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Oito de Novembro de 2019, data de lançamento daquele que considero meu jogo favorito de todos os tempos. Death Stranding, uma verdadeira magnum opus para os fãs de ficcção científica, ponderações sobre o pós vida e até mesmo teologia. Trazendo Norman Reedus como o intrépido Sam, o “sedex-simulator” mexeu e dividiu os gamers, com aqueles que amam a obra e aqueles que a vêem como uma piada.

Independente de qual seja seu lado nesta discussão, não há como negar que o jogo foi um sucesso e se pagou. Ainda mais com a vinda relativamente recente do jogo para PC, onde uma nova fan base foi conquistada. Contudo, as surpresas ainda não acabaram e logo teremos a estranhamente intitulada Death Stranding: Director’s Cut, que promete expandir o universo da obra de maneiras inesperadas.

Então qual a melhor forma de se preparar para essa nova versão? Abraçando o game original e experimentando de maneira total a sua complexidade. “Mas esse jogo é chato, você só faz entregas!” pode ser o que você esteja pensando. Para responder essa falsa noção, utilizo das palavras de William Blake, criador de uma das obras que inspiraram Death Stranding: somos levados a acreditar em uma mentira, quando não enxergamos através dos olhos.

Death Stranding possui, sim, um grande foco na entrega de itens através de longas caminhadas pelo fragmentado e colapsado Estados Unidos, após os eventos que levam o mesmo título do jogo. Neste mundo, aqueles que desbravam os campos estão sempre correndo o risco de se tornar vítimas. Sejam das terríveis E.Ps, dos carregadores insanos conhecidos como Mulas ou a Timefall, uma chuva que acelera o tempo de toda matéria orgânica que toca.

Sam ainda possui um contrato em aberto com a UCA (União das Cidades Americanas). Sua tarefa? Reconectar as cidades e os EUA em uma viagem pelo país, além de buscar resgatar sua irmã adotiva no processo. Mas esta tarefa não será fácil e Sam irá enfrentar os limiares da vida, morte e até mesmo do que conhecemos cientificamente como tempo e espaço.

Nem sempre você estará a pé nessa jornada.

Uma jornada que irá desafiar os jogadores ao extremo, seja nos caminhos tomados rumo às entregas ou a sobrevivência contra as entidades sombrias que tentarão obliterar Sam. Com a ajuda do BB 28, Sam e os jogadores irão solucionar o Death Stranding. Uma obra marcante, do começo ao fim.

Além da excelente história, o jogo possui inúmeras curiosidades que vão render boas surpresas. Mas antes de abrir o seu apetite com quatro destas curiosidades, uma dica valiosa: Death Stranding para PC está saindo pelo menor preço no GamersGate. Aproveite a oportunidade!

Colaboração com a Valve

Death Stranding chegou ao PC em Julho de 2020 e não perdeu a chance de fazer uma colaboração divertida com a Valve. Em uma série de missões especiais, Sam deve recolher os cubos companheiros da série Portal, desbloqueando assim itens cosméticos referenciando diversos jogos da empresa: o famoso óculos de Gordon Freeman, um headcrab como capacete e até mesmo a icônica válvula de registro, uma imagem marcante para os gamers de PC do mundo todo.

Se tem lambda e cor laranja, é Half-Life!

O jogo ainda conta com suporte ao DLSS 2.0 nas placas da linha RTX da Nvidia, cujo a tecnologia turbina a performance com ganho nas taxas de frames e gera imagens deslumbrantes e nítidas – algo possível graças a uma rede neural de Deep Learning com processadores de AI dedicados (Tensor Cores).

Párticula de Deus e a igreja

Como o excelente trabalho de ficção que é, Death Stranding acaba se lançando em envolvimentos relacionados à física e religião. O jogo flerta com ambas as frentes durante toda a obra, seja em acontecimentos diretos ou sutis. Um grande exemplo disso é que o universo de Death Stranding mostra um evento semelhante ao arrebatamento das almas para o Juízo Final, mesmo que na realidade a ciência possua uma resposta para os acontecimentos.

Como previ em um artigo, alguns dos acontecimentos do jogo foram influenciados pelo poema “Augúrios da Inocência”. Ou seja, para cada ação há uma reação igual ou colossalmente maior. Um balé entre religião e ciência, com ambas cooperando e tentando se anular simultaneamente. Um exemplo disso é a própria roupa de Sam: no pescoço o protagonista carrega o Q-Pid com várias equações, a chave para as ligações quirais. Já seu traje traz o código 0914-137, que se traduz para o salmo precatório que diz: “Felizes aqueles que pegam teus filhos e os esmagam nas pedras!”. Algo que pode ser entendido com o decorrer da trama.

BB-28, o bebê que este mundo lhe deu de presente.

Fragmentos das colinas

Infelizmente P.T. não foi para frente, assim como Silent Hills, mas podemos ver uma pequena parte dela em Death Stranding. Durante a jornada neste mundo estranho, os jogadores irão passar por locais semelhantes a famosa cidade esquecida dos games de horror. A cidade principal do leste parece ser uma pequena extensão da rua onde Norman Reedus parece sair ao final da demo.

Além disso como dito acima temos inúmeras referências a bíblia em Death Stranding, um dos grandes pilares que sustentam a série Silent Hill. O jogo também empresta muito da tensão ao introduzir as E.Ps. Essas sombras irão caçar os jogadores por todo e qualquer terreno que tenham chance, seja uma planície ou montanha, elas estarão sempre a postos para obliterar Sam e o mundo a sua volta.

Horrores sem fim

Outro grande ponto interessante de Death Stranding é ver o quanto Kojima se inspirou em grandes clássicos da literatura e cinema de horror. Além da aparição dos grandes mestres Guillermo Del Toro e Nicolas Winding Refn, os diretores de obras sublimes do cinema ajudaram a trazer um tom especial para a fotografia do jogo, que por si só é excelente. Podemos ver também o quanto Mary Shelley e seu Prometheus moderno ajudaram a sedimentar a obra. E, claro, tem todo aquele toque de H.P. Lovecraft que não pode faltar.

Death Stranding é uma experiência incrível que eu sempre recomendo a todos que buscam algo novo. O jogo não só oferece uma história emocionante, como também garante grandes momentos de introspecção. As longas caminhadas de Sam incentivam o jogador a simplesmente parar para contemplar o mundo a sua volta, ouvir as músicas que vez ou outra tocam e apreciar a vida.