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Que o mercado já está lotado de metroidvanias, principalmente do universo indie, é inegável. Enquanto alguns apodrecem no esquecimento, outros como Hollow Knight e Bloodstained seguem a todo vapor com seus sucessos. Vigil: The Longest Night aparece no meio termo entre ambos, sendo um excelente título de seu gênero, mas que cai em alguns erros que podem afastar os jogadores.

Um dos maiores destaques é que o título lembra demais o jogo Bloodborne, sendo que se ninguém me dissesse que ele apenas é inspirado no material, eu pesquisaria para ver se não fazem parte do mesmo universo. Ouso dizer que se inspiraram até demais, já que a dificuldade também lembra bastante ao game lançado apenas no PlayStation 4. Porém, não pense que a Glass Heart Studio apenas copiou e colou as coisas aqui, prometendo não desapontar ninguém em sua jornada.

Versatilidade à la Bloodborne

O mundo está coberto pela escuridão, sem o sol e mergulhado nas trevas. A longa noite trouxe diversos monstros para Vigil: The Longest Night e cabe você, no papel de Leila, destruir as criaturas enquanto busca sua irmã perdida. A membro da vigília, uma ordem de guerreiros, não foi treinada para combatê-los, mas sua versatilidade garante sua sobrevivência.

Essa versatilidade permite que a heroína percorra os horrores do game com bastante opções em mãos. Além de poder utilizar várias armas, a árvore de habilidades é extremamente rica. Você tem uma para cada estilo de combate e, inclusive, uma apenas para os atributos centrais de Leila como o HP, velocidade de recuperação da stamina e vários outros facilitadores.

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Leila é versátil demais e só não sabe voar no jogo.

Outra coisa bacana em Vigil: The Longest Night é a possibilidade de você deixar Leila totalmente desarmada e se ver obrigada a cair na mão com os seus oponentes. Obviamente isso não dará tão certo assim, mas é um grande desafio para quem achar que está fácil destruir as criaturas que aparecem na sua frente. Pessoalmente falando, eu não recomendo, mas é um bom exercício e mesmo em níveis altos pode ser um problema.

Os combates são inteligentes, mas realmente inspirados em Bloodborne conforme citei acima. É um golpe, rolamento, outro golpe, uso de itens e estudo da reação dos inimigos. Transportar esse sistema para um metroidvania poderia ter dado muito errado, mas a Glass Heart Studio conseguiu fazer isso com maestria e apesar de você ter muitas mortes no caminho, em momento nenhum sente que a culpa foi do game, mas sim da sua impaciência. Quem é fã do gênero vai estar em casa, quem não é que terá de respirar fundo e ir com calma.

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Batalhe enquanto dormem, ataque enquanto descansam.

Já que eu citei a stamina aqui, a dica desse review é não deixá-la chegar ao fim. Você vai e, acredite, me amaldiçoará por ter avisado. Mas evite o máximo que puder. Quando ataca, desvia, usa magia, um item ou qualquer ação, você gastará um pouco dela e, chegando ao fim, levará um tempo para carregar. Agora pense que isso sempre ocorrerá enquanto ataca um grupo maior de inimigos, ou um chefão. E nesse tempo você fica totalmente paralisado e vulnerável. Uma merda, certo?

Porém, o jogo te instiga a usá-la em abundância, então cabe a você encontrar um equilíbrio onde poderá dominar esse gasto sem problemas. No início eu acreditei que era um grande empecilho e que podia ser um erro no cálculo da desenvolvedora, mas quando você começa a se organizar melhor, verá que realmente é uma medida que foi criada no intuito de dificultar seu caminho mesmo. Afinal de contas, cortar tudo que é monstro na sua frente é fácil, quero ver se aguenta ficar parado uns segundos enquanto eles te atacam e você está sem energia.

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Cuidado com a stamina, esteja sempre alerta.

Dicas à parte, muitos catalogam Vigil: The Longest Night como um jogo de terror também e venho afirmar que eles estão errados. Apesar de aparecer umas criaturas monstruosas e tão terríveis que só pode ter saído de um pesadelo, a intenção aqui é apenas te fazer pensar 2x antes de atacar. Esse pequeno instante que você se pergunta que diabos é o que está na sua frente e como você fará para matá-lo pode ser extremamente decisivo para a vitória do inimigo. E aqui eles usam isso com muita vantagem, diga-se de passagem.

O que realmente passa essa atmosfera é uma mistura da arte, que remete aos recortes chineses e sua trilha-sonora, criada pela banda finlandesa Whispered e o artista Jouni Valjakka. Ambos te deixam apreensivos em relação ao que encontrará e qual será a próxima aberração que estará na sua frente. Apesar de toda a ação, isso tudo cria vida enquanto segue seu caminho de forma solitária nos cenários e todo som farão você ficar tenso com o controle em mãos.

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Não se assuste, apesar do monstro isso aqui não é terror.

Mistérios noturnos

Falando em uso da aparência, Leila também é extremamente personalizável. Todos os itens mudam de verdade o visual da personagem e torna o combate numa verdadeira passarela de estilo. E não pense que esse é um ponto negativo, é muito bacana trocar de máscaras, roupas e ter essas diferenças em tela. Ainda por cima, muito pelo contrário dos jogos japonesas, em nenhum momento a heroína é sensualizada ou fica com pouca roupa apenas por fanservice. Um grande avanço, diga-se de passagem.

Outro destaque vai para a cidade principal de onde sua aventura começa e seus personagens. A forma como o roteiro te guia realmente envolve a sua história com os demais e faz você se importar com o que está acontecendo ali. A saga de Bruna, por exemplo, apesar de fazer parte da quest principal te dá bons momentos de investigação. A mãe que não queria que a garota namorasse o rapaz, o envolvimento da jovem com um professor e seu desaparecimento não te deixam descansar enquanto não descobrir alguma pista.

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Do que diabos vocês estão falando???

O mistério em Vigil: The Longest Night está em todo o lugar, desde salas ou passagens secretas enquanto explora as áreas até a história, que está repleta dele. As pessoas por aqui também escondem bastante coisas e cabe a você descobrir o que está nas entrelinhas para resgatar pistas do que pode ter rolado com a irmã de Leila. E isso te incentivará a seguir até o derradeiro fim da saga, por bem ou por mal.

Esse mistério segue contigo até o final, qual pode ter vários desenrolares e você pode se deparar inclusive com finais diferentes para a sua jornada, dependendo do caminho que tomou e as escolhas que realizou. São vários fins desbloqueáveis e nem sempre o que atingiu pode ser aquilo que gostaria de ver.

Falando agora dos defeitos dele, o nome do título é levado ao pé da letra nas telas de carregamento. Tudo gera uma dessas e elas demoram muito mais do que deviam. A primeira, ao acessar o título e carregar seus dados salvos, é realmente longa e você sente que literalmente vai levar a noite toda para isso. Certo, parei com as piadinhas. Mas incomoda bastante, às vezes é apenas uma mudança de cenário e fica um minuto parado olhando para a tela, entende?

Imagem do review de Vigil: The Longest Night
Você entendeu o que está escrito? Nem eu…

Apesar da tradução estar excelente, também devo salientar que há bug em vários dos textos que mostra eles embaralhados e se sobrepondo, não dando para ver nada do que está escrito. Alguns deles eu realmente me esforcei, mas prefiro tentar ler as coisas anotadas à mão de um médico do que isso. E apesar do nome do jogo e suas inspirações serem óbvias, não jogue ele de noite, principalmente após um dia cansativo. Não é por ser desinteressante ou pelos ambientes serem repetitivos, mas te dará sono, com toda a certeza.

Apesar das reclamações, devo admitir que a Glass Heart Studio, mesmo usando várias inspirações, criou algo tão original com esse material em Vigil: The Longest Night que isso te deixará curioso até o fim da jornada de Leila. Se você já é um fã do gênero ou sente falta de games mais difíceis, o jogo é a pedida mais certa para agora e não desapontará quem busca algo sombrio para ter em suas mãos.

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