O dia do julgamento aconteceu em ARC Raiders mas, em vez da Skynet, as máquinas ARC devastaram e dominaram a Terra. As belas cidades de Rust Belt (inspiradas em uma Itália futurista) agora estão em ruínas; o som urbano deu lugar aos ruídos metálicos de robôs imparáveis e hostis. A humanidade vive nas profundezas, em abrigos subterrâneos como Speranza. Manter o funcionamento deste lugar requer missões constantes ao solo hostil, e são os Raiders que partem nessa jornada desafiadora – e, ao mesmo tempo, muito empolgante.

Quando a superfície chama, não é por esperança, é por necessidade. Este jogo de extração da Embark Studios, revive aquela sensação de ficção científica clássica em que o céu cinza e o som das máquinas ecoam mais forte que qualquer grito humano. É difícil não pensar em O Exterminador do Futuro – um mundo pós-apocalíptico onde os robôs herdaram o planeta e nós, a resistência, insistimos em voltar à superfície.

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Juntando-se à resistência

ARC Raiders é um shooter que pode ser cooperativo, mas seu principal objetivo não é vencer as máquinas a ponto de dominar a superfície. O foco está em encontrar materiais que garantam a sobrevivência no subsolo e, ao mesmo tempo, ajudar a si mesmo, tornando-se mais forte e melhor equipado. Desde o início surge o questionamento de qual será a reação dos jogadores nesse ambiente. Os principais inimigos são as máquinas, mas o perigo maior pode vir dos próprios humanos: o PvP é intenso e transforma o mundo em algo ainda mais imprevisível e hostil.

É possível jogar sozinho ou em grupos de até três pessoas, montando uma equipe para explorar, lutar, coletar e, se der tempo, extrair o loot antes que o mundo te consuma. Jogar sozinho não significa que o jogo é offline: na verdade, você entra em uma sessão online compartilhada, onde outros jogadores podem se unir a você ou tentar te eliminar. Dito isso, o jogo requer assinatura online nos consoles (PS Plus ou Game Pass) para acessar o conteúdo completo. Mal dá para entrar no menu inicial sem antes validar esse acesso – bem que podia haver um modo single player, tenho a impressão de que seria tão bom quanto.

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Cada visita à superfície é uma corrida contra o inevitável: o mapa é vasto, os inimigos são implacáveis, e cada ação requer muita atenção. Ao saquear carros, containers ou arrombar portas, o som pode denunciar sua posição. Máquinas ou outros jogadores podem te eliminar – e morrer significa perder tudo. Isso muda completamente a postura de quem joga: não é apenas sobre atirar, mas sobre ser cauteloso, observar o ambiente e escolher as batalhas certas. O resultado é uma tensão genuína a cada partida.

Apesar da ameaça constante dos robôs, ARC Raiders não é um jogo de terror. Muito pelo contrário – ele reúne momentos hilários, daqueles que fazem você perder a seriedade em segundos. Isso se deve ao chat por proximidade e ao livre-arbítrio dos jogadores. Encontrar outros Raiders nem sempre significa conflito: às vezes, é apenas outro nômade tentando sobreviver, e desses encontros podem nascer parcerias improváveis.

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Durante minhas sessões, o que mais rendeu risadas foram as conversas por aproximação da comunidade brasileira. As negociações, os pedidos para não atirar, os sotaques e gírias locais – tudo isso torna as partidas mais leves, humanas, e mascara um pouco do peso que o jogo naturalmente carrega. É um detalhe que aproxima os jogadores e dá carisma ao mundo desolado, te prendendo cada vez mais.

Por outro lado, há os saqueadores implacáveis, dispostos a eliminar qualquer um sem dó, inclusive iniciantes. Faz parte da experiência online, claro, mas pode gerar frustração – especialmente em quem está conhecendo o gênero agora. É uma pena, porque a proposta é divertida demais para se perder nisso.

De todo modo, ARC Raiders oferece crossplay entre PS5, Xbox Series e PC, e também cross-save, permitindo que o progresso seja levado entre plataformas. Isso amplia as possibilidades para reunir amigos, montar grupos fixos e explorar de forma colaborativa.

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A vida no subsolo de ARC Raiders

Para se dar bem em ARC Raiders, você precisa estar preparado. A base subterrânea funciona como um hub de atividades, com um senso de comunidade: personagens trocam peças, constroem armas improvisadas e oferecem melhorias em trajes e equipamentos. No alojamento, é possível personalizar seu personagem, gerenciar inventário, aprimorar armas e até mesmo curtir a estranha presença de um galo companheiro que dá um toque de humor e leveza num mundo que esqueceu o que é vivo.

O galo não é apenas um pet: ele pode ser treinado para ajudar em pequenas coletas e acelerar o ganho de recursos. Além disso, o jogo conta com uma árvore de habilidades: conforme você sobe de nível, desbloqueia melhorias que aumentam resistência, agilidade, furtividade e eficiência geral nas missões.

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A comunidade de Speranza oferece inúmeras tarefas: coleta de itens, busca de amostras, reciclagem e muito mais. Cada missão habilita um checklist de atividades, e nem sempre é possível concluí-las em uma única sessão – até porque o fracasso ou a morte podem te fazer retornar ao abrigo de mãos vazias.

ARC Raiders oferece a opção de equipamentos gratuitos e aleatórios a cada partida, é útil para iniciantes que ainda não possuem muitos itens e garante que você não suba sem equipamentos mínimos. Isso torna o jogo mais acessível – só não espere que sejam os melhores armamentos.

Sua estadia na superfície dura no máximo 30 minutos. Nesse tempo, é preciso coletar recursos, enfrentar inimigos, formar alianças ou trair quem confia demais. Os elevadores que levam de volta ao subsolo têm horários diferentes de fechamento, e perder um deles pode custar toda a exploração. Esse relógio constante traz uma sensação de urgência que é a alma do jogo.

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Como todo bom shooter, ARC Raiders oferece um arsenal variado: fuzis, escopetas, canhões eletromagnéticos, armas de energia, granadas, armadilhas e até tirolesas. Os controles funcionam de forma muito responsiva e ágil, fazendo os combates serem extremamente fluidos. A mochila, porém, é limitada então não dá para carregar tantos armamentos.

As personalizações também são destaque. Os Raider Decks funcionam como recompensas que oferecem itens raros e cosméticos; alguns gratuitos, outros pagos com Raider Tokens, a moeda premium do jogo. Para abrir o conteúdo de um Deck, é preciso gastar Cred, pontos obtidos ao cumprir desafios. Essa mecânica mantém o ciclo de risco e recompensa vivo, embora também traga as microtransações. Resta saber se teremos um equilíbrio entre itens pagos e gratuitos.

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Um belo mundo devastado

Algumas decisões da Embark tornam o mundo de ARC Raiders ainda mais autêntico, como a remoção das barras de vida dos inimigos – o dano é sentido, não medido. O som, a faísca e o impacto visual substituem qualquer indicador numérico. O estúdio também utiliza machine learning para animar o comportamento dos robôs danificados, fazendo-os reagir com naturalidade a ferimentos e desequilíbrios. É tecnologia a serviço da imersão, reforçando a identidade de um mundo que quer parecer vivo, não programado. Honestamente, é absurdo como isso torna os robôs imprevisíveis e únicos.

E a trilha sonora não fica atrás. Ela não tenta comandar a ação, em vez disso, conversa com o silêncio, com o vento e o som do metal. Em muitos momentos, é impossível não se arrepiar: há inspirações vindas do compositor Vangelis (em Blade Runner) resultando em nostalgia e tensão. O álbum completo, está disponível em plataformas de streaming e, fora do jogo, continua sendo uma experiência de imersão por si só.

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Visualmente, ARC Raiders mistura realismo com design industrial retrô-futurista. As ruínas lembram Death Stranding, e os trajes dos Raiders reforçam essa estética elegante e decadente ao mesmo tempo. No PS5 Slim, o jogo está lindíssimo, com efeitos de luz e partículas que tornam difícil não parar para admirar o cenário – mesmo quando há um robô colossal preenchendo todo o horizonte.

Vale mencionar que ARC Raiders não tem pressa em entregar tudo de uma vez. Os mapas disponíveis são liberados aos poucos, conforme seu progresso, e a Embark já planeja novos eventos e áreas no futuro. Isso dá ao jogo a sensação de um mundo vivo, em constante transformação, que cresce junto da comunidade.

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No fim das contas, ARC Raiders é, sim, um jogo de extração – mas seria injusto reduzi-lo a isso. Ele é semelhante a títulos como Escape from Tarkov e The Division, mas seu ritmo é outro. O combate não é só um espetáculo de explosões, e sim um misto entre silêncio e sobrevivência. Cada passo pode denunciar sua posição e cada disparo é uma decisão moral.

A atmosfera devastada do jogo traz aquele questionamento da ficção científica: O que sobra da humanidade quando o mundo já não nos pertence? Isso permeia por cada uma das características e detalhes do jogo.

Na superfície dominada pelas máquinas, o jogador é apenas um vestígio da civilização. Lá em cima, tudo é hostil, tudo vibra com o peso do ferro mas, ainda assim, é irresistível voltar. Talvez por sobrevivência. Talvez por nostalgia. No fim, tudo isso é resultado de um belo design e de um ritmo equilibrado que me faz recomendar fortemente o seu alistamento em Speranza.

92 %


Prós:

🔺A atmosfera é impecável, com ambientação e trilha sonora de tirar o fôlego
🔺Tem mundo vasto e cheio de histórias
🔺O sistema de progressão é bem construído e consegue ser acessível
🔺As interações por voz e momentos espontâneos tornam a experiência única
🔺O visual dos ARCs são impressionante
🔺O uso da IA é absurdo e reforça a imersão

Contras:

🔻A necessidade de assinatura online pode limitar quem quer jogar casualmente
🔻Ainda pode ser um pouco frustrante para iniciantes
🔻Os itens pagos pode gerar desequilíbrio a longo prazo


Ficha Técnica:

Lançamento: 30/10/2025
Desenvolvedora: Embark Studios
Distribuidora: Embark Studios
Plataformas: PS5, Xbox Series, PC
Testado no: PS5

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