Um fuzileiro espacial, carregado de armas, explorando um planeta desconhecido lotado de criaturas bizarras e sanguinárias. Você já viu esse clichê dezenas de vezes antes, não há uma gota de originalidade aqui. Entretanto, há um bom motivo para esse clichê ser tão comum: é delicioso ser um fuzileiro espacial destroçando alienígenas feiosos.
Zombotron é a ressurreição de um jogo que explodiu muitas cabeças na Era de Ouro dos jogos em Flash para navegador, com gráficos e sons bastante melhorados, uma historinha qualquer coisa, senso de humor e muita carnificina.
Viagem Insólita ao Planeta da Destruição
Zombotron não tem muita explicação. Você é um mercenário chamado Blaze Rush, tem um robô flutuante de assistente, pousa em um planeta não-mapeado para verificar um misterioso chamado de emergência, monstros aparecem, você mata e avança, tem uma trama em algum lugar, pow pow pow, fim. Sério que alguém estava esperando um enredo? Não há problema algum nessa ausência de substância, porque a criação de Ant.Karlov mais do que compensa isso com toneladas de diversão.
No trajeto desse guerreiro, haverá uma ampla variedade de armas para encontrar e escolher, assim como explosivos. Apesar desse arsenal, o próprio ambiente pode ser utilizado como formas criativas de mandar seus inimigos para a vala: desmoronamentos de pedras, vigas de madeira que caem, cilindros de gás que explodem, reações em cadeia violentas. A física funciona bem nesse planeta, embora a movimentação da personagem, com o tronco muito independente das pernas, possa confundir no começo.
Você pode avançar com cautela, mirando seus tiros nas cabeças, ou ser criativo e soltar sua destruição interior. Você verá até mesmo algumas espécies diferentes brigando entre si. Em alguns momentos há tantas coisas violentas acontecendo na tela ao mesmo tempo que parece uma sessão de Broforce.
Morrer em consequência de uma decisão mal tomada não é incomum. Felizmente, os mapas são fixos, então com o tempo você pode memorizar a posição dos inimigos e o caminho nas fases, embora os itens que você consegue sejam aleatórios. Uma distribuição justa de checkpoints ajuda no avanço.
Os ambientes seguem diferentes temáticas, desde bases abandonadas, passando por ruínas alienígenas, minas perdidas e outros cenários de ficção-científica vulgar que outros jogos visitaram antes. Mas os gráficos são tão bem-feitos que Zombotron consegue uma identidade própria e vários elementos reagem ao tiroteio intenso, explodindo, soltando fagulhas, quebrando ou morrendo.
Há uma leve camada de evolução de personagem em Zombotron, onde você também pode obter peças de armadura melhores, com diferentes impactos em suas estatísticas, assim como é possível investir pontos em atributos básicos. Felizmente, o título não te força a adotar um estilo, arma ou tática específicos. Lugares secretos espalhados pelo mapa costumam ter os melhores equipamentos, então, fique de olho!
Blaze Rush não é o típico herói mudo de jogos de ação ou um edificante paladino da justiça. Ocasionalmente, ele solta comentários truculentos ou canastrões, seguindo a escola de Duke Nukem. Não chega a ser uma personalidade completa, mas dá o tom do humor de um jogo que já não parecia mesmo se levar à sério com tantos inimigos esquisitões.
A Vingança Sangrenta das Bestas Mutantes
Inicialmente, Zombotron foi lançado com uma dificuldade que era desconfortável para vários jogadores. Morrer, por exemplo, significava perder sua arma equipada e parte do equipamento, precisando retornar até o cadáver para recuperar. A munição era escassa, os inimigos mais duros, os chefes eram quase impossíveis. O povo reclamou – e a voz do povo é a voz de Deus – e Ant.Karlov deu uma nerfada de respeito no próprio jogo.
Entretanto, a emenda pode ter desagradado outra parcela de jogadores. A grande verdade é que Zombotron agora ficou fácil demais e é possível completar o jogo de ponta a ponta em poucas horas, com munição e itens de cura sobrando em larga quantidade. Para quem curte desafios, essa aventura pode ter se tornado meio decepcionante agora. Felizmente, o desenvolvedor já se comprometeu a fazer algo que devia ter feito desde o início: um seletor de dificuldade.
Em busca de uma jogabilidade que não canse, Zombotron acaba também se arriscando por soluções que são insatisfatórias. Eu particularmente não me importaria se o jogo fosse tiroteio e explosões do início ao fim, mas ele traz algumas missões diversificadas que poderiam ser melhores.
Tomemos, por exemplo, a sequência com o veículo. Essa parte é um festival de poder e truculência, em que você finalmente atropela e metralha seus inimigos sem preocupações – mas a brincadeira dura muito, muito pouco. Em contrapartida, a fase onde você precisa escoltar e defender um aliado é tão ruim quanto você já viu em outros jogos: seu aliado está em constante perigo, não tem a mínima noção de segurança e tem uma propensão a morrer em locais onde você não consegue ressuscitá-lo.
No matraquear do chumbo grosso, Zombotron termina sendo uma diversão escapista das melhores, uma saudação a uma era que já passou ou até mesmo um renascer de um estilo descompromissado e frenético.