nesses tempos em que as desenvolvedoras se esquecem de dar suporte para seus jogos um mês depois de colocá-lo na prateleira da loja, a Harmonix vem disponibilizando DLC novo para Rock Band, sem falhar uma semana sequer, há mais de quatro anos!

Pra terminar, mesmo que tudo isso não tivesse acontecido, só o fato deles terem lançado a fantástica homenagem ao maior grupo de rock de todos os tempos que foi The Beatles Rock Band já faria com que a Harmonix merecesse um lugar no coração de todos os amantes de música. Nota-se o cuidado que tiveram com aquele jogo; se houvesse um Oscar de direção de arte para videogames, com certeza TBRB teria sido hors-concours para o prêmio no ano 2009.

Mas, infelizmente, parece que já não há dinheiro nas guitarrinhas de plástico. No dia 2 de abril, sairá o último DLC para Rock Band, deixando o gênero de jogos musicais respirando por aparelhos graças a Dance Central e Rocksmith. Mas nós, roqueiros virtuais com nossas guitarrinhas de cinco botões coloridos, estaremos sempre agradecidos à Harmonix por esses oito anos desde o primeiro Guitar Hero (e você aí no fundo cale a boca, Guitar Freaks não merece ser lembrado, aquele jogo é uma merda). E aguardamos ansiosos pelo que ela nos pode trazer no futuro. Rock on!