Um flash de luz se espalha pelas centenas de cidades e estados americanos. Assim como o advento dos quatro cavaleiros do apocalipse na terra, os locais tocados pela luz se torna estéril, doentio e mortal. Conhecido por ser a fonte de inspiração para a série Fallout, a franquia Wasteland chega com seu terceiro título, desta vez nas planícies gélidas do Colorado. Aquele conhecido como o Patriarca contatou os Desert Rangers em busca de auxílio. No entanto, eles mal podiam prever o que os esperava.
Nada de deserto desta vez, o clima do Colorado é congelante, árido como as dunas desérticas do Arizona, mas esconde segredos mortais em suas sombras. Assim o jogador deve ajudar o patriarca a recuperar o total controle da região, em troca de mantimentos que serão levados de volta ao deserto. Wasteland 3 traz tudo aquilo que amamos da série matriz de Fallout, com novas escolhas, personagens, armamentos e maneiras de criar sua personagem.
Raios de sol, durante o longo inverno
Em Wasteland 3 somos apresentados a nossos dois personagens principais. Após o Team November chegar a região do Colorado e tentar atravessar um lago congelado rumo a uma represa, o inferno desce sob os soldados do pelotão. Agora que estão encurralados, eles devem conseguir uma maneira de escapar ou derrotar seus inimigos. Assim, neste momento, devemos criar o nosso personagens, aqueles que irão nos representar neste insano mundo pós- apocalíptico.
Pessoalmente acabei indo com ambos Rangers, criando um personagem baseado em mim e na minha irmã, uma dupla de de destruição caseira, fazendo o meu personagem como um brawler ridiculamente forte e minha irmã como uma especialista a longa distância. Ou seja, se não tombamos de frente, tombamos de longe, ainda mais com a build de Pontos de Ação que a garota tem, cortando o mapa e “snipando” geral.
Uma vez que tenha derrotado o grupo dos Dorseys, responsáveis pela emboscada, finalmente nos encontramos com O Patriarca do Colorado. Saul Buchanan, um dos membros das famílias ricas do pré-guerra, subiu nos ranks da vida pós as explosões negociando armas, alimento e proteção. Com o tempo, Saul tornou-se o mais poderosos das Cem Famílias do Colorado e tomou o estado todo para si, reinando com um punho de ferro gélido ao melhor estilo colonialista.
Carpete de balas e sangue
A grande novidade de Wasteland 3 em relação aos títulos anteriores é o chamado Background, uma pequena “historinha” que traz um pouco sobre seu personagem, alterando assim a composição inicial do mesmo, garantindo certas habilidades, vantagens e desvantagens em determinados cenários. Destaco o Bookworm, um Background que aumenta a experiência recebida, e a Grease Monkey, que torna danos a veículos ainda mais devastadores.
Quando finalmente nos encontramos com o Patriarca, ele nos conta o porquê de ter nos chamado. Saul foi traído por seus filhos, o trio de irmão mais patriotas que pode existir, sendo eles Liberty, Valor e Victory. Vic é o psicopata dos três e é considerado o mais fácil de ser capturado, Valor é o mestre da tecnologia e visto como uma ameaça média, mas não uma a ser menosprezada e Liberty é a imagem feminina de Saul, o mesmo diz que a jovem era sua sucessora perfeita, porém a sua fome de poder e obsessão por controle a torna instável e perigosa.
Assim somos encarregados de recuperar os filhos da família Buchanan e os levar de volta para que o Patriarca possa decidir o que fazer com eles. Tenha em mente que esta é uma escolha totalmente sua, já que é totalmente possível matar os filhos de Saul. Wasteland é conhecida por ser uma série bem abrangente com as escolhas do jogador: quer matar todo mundo? Vai fundo! Você pode ser desde o pária que merece ser apedrejado em praça pública enquanto congela, ou pode ser o cavaleiro em armadura branca.
Cabras, neve e cadáveres
Wasteland 3 traz novamente seu incrível e detalhado combate em turnos. Aqui o jogador, após se acomodar em sua base “humildemente” cedida pelo Patriarca, pode começar a adquirir novos membros para o esquadrão. Com o limite de quatro Rangers e 2 NPCs, cada membro da equipe é criado de maneira orgânica, ou seja, tanto aqueles criados pelo jogador, quanto NPCs tem os pontos distribuídos e escolhidos pelo jogador.
Habilidades, perks e atributos são equilibrados, permitindo assim ao jogador alcançar a equipe perfeita. Balanceando agressividade, cautela, estratégia e manipulação, no meu grupo por exemplo há um personagem focado em tecnologia, um focado em agressividade/mecânica -adivinhem quem é- , um para cura e um apenas para informação. Cobrindo assim todas as bases de uma party group de RPG.
Como diria aquele famoso ditado: casa cheia, carteira vazia. Com um grande número de membros na party, é necessário um grande esforço de manutenção a fim de garantir que todos tenham armaduras, armas, munição, itens de cura e recuperação. Por isto, é sempre bom ficar atento aos mapas que se atravessa, cada um possui segredos escondidos, além de sempre tentar ter a vantagem em combates.
Outro motivo para se explorar os mapas é que, além dos segredos a serem descobertos como baús e creepy dolls, há também uma quantidade enorme de personagens a se conhecer e interagir. O mundo do jogo conta com dez facções, fora a dos Desert Rangers, cada qual com sua peculiaridade, prós e contras. Afinal de contas, o que importa é a diversidade da party, seja ela com apenas Rangers e cidadãos ou com Rangers, Payasos, Scar Collectors e Goldfishers.
Country roads?
Além do mais, o jogo também é lindo de se ver, a qualidade dos cenários e modelos dos personagens realmente é um a mais no produto final. Trazendo modelos que trazem um ar bem interessante para o jogo, sendo até bem mais criativo que a série da Bethesda. Esse fato é bem triste, tendo em conta todo o passado que ambas as franquias compartilham, mas isso faz parte neste grande mundo do desenvolvimento de games.
No entanto, o jogo apresenta sim alguns pequenos pontos negativos, como a enxurrada de side quests que surgem via rádio. Em alguns momentos estamos atravessando algum lugar e o rádio surge do nada com alguma side-quest maluca. O próprio nome já mostra que a mesma não é obrigatória, mas ver aquele catalogo aumentando cada vez mais me deixa maluco. A pouca inovação no combate deixa tudo um tanto quanto maçante também, mas nada que um pouco de dificuldade elevada no jogo não melhore.
No entanto Wasteland 3 ainda é a melhor pedida para um jogo pós-apocalíptico de peso, com narrativa e passing bem estruturado. Trata-se de um jogo que segue os moldes clássicos do survival estruturados no primeiro jogo da série Fallout, os expandindo cada vez mais. A série promete uma fria, marcante e ensanguentada aventura nas terras abaixo de zero do Colorado.