Robin Hood foi um personagem parte do folclore inglês, que roubava dos ricos e dava aos pobres. Essa história é bem conhecida e foi retratada em filmes e desenhos. The Legend of TianDing conta praticamente a mesma história, só que uma versão taiwanesa. Desenvolvido pela Creative Games & Computer Graphics (CGCG), estúdio de Taiwan, e publicado pela Neon Doctrine, que tem Vigil: The Longest Night no catálogo, o jogo conta a história de Liao TianDing, o protagonista inspirado no herói inglês.
The Legend of TianDing se passa num período histórico real retratando a invasão japonesa a ilha de Taiwan em 1909 (apesar da situação ter acontecido em 1895). Não quero entrar em detalhes sobre quem é bom e quem é mal baseado em fatores históricos, mas, no jogo, o Japão é o vilão e o jogo mostra a opressão do exercito e polícia japonesa sobre os cidadãos taiwaneses.
Fazendo o bem, sem olhar a quem
O maior desejo de Liao TianDing é fazer justiça, roubando a riqueza do império japonês e distribuindo aos seus conterrâneos taiwaneses. Durante todo o jogo, é possível dar dinheiro aos pedintes na rua e o dinheiro praticamente serve pra isso e você não precisar gastar com nada mais, apesar de ter um vendedor de armas, mas entro nesse detalhe mais a frente.
O jogo é um beat ‘em up side scrolling com liberdade. Ou seja, diferente dos títulos antigos desse gênero, em que você só segue pra frente fase após fase, em The Legend of TianDing a cidade e os entornos em que o jogo se passam estão abertos pra você explorar na hora que quiser. É como se fosse um hub. Progredindo no jogo, ele vai direcionando o jogador às fases e elas acontecem em lugares que não são possíveis acessar a qualquer momento como andar pela cidade.
No entanto é possível rejogar as fases através de um NPC que permite você reviver as memórias. Isso é útil para retornar ao locais para pegar itens que não eram possíveis na primeira vez, porque você não tinha a habilidade necessária, por exemplo. Ou simplesmente não percebeu aquela entrada secreta que leva para os baús. Ou ainda você quer mais dinheiro para poder comprar uma espada mais forte ou mais bolinhos que para recuperar a vida.
O justiceiro porradeiro
Existem diversos NPCs com missões secundárias espalhados pelo mapa. As missões sempre são do tipo “perdi meu chapéu, pode ir encontrá-lo?”, ou “a polícia (japonesa) veio e levou minha mercadoria, pode recuperá-la?”. Liao TianDing é o Robin Hood taiwanês, é claro que ele vai fazer esses favores. Bom, se você quiser, vale ressaltar, já que são missões secundárias. As recompensas, na maioria das vezes, são amuletos que dão mais ataque, vida, ou habilidades como pulo triplo, aumenta a quantidade de vida que o bolinho recupera, entre vários outros.
Cada amuleto tem um peso para ser carregado na bolsa. Os que dão atributos mais fortes, pesam mais. Você começa com três slots de peso, o que dá três amuletos de um slot, ou um de três slots. É possível aumentar a bolsa com sua melhor amiga. Existem também os colecionáveis, que são adquiridos ao dar esmola aos pedintes, nas fases e como recompensa nas missões secundárias. Aqui vale um elogio a parte aos colecionáveis.
Eles garantem bônus como derrubar menos moedas ao morrer, aumenta as chances de achar bolinhos de vida pelas fases, entre outros. São 145 colecionáveis. Alguns bônus se repetem, ou seja, a porcentagem é aumentada pegando colecionáveis diferentes com o mesmo atributo. O mais legal dos colecionáveis, é que eles são itens reais daquela época contando a história do período colonial japonês. É muito detalhe e dedicação nessa parte. Eu amo história, então achei incrível.
A porradaria rola solta em The Legend of TianDing. O Robin Hood taiwanês usa uma faca, que pode ser melhorada no vendedor que mencionei antes, mas o jogo não mostra nenhum atributo que o convença de que a faca nova (e mais cara) é mais forte. Liao usa um lenço para imobilizar os inimigos quando eles estão fracos, roubando a arma deles. Então, no fim das contas, o herói tem diversas armas a sua disposição. Essas armas tem uma duração limitada, podendo ser aumentada com os amuletos.
The Legend of TianDing faz o básico bem
O jogo oferece alguns momentos de plataforma, nada muito complexo. O protagonista conta com uma corda que pode levá-lo para lugares mais altos jogando em pontos específicos. Liao TianDing pode correr, pular (até três vezes no ar), pular em paredes e planar. Ele aprende ataques especiais com o avanço do jogo. Tudo isso é bem executado, mas nada inovador, é o arroz e feijão de sempre nesse tipo de jogo.
O jogo brilha no visual e como a história é contada. The Legend of TianDing tem um estilo artístico como se fosse um mangá. As cutscenes contando a história, em alguns momentos, é uma mistura dos gráficos ingame e, às vezes, as páginas de um mangá com um pouco de animação. Não é muito comum de ver um estilo como esse por aí. O jogo tem uma história simples, mas que mostra corrupção, traição, justiça e momentos tristes. O final verdadeiro, sem spoiler, deixa gancho para um próximo jogo. Já o outro final, bem, fica no mistério…
The Legend of TianDing é um jogo divertido, a possibilidade de roubar as armas dos inimigos (até mesmo arma de fogo) é uma mecânica que aumenta o dinamismo das lutas, aliado a um gameplay bem fluído, torna o jogo bastante agradável. Mas ele poderia ser maior, já que é possível zerar em 4 horas com o final normal, e umas 6/7 horas para o final verdadeiro. Além da história que poderia ser melhor aproveitada com fatores históricos tão ricos em que o jogo se baseia. É um título recomendado para os amantes de um bom beat ‘em up 2D e elementos de plataforma.