A SEGA e o Ryu Ga Gotoku Studio finalmente trazem para o Nintendo Switch 2 dois jogos que representam momentos importantes na consolidação da franquia Like a Dragon. Estou falando do Conjunto Yakuza Kiwami e Yakuza Kiwami 2, que chega dia 13 de novembro com os remakes dos dois primeiros capítulos da saga de Kazuma Kiryu, com melhorias gráficas e performance pensadas especificamente para o novo hardware da Nintendo. Esta é mais uma daquelas oportunidades valiosas para quem deseja mergulhar nas origens de uma série emblemática na história dos games ou revisitar esses capítulos com uma camada de polimento técnico adicional.​

Yakuza Kiwami reconstrói a jornada original de Kazuma Kiryu, o lendário Dragão de Dojima, que após assumir a culpa pelo assassinato de seu chefe passa uma década na prisão. Ao sair, em 2005, ele encontra Kamurocho completamente transformada, com seus antigos amigos desaparecidos e dez bilhões de ienes do clã Tojo misteriosamente roubados. A narrativa explora temas de lealdade, traição e redenção enquanto Kiryu tenta proteger uma jovem chamada Haruka, que se torna alvo de praticamente todas as facções criminosas do país.

Yakuza Kiwami 2, por sua vez, avança a cronologia para 2006 e coloca Kiryu em confronto direto com Ryuji Goda, o Dragão de Kansai. Com a morte do quinto presidente do clã Tojo, Yukio Terada, Kiryu é forçado a retornar ao mundo yakuza para negociar a paz entre as facções de Tojo e Omi. O que deveria ser uma missão diplomática em Sotenbori rapidamente se transforma em uma guerra territorial que ameaça destruir Kamurocho. A trama entrelaça conspirações que remontam a mais de 20 anos, revelando segredos enterrados e testando os limites da determinação de Kiryu.​​​

Um jogo, duas filosofias

Aqui reside uma das características mais distintas deste conjunto, pois cada jogo utiliza uma engine completamente diferente, resultando em experiências de combate que dialogam de formas opostas. Yakuza Kiwami mantém o sistema de estilos de luta introduzido em Yakuza 0, oferecendo quatro abordagens distintas de combate (Brawler, Rush, Beast e Dragon of Dojima). O estilo Brawler equilibra velocidade e poder, ideal para combos versáteis, enquanto Rush prioriza mobilidade extrema e ataques rápidos, Beast sacrifica agilidade por força bruta devastadora, e, por fim, o estilo Dragon of Dojima representa o ápice técnico de Kiryu, combinando elementos dos outros três em uma abordagem equilibrada.

Yakuza Kiwami 1 & 2

A mudança entre estilos pode ser executada fluidamente durante o combate, especialmente após desbloquear técnicas específicas que permitem transições instantâneas ao finalizar combos ou durante provocações. Esta flexibilidade tática convida o jogador a experimentar e adaptar-se dinamicamente aos desafios apresentados por cada confronto.​

Yakuza Kiwami 2, construído sobre a Dragon Engine, abandona completamente o sistema de múltiplos estilos em favor de uma abordagem híbrida que funde elementos dos estilos Brawler e Dragon. O combate se torna mais pesado e cinematográfico, com cada golpe transmitindo um impacto ainda mais fote e amplificado pela física implementada com essa engine. Os inimigos voam literalmente pelos cenários quando atingidos, ricocheteando em paredes e móveis de forma satisfatoriamente caótica.​​

Yakuza Kiwami 1 & 2

A grande inovação da Dragon Engine está na integração ambiental sem carregamento. Você pode entrar e sair de estabelecimentos instantaneamente, e iniciar lutas em qualquer local, seja uma loja de conveniência, um restaurante ou a própria rua. Ambientes destrutíveis adicionam profundidade estratégica: móveis podem ser chutados contra adversários, objetos podem ser combinados com o cenário para ataques devastadores, e praticamente tudo ao redor se torna uma ferramenta de destruição.​

O sistema de Heat também foi reformulado, trocando a barra contínua de vida para Kiwami 2 utilizar Heat Orbs que deixam claro quantos pontos cada Heat Action consumirá. O Extreme Heat Mode permite executar combos prolongados de dano massivo quando o medidor está completamente carregado, culminando em finalizadores brutais que definem a franquia.

Profundidade além do combate

Ambos os títulos oferecem vastas opções de entretenimento em Kamurocho e Sotenbori, recriando fielmente os distritos baseados nas reais Kabukicho e Dotonbori. A densidade de conteúdo é impressionante, oferecendo atividades em karaokê, boliche, jogos de arcade, gerenciamento de cabarés, corridas de pocket circuit, golfe, beisebol, cassinos, casas de acompanhantes e uma infinidade de pequenas histórias ou missões secundárias que variam do hilário ao emocional.​ Sem contar que Yakuza Kiwami também introduz minigames de gerenciamento imobiliário em que Kiryu pode investir e expandir negócios.

Yakuza Kiwami 1 & 2

Já Kiwami 2, as opções com a Saga Majima, um modo de jogo separado que permite controlar Goro Majima e explorar eventos entre Kiwami e Kiwami 2, acabam foram expandidas significativamente. Este conteúdo adicional oferece perspectivas inéditas sobre a mitologia da série e aprofunda a caracterização de um dos personagens mais icônicos da franquia. O gerenciamento de cabaré retorna com melhorias substanciais, criando um minigame viciante que pode facilmente consumir dezenas de horas.​

A progressão de personagem também diverge entre os títulos, pois Kiwami utiliza um sistema baseado em pontos de experiência e habilidades que devem ser desbloqueadas através de árvores de talentos específicas para cada estilo, enquanto Kiwami 2 simplifica esse processo, mas compensa com um sistema de crafting de armas e equipamentos mais robusto.​

Yakuza Kiwami 1 & 2

Além disso, uma das adições mais controversas de Yakuza Kiwami é o sistema Majima Everywhere, com Goro Majima, o excêntrico Cão Louco de Shimano, assumindo a missão de retreinar Kiryu para que ele recupere sua força após uma década de prisão. O resultado é um sistema em que Majima pode literalmente aparecer em qualquer lugar, a qualquer momento, disfarçado das formas mais absurdas imagináveis.​

A transição de Yakuza Kiwami para Kiwami 2 representa uma das maiores revoluções técnicas da franquia, tendo muita influência de Yakuza 0. A mudança para a Dragon Engine transformou drasticamente como a série se apresenta visualmente e como o jogador interage com seu mundo.​ A eliminação de telas de carregamento ao entrar em estabelecimentos foi revolucionária, criando uma sensação de continuidade e imersão que títulos anteriores não podiam oferecer. As animações e gráficos deram um grande salto, com iluminação dinâmica e os efeitos de partículas retrabalhados para criarem atmosferas mais ricas e cinematográficas. Texturas de alta resolução e modelos de personagens detalhados aproximaram a série de padrões AAA contemporâneos.​

Yakuza Kiwami 1 & 2

No entanto, os chefes apresentam um problema crítico, pois muitos foram diretamente transplantados do jogo original sem adaptação adequada para o sistema de combate de Yakuza 0. Eles possuem super armadura excessiva, bloqueiam constantemente e abusam de contra-ataques, tornando confrontos menos sobre habilidade e mais sobre paciência. A mecânica Kiwami, onde chefes recuperam vida rapidamente quando reduzidos a saúde baixa, forçando você a trocar para o estilo correspondente à aura colorida que emanam e usar um Heat Action específico para interromper a cura, é particularmente frustrante. Frequentemente, o tempo necessário para executar a interrupção mal compensa a vida que eles já recuperaram.

Do neon ao noir

Yakuza Kiwami mantém a paleta visual da engine anterior a Dragon Engine, com iluminação mais estilizada e menos naturalmente dinâmica. Há um charme particular nessa abordagem ligeiramente datada, que evoca a estética do final dos anos 2000 de forma quase nostálgica. Os letreiros luminosos, as vitrines de lojas, os becos estreitos repletos de lixo e pôsteres, tudo contribui para uma atmosfera densa e vivida.

Yakuza Kiwami 1 & 2

Kiwami 2 eleva drasticamente a fidelidade visual, pois a Dragon Engine permite iluminação global em tempo real, reflexões mais precisas e efeitos climáticos impressionantes. Sotenbori, inspirada no distrito Dōtonbori de Osaka, oferece um contraste fascinante com Kamurocho. Suas ruas são mais largas, as fachadas mais coloridas, e há uma energia ligeiramente diferente que captura a identidade cultural distinta de Kansai comparada a Tóquio. A icônica placa de Glico que domina a paisagem de Sotenbori tornou-se símbolo visual da franquia.

Os designs de personagem equilibram realismo e exagero estilístico. Kiryu e seus aliados são apresentados com detalhes faciais impressionantemente realistas, especialmente em Kiwami 2, onde captura de movimento mais sofisticada permitiu performances nuançadas. Simultaneamente, antagonistas são frequentemente caracterizados com traços exagerados que comunicam imediatamente suas personalidades: cicatrizes dramáticas, expressões perpetuamente agressivas, roupas extravagantes que beiram o absurdo.

Yakuza Kiwami 1 & 2

A música sempre foi componente fundamental da identidade Yakuza, e ambos os remakes apresentam trilhas sonoras que misturam composições originais com arranjos reimaginados dos temas clássicos. Yakuza Kiwami traz faixas que reinventam temas icônicos da série com instrumentação mais modernos, com a criação de paisagens sonoras que transitam fluidamente entre tensão dramática e explosões de energia durante confrontos.​

O karaokê, tradição da série, oferece performances genuinamente divertidas que revelam aspectos inesperados da personalidade de Kiryu. As versões cantadas por Takaya Kuroda, dublador japonês de Kiryu, possuem um charme particular, especialmente considerando que Kiryu é apresentado como deliberadamente desafinado, criando momentos de comédia autêntica.

Entre a tradição e o moderno

Yakuza Kiwami e Yakuza Kiwami 2 para Switch 2 oferece uma oportunidade única para quem deseja mergulhar nas origens da saga de Kazuma Kiryu ou revisitar essas histórias com melhorias técnicas. São jogos que demonstram a evolução da franquia, tanto narrativamente quanto tecnologicamente, apresentando duas abordagens distintas de design que refletem diferentes filosofias de desenvolvimento.

Yakuza Kiwami 1 & 2

Kiwami é um remake mais conservador, respeitoso demais com sua fonte em alguns aspectos, mas que oferece combate versátil e o sistema Majima Everywhere que, apesar de seus excessos, adiciona personalidade única. Kiwami 2 representa um salto técnico impressionante, com visual e imersão espetaculares que redefiniram expectativas para a série, embora seu combate simplificado possa não agradar quem valoriza variedade tática.

Ambos carregam imperfeições que revelam suas origens como reconstruções de jogos projetados para outra era e sensibilidades de design. Chefes desbalanceados, ritmo narrativo irregular e missões secundárias inconsistente. Ainda assim, para jogadores dispostos a aceitar essas limitações, o conjunto oferece dezenas de horas de conteúdo envolvente, histórias emocionalmente ressonantes e uma janela fascinante para o coração dramático e frequentemente absurdo que define a franquia Like a Dragon.

92 %


Prós:

🔺Remakes fiéis e bem produzidos
🔺Histórias continuam interessantes
🔺Diversidade de atividades e minigames
🔺Evolução técnica da franquia
🔺Trilha sonora marcante
🔺Inclusão de conteúdo adicional

Contras:

🔻Combate pode se tornar repetitivo
🔻Chefes desbalanceados
🔻Ritmo narrativo irregular
🔻Remoção de áreas presentes nos jogos originais

Ficha Técnica:

Lançamento: 13/11/25
Desenvolvedora: Ryu Ga Gotoku
Distribuidora: SEGA
Plataformas: PC, PS5, Switch 2, XBox Series
Testado no: Switch 2

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