É muito curioso perceber que o gênero tower defense ganhou ainda mais espaço com as telas de toque, porém com a versatilidade do Nintendo Switch, títulos como Broken Universe – Tower Defense, desenvolvido e publicado pela Jinthree Studio, surgem como gratos respiros.
Repleto de conteúdo, que carrega muito do estilo gacha por conta da sua origem no mobile, e com visual carismático, este jogo vai provar que sobreviver e manter sua “torre” viva até o fim de cada partida não será uma missão muito simples.
Preparar, apontar e… Fogo!
Sempre gostei muito deste estilo de jogos e por muitos anos acompanhei a franquia Kingdom Rush, por se diferenciar com sua proposta medieval e ser literal ao “tower” que era necessário defender. Broken Universe chamou minha atenção por levar expandir essa proposta e levá-la para o espaço, oferecendo uma grande variedade de campos de batalha, com uma infinidade de armamentos e estratégias.
Um guaxinim chamado Roco acaba causando a explosão do universo inteiro, mas tudo sem querer. Isso acontece quando ele vai presentear sua amada com um colar e que acaba criando uma reação interestelar, literalmente quebrando os planetas e dando o nome ao jogo. Sua missão é viajar pelas estrelas em busca da guaxinim rosa, contando com a ajuda de cientistas e robôs que se unirão à Roco ao longo da jornada.
A brincadeira com “broken” no título justifica os planetas rachando e fazendo com que criaturas estranhas invadissem as superfícies que exploramos em busca da nossa amada. O desafio fica por conta de utilizarmos a tecnologia à disposição de Roco para protegermos nossa nave espacial das hordas de inimigos. Estes, que reforçam a criatividade dos desenvolvedores, aparecendo das maneiras mais bizarras e engraçadas, com comportamentos muito inesperados.
Avestruzes enfezados, piranhas voadoras, tatus com olhos vidrados em seu alvo, marsupial com fome, rinocerontes e hipopótamos com sangue nos olhos, tartarugas manipuladas telepaticamente, animais marinhos aos montes e um zoológico espacial inteiro para ameaçar sua vida. Isso sem contar as fases com espíritos e seres sobrenaturais, que complementam o catálogo de bizarrices que você encontrará ao longo do jogo.
Com um visual cartunesco e muito bonitinho, independente do quão estranho estes seres possam ser ameaçadores, o comportamento de todos eles são iguais: ir de encontro à sua nave para destruir. Com animações diferenciadas para cada tipo de inimigo, os menores e que aparecem aos montes devem ser analisados e acompanhados com cuidado, para você não perder o controle durante uma partida, pois eles inundarão a tela.
O destaque fica para dois tipos de ameaça: primeiro, os “mini-boss”, que surgem como animais de médio tamanho e caminham ao longo do cenário para tentar destruir a nave de Roco, mas desrespeitando os caminhos e trilhas que existem, passando por cima do que tiver pela frente. Por último, mas não menos importante, os chefões de cada planeta, que aparecem na última fase obrigatória (sendo a terceira ou quinta fase).
Esses chefões podem ser animais, máquinas, híbridos, seres extraterrestres ou sobrenaturais, mas que muitas vezes “seguem” o estilo do planeta e seus minions. Por exemplo, no planeta em que o tema é a floresta, os minions são animais tropicais e o chefão é um papagaio gigantesco. Assim como num planeta árido, todos os animais são caracterizados como se estivéssemos na savana.
Curioso, instigante e divertido
Escolhas que são curiosas nem sempre são ruins, porém fogem bastante do padrão e fazem com que Broken Universe consiga surpreender de maneira positiva. Primeiro de tudo está no esquema de pontuação das partidas, em que você precisa acumular cristais, através dos drones que você usa para controlar suas construções pelo cenário ou também ao derrotar um inimigo.
Estes cristais também servem como “energia” para custear toda e qualquer construção que você fizer. Ou seja, para obter as três estrelas em cada fase, você precisará controlar custo, armazenagem e uso desses cristais.
Além do formato para pontuação, os desenvolvedores foram muito além quando pensamos em evolução durante os nove planetas que precisamos explorar. Só o modo história oferece pelo menos mais de 100 fases, dentre as obrigatórias e extras, além disso temos os modos de jogo: desembarque, desafio, sem fim e exploração. Todos possuem a mesma ideia do modo história, mas com gameplay mais extensos e contínuos, com regras que escalonam a dificuldade.
Falando em dificuldades, você terá os tradicionais “normal” e “hard”, com a adição de um “wild mode”, que precisa ser desbloqueado e promete exigir muito esforço dos jogadores. Confesso que todas as partidas até o quarto capítulo foram finalizadas sem muito esforço e utilizando apenas torretas de ataque corpo a corpo ou à distância.
Sem muita dificuldade até metade do jogo, inclusive pousando a nave próxima da área de aparecimento dos inimigos, joguei todas com velocidade aumentada, o que foi uma boa adição para evitar o desgaste ao longo de tantas fases e planetas. Na tentativa de evitar partidas fáceis demais, o jogo emite um aviso na tela sugerindo você jogar no “hard mode”, dependendo de como você progride e pousa sua nave no planeta.
Houston… We have a problem!
Mesmo com tanto conteúdo para ser aproveitado, explorado e desbloqueado, Broken Universe derrapa onde a maioria dos jogos peca: na repetição desenfreada. Repare que além de tudo o que já pontuei, você também tem modos de expedição, árvore de habilidades da sua nave e drones, fabricação de novas armas, upgrade do arsenal que você conquista e customização das partidas. É realmente muita coisa para se fazer, mas o principal acaba sendo igual por nove planetas e média de oito fases por planeta.
Os deslizes também aparecem para quem escolhe jogar sem a tela de toque, utilizando apenas os joy-cons. Controlando um cursor na tela através do analógico esquerdo, você utilizará ZL e ZR para abrir os menus que dão acesso às construções e opções durante a partida. O problema é que são muitas opções para ser encontrado, decidido e usado em tempo real, sem os inimigos alterarem sua velocidade ou comportamento. Se não usar a tela de toque e demorar demais, você vai sofrer por isso!
Infelizmente o jogo se esforça muito e oferece demais, para no fim você construir um estilo de gameplay e optando por um loop com uma única combinação de arsenal, deixando o jogo rodar em velocidade aumentada para 2x e fazendo o mínimo necessário. As influências mobile e quase como um gacha, só faltou a opção de jogabilidade automática para fazer deste um novo “joguinho de celular” e que acabará passando sem o merecido reconhecimento.