O lançamento de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition marca o retorno da Monolith Soft com um dos seus títulos mais ambiciosos numa remasterização que chega ao Nintendo Switch no fim do primeiro trimestre, com melhorias gráficas, ajustes na jogabilidade e conteúdo inédito, em uma oportunidade para revisitar um clássico do Wii U.
Como um presente para os fãs da franquia e para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de explorar o vasto planeta Mira, considerado por muitos como um dos RPGs que fez parte da mudança nos games do gênero para as gerações mais atuais, Xenoblade retorna após 10 anos de seu lançamento original em uma edição definitiva, mas que ainda carrega algumas escolhas de design que podem dividir opiniões.
Jornada pelo desconhecido
Mesmo depois de uma década, a história de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition continua sendo um dos pilares do jogo, misturando ficção científica com dilemas éticos e revelações surpreendentes. A trama acompanha a luta pela sobrevivência da humanidade após a destruição da Terra, enquanto o jogador explora Mira e enfrenta ameaças alienígenas na tentativa de proteger New Los Angeles. Diferente dos demais títulos, o jogador assume o papel de um avatar customizável, resgatado pela Coronel Elma e recrutado pela organização militar Blade para ajudar na reconstrução da humanidade.

Vale ressaltar que, embora o enredo principal explore temas existenciais e de sobrevivência, a narrativa não possui o peso emocional encontrado em outros títulos da série devido à escolha de um protagonista silencioso e sem personalidade. No entanto, as missões secundárias e as missões de afinidades compensam essa limitação ao aprofundar o desenvolvimento dos personagens e explorar questões sociais, como a convivência entre humanos e alienígenas.
No entanto, o que brilha nesse capítulo da série é o planeta Mira, que surge como o verdadeiro protagonista do jogo. Um mundo aberto fascinante, dividido em cinco regiões distintas, cada uma com biomas únicos, proporciona uma sensação de liberdade incrível, especialmente quando trilhamos uma porção inicial do jogo e liberamos os Skells, espécie de mechas gigantes que permitem explorar o planeta por terra e ar. Vencidas as quase 18 horas iniciais, numa progressão mais lenta, a exploração se torna ainda mais recompensadora por conta de experiência, tesouros e encontros com inimigos colossais. No entanto, a utilização dos Skells acaba sendo limitada por conta dos custos elevados de reparo, o que pode afastar os jogadores que não estão acostumados com títulos mais cadenciados em sua construção narrativa.

Já que temos uma edição definitiva, então vamos às novidades de Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition. Um novo capítulo foi adicionado, acessado após completar a campanha principal, expandindo a história com eventos inéditos como o “Vanishing Event”, a introdução dos Ghosts e a revelação do passado de Elma e Alois, que aprofundam o passado de personagens e oferecem respostas para pontas soltas deixadas no original, garantindo um desfecho mais satisfatório para os fãs.
Além disso, melhorias na interface facilitam a navegação pelo mundo aberto e tornam mais simples gerenciar missões secundárias, com a exibição de todas no mapa, mesmo quando não estão sendo rastreadas. Você também terá controle do tempo (ciclo de 24 horas) diretamente pelo menu e o sistema FrontierNav, antes exclusivo do gamepad do Wii U, foi adaptado para funcionar em uma única tela no Switch, tornando o gerenciamento mais acessível. Ainda nesse quesito sobre gerenciar, agora também é possível trocar os membros da equipe diretamente pelo menu, trazendo maior praticidade sem precisar retornar a New Los Angeles.

Belo, caótico e interessante
O sistema de combate em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition ficou famoso por lembrar um MMORPG, combinando ataques automáticos com habilidades especiais, conhecidas como Arts, que exigem posicionamento estratégico. Esta edição definitiva introduz melhorias como o Quick Cooldown, que permite recarregar instantaneamente uma habilidade para combos mais dinâmicos, ainda que seu uso seja limitado por batalha para manter o equilíbrio. Além disso, o sistema Soul Voice incentiva a coordenação entre os membros do grupo ao oferecer bônus baseados em respostas táticas durante as batalhas, porém isso faz com que a quantidade de informações na tela seja excessiva e torne o combate um caos, principalmente para os novatos.
Os desenvolvedores também repensaram questões relacionadas às mecânicas do jogo, retirando os níveis de BLADE, para simplificar a progressão, e com os relacionamentos entre personagens evoluindo mais rapidamente, desbloqueando missões de afinidade com maior facilidade. Importante ressaltar que agora os personagens que estão fora do grupo ativo também ganham experiência automaticamente, reduzindo a necessidade de grind individual.

Mesmo com uma aventura singleplayer, os jogadores podem se unir em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition para explorar Mira, enfrentar desafios em missões específicas ou participar de batalhas contra chefes globais conhecidos como Global Nemesis. Essas batalhas épicas exigem coordenação e oferecem recompensas valiosas, como itens raros e materiais para melhorar equipamentos. Além disso, o sistema de Squad (Tasks ou Missions) introduz missões e objetivos rotativos no mapa, incentivando a colaboração entre os jogadores para derrotar inimigos ou coletar recursos.
Ao analisarmos o visual, o jogo recebeu um upgrade significativo em relação ao Wii U. Mira continua impressionante com suas paisagens deslumbrantes e arquitetura alienígena detalhada. Os modelos de personagens e texturas foram aprimorados, com resolução mais nítida e desempenho estável a 30 FPS no modo portátil e dock. A interface também foi redesenhada, com texto mais legível e menus mais intuitivos, facilitando a navegação. No entanto, as limitações técnicas do Switch são perceptíveis em texturas inconsistentes e crashes ocasionais. A trilha sonora épica composta por Hiroyuki Sawano permanece um dos destaques do jogo, misturando temas orquestrais e eletrônicos que complementam perfeitamente a atmosfera sci-fi.

Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é uma celebração do legado da série e seu jogo original, como um RPG autêntico e que contribuiu para a transformação do gênero. O mundo vasto e vivo incentiva a exploração constante enquanto o sistema de combate desafia até os jogadores mais experientes. Embora tenha uma narrativa longa, que demora para se mostrar interessante, além da curva de aprendizado íngreme e alguns problemas antigos ainda presentes, esta versão definitiva é indispensável para fãs da franquia ou amantes de JRPGs que buscam uma experiência rica e desafiadora no fim da vida do Nintendo Switch.
Prós:
🔺 Mira oferece um mundo aberto interessante, imenso e imersivo
🔺 Melhorias na interface e qualidade de vida
🔺 Novidades narrativas e personagens extras
🔺 Upgrade no visual mesmo com as limitações do console
🔺 A trilha sonora continua maravilhosa
Contras:
🔻 Campanha principal demora para se tornar interessante
🔻 Curva de aprendizado muito exigente e pode frustrar os mais inexperientes
🔻 Menus continuam confusos, mesmo com algumas atualizações
🔻 O grinding ainda existe e pode se tornar muito repetitivo
Ficha Técnica:
Lançamento: 20/03/25
Desenvolvedora: Monolith Studios
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Switch