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Futuro, uma palavra muito comum nas aspirações da raça humana, sonhando acordada com um mundo tecnologicamente avançado, impérios intergaláticos e todos os elementos sci-fi possíveis. Porém, como quase tudo na vida, jamais paramos para ver o outro lado da moeda. Whispers of a Machine traz um mundo em que a famosa frase de Marshall Mcluhan se mostra em prática e talvez realmente os seres humanos no fim das contas sejam apenas os órgãos reprodutores do mundo das máquinas.

Já havíamos falado anteriormente deste título em um artigo de prévia, mas o que esperar em relação a história completa de Whispers of a Machine? Bom, para começo de conversa, uma ótima mistura entre o universo folclórico nórdico, uma pitada de mistério e um mundo sci-fi à la Blade Runner. Com isso em mente, podemos mergulhar neste fascinante mundo point and click.

O homem matou Deus, e a máquina o homem

Bem vindos a Nordsund, uma pequena cidade futurista, localizada entre lugar nenhum e o ponto mais distante do mundo. Entretanto, pouco sabe a inspetora Vera que algo que foge à compreensão a humana está se formando lentamente no útero metafísico deste cidade. Whispers of a Machine conta com uma ambientação soturna e melancólica, o que aumenta ainda mais a imersão neste universo “Noir Sci-Fi Nórdico”, trazendo um universo em que a humanidade já sofreu na mão das máquinas e baniu toda e qualquer inteligência artificial – I. A. – da Terra.

Imagem do review de Whispers of a Machine.
O que realmente ocorreu com Alex?

Apesar de tudo que aconteceu, o grupo terrorista religioso conhecido como O Conduíte ainda vê as máquinas e as I.A.s como as verdadeiras salvadoras da Humanidade e deseja trazê-las de volta. Os jogadores devem guiar Vera através da cidade de Nordsund, em busca do responsável por diversos assassinatos que andam ocorrendo na cidade, e dar cabo da possível célula terrorista do Conduíte, antes que seja tarde demais. Porém, existem tarefas que são mais fáceis de se falar, do que realmente cumprir.

Durante a história, descobrimos mais sobre Vera também, sobre seu passado e o homem da foto que carrega, chamado Alex. Vera possui uma substancia chamada Azul, uma solução nanotecnológica que foi injetada em seu corpo a fim de ampliar suas habilidades sensoriais e físicas. Infelizmente, a mesma pode causar efeitos colaterais em seus usuários, algo que veremos durante o jogo, tornando a investigação um tanto quanto mais complexa, uma vez que, através disso, Vera terá uma visão maior sobre os acontecimentos corridos e futuros.

Essa mistura de narrativa focando neste mundo desolado tecnologicamente em contraste com a inspetora Vera, que constantemente necessitar utilizar suas habilidades avançadas para poder progredir na história, gera um balanço e compensa os temas da narrativa. Podemos ver isso sendo refletido no jogo no sentido em que os moradores da pequena cidade constantemente sentem curiosidade nas habilidades de Vera, enquanto vivem uma vida mais simples e menos absorta em telas e luzes de LED.

As grandes novidades de Whispers of a Machine agora são as novas habilidades liberadas de acordo com as escolhas do jogador durante a história e que guiam a “bússola moral” de nossa protagonista. Até o momento, consegui liberar apenas a habilidade da runa de TYR, que permite que o jogador faça com que os NPCs selecionados tenham um lapso de memória recente, fazendo com que esqueçam algum evento traumático ou esqueçam que estão falando com uma oficial de Justiça e revelem alguma prova ou pista.

O que aquele tanque esconde é uma ótima metáfora.

No geral, Vera possui três habilidades distintas que são constantes durante o jogo em si, ajudando-a a transpor os desafios e obstáculos em busca da verdade e da resolução dos mistérios que rondam a cidade. A primeira é seu Smart Scan: com ele, Vera pode sondar a área em busca de digitais, manchas de sangue, pegadas, marcas ou qualquer outra evidência que possa parecer suspeita. A segunda ferramenta é seu sensor cardíaco, que permite que a mesma deduza quando uma testemunha mente, ou quando precisa ouvir algo que não deveria ou está longe dos ouvidos comuns. Por ultimo, mas não menos importante, temos a explosão muscular, que permite que ela exerça uma força maior que a de um humano comum por um curto período de tempo.

Tirando a questão das habilidades, não existe muita diferença em relação a outros jogos do gênero. Combinação de objetos é de praxe, busca/mistura de pistas ou objetos que permitam o avanço em relação a história é outro elemento utilizado no gameplay. A existência da bússola que rege a runa em comando das habilidades adicionais é algo interessante, porém fica meio que deixada de lado durante o jogo em si. O que realmente faz saltar os olhos do jogador e que o prende neste universo é mais a fantástica história contada do que as mecânicas de jogo em si.

Imagem do review de Whispers of a Machine.
Um homem e uma mulher mortos em nome de uma vida artificial em um paraíso mecânico.

Whispers of a Machine e o frágil ego humano

O estilo visual de Whispers of a Machine é fantástico, dando um ar de algo que seria facilmente encontrado em um antigo disquete da década de 90, trazendo dentro de si uma impressionante aventura noir cybernética em um mundo imaginativamente impossível. Contando com gráficos que remetem à capacidade gráfica limitada de jogos antigos do estilo (clássicos como – The Secret of Monkey Island 2, I Have no Mouth and I Must Scream e Beneath a Steel Sky), esse título remonta a algo saído direto de uma cápsula do tempo.

Infelizmente, Whispers of a Machine falha em possuir uma trilha sonora capaz de se tornar memorável. Durante o gameplay, contamos mais com o som constante dos ventos que sopram pela cidade do que uma trilha sonora em si. Em contrapartida, a dublagem dos personagens está no ponto, contando com a atuação de atores profissionais. Desta forma, é possível se sentir a emoção que os mesmos desejam transmitir ao incorporarem os personagens que representam.

Hack_the_internet.exe

Whispers of a Machine é uma curiosa experiência de investigação. O jogo não conta com gráficos realistas, apresenta um gameplay razoavelmente lento, pouco agitado. Entretanto, ele é guiado diretamente por sua misteriosa narrativa, que coloca em xeque diversos temas e ideias sobre o que conhecemos e podemos conhecer sobre uma inteligência totalmente artificial. Ela teria direitos? Podemos considerar que a I.A. é algo vivo? Caso queira experimentar em primeira mão esse mergulho nas mentes digitais, pegue o primeiro trem para Nordsund em Whispers of a Machine.

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