Review – Harry Potter: Quidditch Champions

Hogwarts Legacy é um jogo praticamente perfeito para quem é fã de Harry Potter, mas ficou devendo em uma coisa: deixaram o quadribol de fora sem nenhuma razão aparente. Pouco tempo depois do seu lançamento, a Warner Games anunciou o próximo título ambientado na franquia: Harry Potter: Quidditch Champions, um jogo focado exclusivamente no esporte dos bruxos.

É difícil pensar que isso não tenha sido friamente calculado, mas não é a primeira vez que o Wizarding World recebe um jogo só de quadribol. O primeiro foi Harry Potter: Quidditch World Cup em 2003, que para a época, já era bem decente. Quidditch Champions expande a experiência com um gameplay aprimorado e algumas mudanças que, no geral, foram muito bem-vindas – mas não espere nada que vá te prender por muito tempo.

Mudança de regras

Vamos combinar que quadribol nunca foi um jogo premeditado para se tornar uma mídia jogável. Apesar de funcionar muito bem nos filmes e nos livros (através do incrível reino da imaginação), nunca houve uma forma prática de aplicá-lo em um game – afinal, estamos falando de um esporte com 14 pessoas voando loucamente pelo campo e três tipos de bolas diferentes. Contudo, o Unbroken Studios soube contornar esses problemas com criatividade.

Sendo assim, o quadribol que você conhece dos livros e filmes foi levemente alterado nesta versão, a fim de tornar as partidas mais dinâmicas. Aqui, você assume o papel de todos os jogadores do time e precisará ser estratégico no uso de cada função; a IA do jogo se sai muito bem em controlar os BOTs, mas as principais táticas vão depender exclusivamente da inventividade do jogador.

Em Harry Potter: Quidditch Champions, as equipes possuem apenas seis jogadores: três artilheiros, um goleiro, um rebatedor e um apanhador. A mudança aqui foi a redução de um rebatedor, que no original jogavam em duplas. Pode até parecer uma alteração ruim, mas nessas circunstâncias serviu para equilibrar o jogo, já que os rebatedores são uma das posições mais apelonas de Quidditch Champions.

Outro acerto dos desenvolvedores foi ter deixado todas as posições igualmente importantes, tirando aquele protagonismo dos apanhadores (que só servia para tornar nosso amigo Harry ainda mais incrível e admirável). Podemos dizer que, em Quidditch Champions, os artilheiros são tão importantes quanto um apanhador – principalmente porque também houve uma mudança na pontuação: o pomo de ouro garante míseros 30 pontos, ao invés de 150.

Dessa forma, as partidas quase nunca acabam quando alguém captura o pomo, dando mais brechas para reviravoltas. Por vezes, é possível encontrar até mesmo dois pomos de ouro em uma única partida! Vence o time que marcar 100 pontos primeiro (o equivalente a 10 gols) ou o que tiver feito mais pontos quando o tempo acabar. No fim, marcar gols é tão importante quanto capturar o pomo.

Aprendendo com os melhores

A jogabilidade de Harry Potter: Quidditch Champions muda de acordo com a posição do jogador, mas no geral é bem intuitiva. De início, pode parecer estranho pilotar a vassoura, mas existe um extenso tutorial protagonizado pela família Weasley que nos ensina tudo nos mínimos detalhes. A participação dos personagens da franquia é bem intensa neste jogo e o melhor: todos estão com a mesma dublagem vista nos filmes!

Entretanto, quem for jogar sozinho provavelmente vai sentir grandes dificuldades em administrar o time inteiro por conta própria. Quase sempre, nós acabamos focando em um único jogador e deixando o resto por conta da IA, o que acaba sendo bem arriscado nas dificuldades elevadas. Você passará a maior parte do tempo usando um artilheiro, enquanto os demais serão controlados apenas esporadicamente.

A campanha singleplayer dispõe de quatro torneios diferentes – que na prática são apenas três, já que por algum motivo eles consideraram o tutorial como um campeonato. Além da Copa Weasley, você também poderá encarar a Copa das Casas de Hogwarts, a Copa do Torneio Tribruxo e a Copa Mundial de Quadribol. Cada um deles vai escalonando a dificuldade gradativamente, mas jogar nas mais difíceis é opcional.

O jogo ainda permite jogar cada torneio em co-op ou enfrentar seus amigos no modo versus, seja em modo local ou online (com partidas de no máximo três jogadores de cada lado). Ao jogar online, você deve assumir o papel de dois jogadores do time e trabalhar em equipe para conseguir vencer, deixando tudo bem mais interessante. A versão cooperativa também é bem bacana, mas existe um problema nela: seu progresso nunca é registrado quando jogado em co-op!

Não entendi o motivo de permitirem jogar as copas em co-op sendo que não ganhamos um único galeão dessa forma. Essas moedas servem para comprar novos itens cosméticos para os jogadores do time, incluindo até mesmo personagens icônicos da franquia. Não existem microtransações em Quidditch Champions (o que é ótimo), então bloquear o progresso dessa forma não faz o mínimo sentido.

De qualquer forma, Harry Potter: Quidditch Champions não oferece nada além disso: você tem essas copas, tem a opção de jogar online e acabamos por aqui. O título é divertido e tem um visual cativante, além de nos permitir customizar a aparência de cada jogador do time – o que é bem legal. Contudo, acaba sendo apenas mais um jogo de serviço baseado em repetição extrema, cuja única atividade é jogar essas mesmas partidas de quadribol infinitamente.

Me diverti bastante nas minhas primeiras horas com Quidditch Champions, mas depois minha vontade de retornar para o jogo foi quase zero. Acredito que todo esse lance de quadribol teria sido bem mais aproveitado se fosse um dos minigames de Hogwarts Legacy. Esse título se sairia muito melhor como algo free-to-play, onde mais pessoas teriam a oportunidade de jogar e manter o modo online vivo. No formato atual, a magia do quadribol não vai muito longe.