Skip to main content

Final Fantasy, uma série que carrega um peso tão grande na indústria de jogos que fica difícil não esperar demais do título que salvou a Square Enix de uma falência iminente. A segunda metade dos anos 1990 foi marcada pela chamada “Era de Ouro de Final Fantasy” no PlayStation 1, onde em apenas três anos foram lançados três títulos da saga principal!

Final Fantasy VII ficou com a maior fatia do bolo, se consagrando um dos melhores jogos de todos os tempos (não é à toa que tem remake vindo aí). Final Fantasy IX também angariou muitos fãs com seu visual cartunesco e infantilizado que fugiu bastante dos padrões da franquia. E quanto ao Final Fantasy VIII? O grande divisor de águas, aceitado por uns e desprezado por tantos outros, considerado uma bela história de amor recheada de filosofia pelos fãs mais fiéis, enquanto para outros não passa de uma novela mexicana de quinta categoria.

Em 2017 a franquia completou seus 30 anos e desde então tivemos a oportunidade de revisitar alguns desses clássicos que foram relançados, como o VII e o IX. A diferença é que nenhum deles recebeu um tratamento tão especial da Square Enix como o VIII, que vai além de um mero port e recebeu a palavra Remastered em seu nome. Sim, Final Fantasy VIII Remastered não é o mesmo jogo que você jogou 20 anos atrás e chegou para mudar a sua opinião de vez.

O amor não é mais cego 

Se tratando de uma remasterização, não precisamos perder tanto tempo falando da história e mecânicas que já estão mais que manjadas nessas duas décadas de existência. Para quem caiu de paraquedas e não sabe nem quem é Squall Leonhart, recomendo que jogue o jogo com todo carinho e vá aprendendo sobre aquele mundo e seus personagens pouco a pouco, pois é realmente difícil explicar a história do jogo sem soltar nenhum spoiler.

O primeiro grande baque que este remaster causa em quem jogou o jogo na época do PS1 são os modelos dos personagens. Tudo foi refeito do zero, polígono por polígono, dando feições e detalhes que eram simplesmente inexistentes na versão original. A melhor parte é que não rolou preguiça por parte da Square e até NPCs que mal aparecem no jogo também receberam a sua embelezada, além dos monstros, chefes, veículos e alguns elementos interativos no cenário, como portas.

Agora sim ele é o cara mais bonito do pedaço…

É simplesmente chocante ver o comparativo da versão original com a remasterizada lado a lado, mas resolvi focar nessas screens justamente para mostrar o quão caprichado ficou.

Como nem tudo são rosas, apesar do cuidado em refazer qualquer coisa que se mexe no jogo, os cenários pré-renderizados continuam quase os mesmos. A melhoria na qualidade da imagem foi mínima, o que acaba contrastando demais com todos aqueles personagens bem feitos. De certa forma, isso manteve a originalidade do jogo, mas em certos momentos chega a ficar bem estranho.

Um outro ponto que pode incomodar alguns é o fato do jogo não ter opção de widescreen. Eles mantiveram exclusivamente a resolução original em 4:3, talvez para manter os cenários pré-renderizados mais “bonitos”, sem precisar esticá-los demais, ou simplesmente para manter a originalidade em dia. Não é algo que estrague a sua experiência, mas bem que eles poderiam ter colocado uma opção de jogar com um widescreen semelhante ao remaster de Onimusha: Warlords, que ao invés de esticar os cenários, apenas deu um zoom para não quebrar nenhum pixel e deu super certo.

Sem filtro do Instagram vs. Com filtro do Instagram

Relembrar é viver

Quanto as novidades na jogabilidade e correção de velhos bugs, é válido citar apenas a correção do bug musical, que fazia com que as músicas sempre reiniciassem após concluir uma batalha – ou seja, o tempo inteiro! Era até difícil escutar uma faixa inteira dado à aleatoriedade dos combates, que simplesmente pipocavam na tela sem mais nem menos, bem naquele estilo velha guarda.

Assim como o port de Final Fantasy VII, o VIII também recebeu os seus modificadores para tornar seu jogo mais dinâmico e tudo foi muito bem-vindo. Você pode desativar encontros aleatórios, ativar seus Limit Breakes quando bem entender e até acelerar o jogo (semelhante ao modificador incluso na versão The Zodiac Age de Final Fantasy XII) com o simples apertar de alguns botões. Tudo é ativado no controle e desse modo você vai customizando seu jogo para deixá-lo mais a sua cara. Devo dizer que o modificador para acelerar o jogo é tão útil quanto em FFXII e é a melhor coisa que a Square Enix implementou em seus jogos nos últimos tempos.

O único título da Era de Ouro que arriscou inovar no clássico combate de turnos.

Do resto, é a mesma coisa de 20 anos atrás. Se você ainda precisa de motivos para experimentar FFVIII, saiba que ele foi um dos títulos mais ousados da franquia a sua época e até arriscou mudanças no combate padrão de turnos. Aqui você não tem mana para usar magias, pode interagir mais no combate em tempo real, pode estocar magias de uma maneira inédita na série e as summons (aqui chamadas de Guardian Forces) tem um papel crucial e estão diretamente ligadas com os atributos da sua party.

Ao meu ver, Final Fantasy VIII sempre foi injustiçado. Possui defeitos como tudo nessa vida, mas está longe de ser um título abominável como muitos pregam por aí. Esse remaster era o que estávamos precisando de incentivo para dar uma nova chance a este clássico ou até mesmo jogá-lo pela primeira vez. Duas coisas são garantidas: a experiência será bem mais requintada e, mesmo após 20 anos, Liberi Fatali continua sendo a maior obra-prima de Nobuo Uematsu.