Sendo o jogo de estreia da System Era Softworks, uma empresa formada por diversas mentes criativas já com carreira na indústria dos jogos, Astroneer é uma empreitada que está em desenvolvimento há pelo menos 3 anos, disponível em acesso antecipado desde dezembro de 2016. Finalmente, chegou em sua versão de lançamento. Mas será que todo esse tempo de maturação deu resultado?
Tive a oportunidade de testar o jogo tempos atrás quando ainda estava em early access, e tenho que dizer, jogar esta versão final foi quase como jogar um jogo totalmente novo, pois muita coisa mudou desde o início do desenvolvimento. O jogo passou por uma grande transformação, contanto com a ajuda do público, mas manteve suas raízes.
A fronteira final
Já no menu inicial, temos à nossa disposição uma espécie de enciclopédia que nos fornece detalhes sobre basicamente todas as possibilidades que temos dentro do jogo. Desde os comandos básicos, até a construção de bases, coleta de recursos e planetas disponíveis para exploração.
Este é um recurso bastante interessante para um jogo do gênero, pois torna de fácil consulta tudo o que precisamos saber, tanto para os novatos quantos para o mais experientes – inclusive durante o gameplay no menu de pausa.
Seu principal objetivo em Astroneer, se posso chamar assim, é desenvolver uma base de operações, coletando recursos e os gerenciando para aprimorar seus equipamentos e assim chegar à altura de poder construir uma nave, para dessa forma explorar novos planetas.
Cada novo planeta a que chegamos apresenta, além de recursos diferentes para se coletar, uma atmosfera diferente e mais desafiadora. Os planetas estão divididos por dificuldade, e a cada nível se torna mais complicado sobreviver neste novo ecossistema. Você precisa estar muito preparado para explorar um planeta cujo ar está repleto de metano, por exemplo.
Poderia dizer que este jogo é uma mistura de Minecraft com No Man’s Sky, porém muito mais enxuto, sem nada tão “procedural” envolvido, o que torna a experiência de Astroneer bem mais objetiva e talvez mais atraente do ponto de vista de um jogo que segue uma linha de evolução clara. Há diversas possibilidades, claro, mas sem excessos desmedidos.
Assim que iniciamos uma nova exploração, a formação do planeta é gerada aleatoriamente. Logo, cada vez que iniciar um novo jogo, a maneira como o planeta será criado será totalmente diferente, podendo ou não te beneficiar, te colocando em um ponto estratégico e com fácil acesso a uma gama maior de recursos ou em um local menos privilegiado.
De início, para os novatos tanto no gênero quanto neste título, suas mecânicas e interações podem parecer um tanto confusas e complexas. Há uma grande variedade de possibilidades e elementos que requerem nossa atenção, o que também é um ponto que pode agradar aqueles que procuram uma experiência do gênero. Mas o tutorial (assim como a enciclopédia) com certeza serão de grande ajuda no aprendizado e utilização dos recursos, pelo menos no básico.
O seu maior limitador aqui – além da energia – é o oxigênio, por isso é imprescindível instalar um oxigenador em sua base e criar uma rede de cabos para assim expandir a área que você consegue explorar, até ter acesso a um veículo – que suporte um oxigenador -, assim podendo ir bem mais longe. Ter reservas de oxigênio em sua mochila para eventuais emergências também é sempre uma boa.
É importante sempre checar os níveis de energia e principalmente de oxigênio, pois seu personagem pode sufocar e consequentemente morrer, e assim você perde todos os itens que coletou na sua exploração. Felizmente, se retornar ao local da morte em tempo, você encontrará sua mochila com os itens, assim podendo reavê-los.
Todos os nossos equipamentos necessitam de energia para funcionar, e para isso temos o gerador. Nossa base gera energia ilimitada para nós, e nossa mochila também armazena certa quantidade dela que utilizamos para criar itens pequenos com a impressora.
Podemos carregar conosco geradores portáteis que irão gerar energia a partir de recursos orgânicos. Isso pode ser uma solução para momentos de emergência ou quando não temos acesso a uma fonte de energia maior.
Porém, determinados equipamentos requerem mais energia para executarem suas tarefas. Para tal podemos transmitir energia direto de nossa base, a partir da rede de cabos, ou caso tenhamos um veículo grande, carregar um gerador nele. Assim tendo energia para qualquer momento.
A exploração se baseia tanto em terrenos abertos na superfície, quanto em cavernas que encontraremos. Essas cavernas nos levam a galerias subterrâneas onde encontraremos uma gama muito maior de recursos – sendo alguns somente encontrados nesta região. O grande porém é que essas áreas costumam ser de difícil acesso, e até você ter plenas capacidades de exploração – de preferência até um veículo -, não será muito proveitoso acessá-las.
Também podemos encontrar detritos de antigas explorações pelo caminho, sendo itens curiosos que nos fazem pensar que outros já estiveram lá antes de nós. No meio destes detritos, podemos obter artefatos muito úteis para nossa jornada, itens refinados e que às vezes nem temos acesso ainda, deixados para trás pelos que vieram antes.
Um dos principais problemas durante a exploração é a capacidade limitada dos saltos de nosso astronauta. Talvez isso seja proposital, como uma simulação de gravidade. Mas de qualquer maneira isso incomoda pelo fato dele não saltar bem, até mesmo obstáculos menores, te obrigando a dar a volta ou pensar em alguma outra solução.
A câmera também pode ser um pouco incômoda, pois ela não acompanha tão bem os nossos movimentos, fazendo com que a visualização se torne um problema às vezes, principalmente em locais fechados como cavernas.
Um pequeno passo
De início não temos acesso a muitos recursos, precisando começar basicamente do zero e iniciar nossas explorações aos poucos. Um dos equipamentos fundamentais durante o jogo é nossa mochila. Nela, simplesmente armazenamos tudo o que coletamos, além de fornecer e armazenar energia e oxigênio.
Este armazenamento, porém, é limitado, sendo importante saber gerenciar o que é imprescindível e o que não é, dessa forma fazendo a exploração render mais. Carregar itens desnecessários só irá entulhar sua mochila e espaço de armazenamento precioso, e cada recurso armazenado na mochila poderá ser posteriormente refinado para criação de outros elementos.
Refinando materiais, você terá acesso a elementos mais robustos para construir objetos mais complexos. Todo esse processo de criação envolve não somente o refinamento de matéria prima minerada, como também equipamentos de maior porte, como uma fundição, uma centrífuga de solo ou também nosso laboratório de química.
Pode parecer um pouco complexo explicando, mas é um avanço que se mostra bastante natural durante o gameplay. Podemos consultar nossa enciclopédia ou nosso catálogo de criações para saber o que será necessário para avançar.
A cada novo elemento descoberto, novas fórmulas de criação são liberadas, e elas ficam armazenadas no catálogo de criações para fácil consulta. Dentro dele, também podemos desbloquear novos equipamentos, veículos e mais para termos acesso a suas fórmulas e a possibilidade de construí-los.
Para desbloquearmos novas fórmulas, precisamos de “bits”, que são uma espécie de moeda do jogo. Os bits nos são fornecidos ao coletar certas amostras de espécies nativas de cada planeta, encontradas com mais abundância nas galerias subterrâneas.
Outra maneira de conseguirmos acesso a novos recursos é examinando materiais encontrados no planeta em nossa câmara de pesquisa, para descobrir novas matérias primas e consequentemente novas fórmulas de criação. Ao fazer isso, conseguimos coletar mais bits também.
A mochila também nos fornece uma impressora que serve para criarmos itens pequenos que nos serão úteis durante a exploração. Porém, para termos acesso à criação de itens maiores, precisaremos de uma impressora mais robusta, que só teremos acesso conforme avançamos e descobrimos novos elementos de criação.
Além desta impressora pequena, a mochila nos equipa com uma ferramenta de terreno que nos permite coletar recursos, escavar, nivelar e adicionar terreno. Uma ferramenta básica e indispensável, mas que nos leva a outro problema: o recurso de “terraformação” que temos acesso com ela. A função é imprecisa e volátil, sendo complicado utilizá-la para adicionar terreno, ou seja, criar uma ponte ou passagem é possível, mas exigirá muita habilidade de quem o faz.
Em todos os planetas – de maneira aleatória – existirão portais que poderão ser encontrados, e ao serem ativados servirão como um transporte rápido (fast travel) para os planetas aos quais nós já visitamos – mediante a ativação dos mesmos portais nos respectivos planetas. Eles são difíceis de serem encontrados e exigirão um nível de exploração avançado, além de serem complicados de ativar. Não são necessários para a conclusão do jogo, mas são úteis.
Há também a possibilidade de se jogar em modo co-op com amigos, tornando a exploração menos hostil e solitária – e talvez até mais divertida. Atualmente podemos convidar pessoas da nossa lista de amigos para se juntar a nossa jornada, mas futuramente o jogo dará suporte a servidores, assim tendo a possibilidade de nos juntarmos a pessoas aleatórias em sessões abertas ou não.
Graficamente, o visual de Astroneer é bem colorido no geral, com cores vivas que dão destaque para seus cenários e variedade para os materiais que iremos descobrindo. Os modelos dos objetos e do personagem apresentam um aspecto cartunesco, low-poly, não sendo tão realistas mas contando com detalhes no que é realmente necessário.
No quesito sonorização, os efeitos são tímidos, sem muito destaque. Porém, na parte da trilha, temos músicas consistentes tocando em momentos chave durante a exploração, criando uma atmosfera de vastidão e mistério com uma pegada espacial realmente envolvente.
Astroneer é definitivamente um jogo com diversas possibilidades e muito foco na exploração e gerenciamento de recursos. Em planetas mais hostis, a sobrevivência é um fator crucial. No geral, vai agradar muito aqueles que curtem o gênero ou procuravam algo mais enxuto e objetivo neste formato. Talvez jogar sozinho seja um pouco maçante, mas na companhia de camaradas a experiência é certamente bem mais agradável. Afinal, ninguém desbrava planetas sozinho.