Há pouco o Nintendo Switch completou seu segundo ano no mercado. Apesar de existirem diversas especulações – e muito bafafá – a cerca das vendas de um console durante seu período inicial, é a partir deste momento que podemos definir o seu sucesso.
É inegável a aceitação do console da Big N. É surpreendente, tanto por parte do público, como principalmente por parte das desenvolvedoras que estão abraçando o console. O que foi um grande problema na geração anterior da Nintendo, agora se mostra um grande atrativo. Inclusive sendo agraciado com diversas coletâneas e remasters de jogos de gerações passadas.
O Switch se tornou a casa dos jogos indie com centenas de lançamentos. Praticamente todos os grandes títulos desse segmento lançados nos últimos anos já tem uma versão no console – ou terão logo mais.
Sem dúvida isso se deve principalmente pela proposta do console: “play anytime, anywhere, with anyone”, ou melhor “jogue a qualquer hora, em qualquer lugar, com qualquer um”. Por mais que alguns títulos AAA de third partys não rodem com uma qualidade equiparável ao de consoles concorrentes como o PS4 e Xbox One – ou menos ainda do PC. O fato de podermos levar esses jogos para qualquer lugar, como um portátil, não tem preço.
Principalmente nos dias corridos de hoje. Praticamente não temos tempo para sentar e apreciar uma campanha longa no conforto de nosso lar. Porém, perdemos muito tempo nos locomovendo por aí ou aguardando em alguma sala de espera. E é nessas horas que podemos sacar o Switch da mochila e ver o tempo voar.
Aliado a facilidade de poder compartilhar uma jogatina multiplayer também, tornam ele extremamente apelativo. Particularmente se pensarmos que hoje em dia são poucos os jogos que oferecem um sistema multiplayer local. Simplesmente desconectar um dos comandos e já estar curtindo uma aventura junto de alguém sem precisar de cabos nem complicações foi uma solução de design arrojada.
Mas apesar de tudo isso, o Switch ainda precisa ser lapidado no que diz respeito principalmente ao seu sistema. A Nintendo sempre foi uma especialista em fazer jogos e personagens cativantes, isso não podemos negar. Porém, a medida que as gerações foram passando e a tecnologia foi evoluindo, ficou claro que a Nintendo parecia ficar para trás no quesito UX e sistemas online – apesar de sempre investir em novas maneiras de diversão.
Jogos atrelados ao console e não a uma conta pessoal, interface de sistema simplistas demais, funcionalidades básicas em plataformas rivais inexistentes ou executadas de maneira arcaica são alguns dos exemplos de como a Nintendo precisava evoluir. E por sorte nós estamos vendo isso mudar de maneira radical atualmente.
Voltando ao Switch, existem alguns aspectos que realmente o tornariam um console completo e com certeza facilitariam a vida dos jogadores. Talvez essas funções se tornem realidade em um futuro não tão distante, com a chegada das tão divulgadas revisões do console, conhecidas como “Switch Mini” e “Switch Pro”. Cujo o primeiro seria uma versão focada unicamente no público que deseja um console portátil e o segundo uma versão aprimorada do já existente, segundo rumores.
O que esperar do futuro do Switch?
Essa é uma questão variável, afinal, a Nintendo não costuma seguir a multidão e trilha seu próprio caminho – às vezes duvidoso -, mas eu diria que nesse caso, há boas chances de a companhia atender as expectativas de seus fãs e consumidores.
A grande maioria deve considerar a bateria como um dos principais fatores que precisam de uma melhoria – ao menos aqueles que gostam de uma jogatina portátil. E de fato, esse é um ponto que a Nintendo precisa dar atenção nas possíveis novas versões, principalmente em uma que se foque no portátil. Poderia ser tanto um aumento na capacidade da bateria (que atualmente conta com 4310mAh), ou mesmo uma melhoria no gerenciamento interno, seja ela feita via software ou via hardware. De qualquer maneira, essa é uma melhoria com a qual podemos esperar.
Outro exemplo é a questão de conectividade, não apenas uma entrada ethernet no dock, como também Bluethooth no console, algo que é tão comum em diversos aparelhos hoje em dia, o Switch ainda não possui esta opção, obrigando os usuários a utilizar gadgets em sua porta USB-C para adicionarem a funcionalidade ao aparelho. O grande problema disso é que ficamos impossibilitados de carregar o dispositivo enquanto este periférico estiver conectado a ele – além de consumir certa energia para o manter funcionando. Ou seja, fones de ouvido, por enquanto, somente com fio.
Transferência de dados é um aspecto que realmente eu não esperava ser um problema em pleno ano de 2019. Mas o Switch apesar de contar com duas entradas USB (quando em modo dock), elas basicamente servem mais para utilizar acessórios do que qualquer outra coisa. Eu esperava sinceramente poder transferir certos dados, como capturas de tela ou mesmo fazer backup de saves para um dispositivo USB qualquer, como um pen drive, mas essa opção não é válida. O que temos que fazer é copiar tais dados para o cartão microSD (caso ainda não estejam lá), depois retirar o cartão do console, conectar no PC e finalmente poder transferir eles. Algo extremamente complicado, tendo em vista que a solução poderia ser tão simples.
Mais um ponto a ser considerado é o seu armazenamento. Apesar de particularmente achar 32Gb uma quantidade razoável, sabemos que nos dias de hoje o mínimo que esperamos de um console é ter espaço suficiente para carregar todos os nossos jogos favoritos conosco e muito mais. Se levarmos em conta a popularização dos jogos digitais, essa capacidade pode rapidamente ser esgotada. Mesmo que os jogos de Switch em sua maioria não ocupem tanto espaço quanto jogos de PS4 ou Xbox One, títulos como Super Smash Bros. Ultimate podem chegar a 14.2Gb, Wolfenstein II: The New Colossus com seus surpreendentes 22Gb e L.A. Noire com os inacreditáveis 27.5Gb, ou seja, praticamente toda a memória total disponível de fábrica com o console. Essa talvez seja uma melhoria que possamos esperar em uma versão “Pro” do console.
Um ponto que pessoalmente me incomoda é a construção do console. Apesar de ser um usuário cuidadoso, ainda sim sinto muita fragilidade no aparelho como um todo. Já vi relatos internet afora de diversos problemas ocorridos devido a esse fator, como o entortamento do console devido ao aquecimento em uso prolongado em modo dock ou rachaduras na área da saída de ar, isso simplesmente com o uso normal. Penso que uma melhoria estrutural e especialmente nos materiais utilizados na composição do aparelho possam ajudar – principalmente nos Joy-Cons.
A questão de personalização do sistema também deve ser considerada. Todos nós gostamos de deixar nossos aparelhos com uma aparência única, e apesar do Switch permitir uma infinidade de personalizações externas – especialmente com os Joy Cons -, a interface do sistema está muito aquém disso. A adição de temas, planos de fundo ou mesmo organizar seus jogos por pastas inexiste. O console híbrido não permite nenhuma destas opções até o momento, o máximo permitido é a mudança das cores do sistema entre os temas claro e escuro. Espero que a Nintendo pense com carinho nessa possibilidade, pois até mesmo o seu portátil, o 3DS, permite um bom grau de customização.
Outro ponto considerado uma inconveniência para alguns, é a qualidade de seu display. O Switch possui uma modesta tela de LCD com resolução máxima de 720p, o que não é um grande empecilho se levarmos em consideração que os jogos no modo portátil ficam cravados nesta resolução, por razões de economia de bateria. Mas mesmo assim, olhar para a tela de um – finado – Vita (de primeira geração) por exemplo, nos faz querer algo assim no console da Nintendo também. O que podemos esperar nesse quesito é que a Nintendo faça um upgrade na tela do console, em sua versão “Pro” quem sabe – de preferência sem encarecer (demais) o produto.
O programa de benefícios do serviço online do Switch também é outro ponto que merece uma revisão. Ok, a Nintendo atendeu a um pedido do grande público acrescentando um sistema de backup na nuvem. Mas assim como já tem feito há décadas, está relançando seus clássicos de NES e SNES novamente em sua plataforma, mas desta vez como uma oferta aos consumidores que aderem ao seu serviço. Isso pode até ser interessante aos fãs nostálgicos de longa data da companhia, mas a grande maioria espera mais. Assim como nos serviços concorrentes, PlayStation Plus e Xbox Live Gold.
Alguns desses aperfeiçoamentos não necessitam sequer de uma revisão de hardware para se concretizarem. Porém, imagino que a Nintendo possa estrear uma grande atualização juntamente com as prováveis novas versões de seu carro chefe. Agora, só nos resta esperar e ver o que o futuro e uma Nintendo Direct – talvez no período (pré ou pós) E3 – nos reservam.