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Adivinha, doutor, quem está de volta na praça? Eu mesmo! Falou de Warhammer, falou de Andrézinho dos Teclados. Primeiro foi Space Hulk: Tactics, depois Warhammer 40,000: Mechanicus, isso já me deixa com bala na agulha para pedir música no Fantástico?

No mês de março deste fatídico ano do nosso Senhor, eu escrevi uma prévia sobre o beta de Warhammer: Chaosbane, este jogo desenvolvido pela Eko Software e publicado pela Games Workshop. Prometendo revolucionar o mundo de Warhammer Fantasy, um sub-universo focado na fantasia medieval, trazendo o action RPG para esta franquia já clássica. À época, para quem leu o texto, e agora para quem não havia lido também, Warhammer: Chaosbane não estava apto nem a agradar os fãs da série, quem dirá ser uma peça relevante no cenário de action RPGs. O que a versão final nos aguarda de novo?

O office-boy salvador do mundo

Como todo bom jogo de action RPG, estilo que ficou universalmente famoso por Diablo, – sim, universalmente, visto que a comunidade Jupteriana de Diablo 2 é bem maior que a do nosso simples planetinha azul praticamente inofensivo – o personagem principal é uma espécie de office-boy medieval. O grande responsável por salvar a cidade, o país, o planeta ou seja lá que tipo de dimensão também é o mesmo cidadão designado para levar documentos para autenticar no cartório mais próximo.

Tendo como um dos grandes pontos de propaganda de Warhammer: Chaosbane a história principal escrita por Mike Lee, mais conhecido por ser um dos maiores expoentes de obras de ficção do universo de Warhammer Fantasy. Honestamente não o conheço por nenhuma destas obras, porém ele participou também de uma que me cativou profundamente por sua narrativa Splinter Cell: Conviction.

Imagem de Warhammer Chaosbane
Me senti representado.

Porém, apesar de ter um grande nome da comunidade presente como parte fundamental do jogo, a narrativa não poderia ser mais genérica. Com o perdão dos possíveis spoilers, mas vou dar um panorama geral do início para que vocês entendam o nível dos clichês: início com um renegado buscando algum tipo de redenção, é percebido como um prodígio e cuidado por um herói local, o tal herói é atacado e geram-se suspeitas sobre você, viajar o mundo seguindo a trilha do grande vilão DO MAAAAAL para salvar o grande herói. Só com isso já temos basicamente qualquer filme de Sessão da Tarde com aquelas skins de Hércules do SBT. E é só a cena de introdução do jogo.

Mas vamos lá, já que a narrativa tão falada nos materiais de divulgação, não é lá grandes coisa, o resto vai compensar, não é? Não. Do que vocês preferem que eu fale mal primeiro: os gráficos, a jogabilidade, a usabilidade, o pós-jogo ou a experiência geral?

Perfeito! Muito obrigado pelas respostas. De acordo com o Data-Loucos, a primeira opção foi “Gráficos” com 437%. Assim sendo, vamos lá!

Imagem de Warhammer Chaosbane
Gráficos de dar orgulho. Em quem? Não sei.

Considerando que o jogo está sendo lançado a “maravilhosos” 50 dólares, contando que é uma franquia de sucesso, o que se espera é algo um pouco abaixo do que seria um jogo AAA, habitualmente lançado a 60 dólares em terras de presidentes alaranjados com guaxinins albinos sobre a cabeça. E pode ficar esperando sentado. Aliás, melhor não. Espera deitado, porque sentado vai acabar lesionando suas nádegas.

Há algumas semanas atrás eu resolvi rejogar God of War 2, já que era um dos quais eu nunca havia terminado no meu falecido Playstation 2, apesar das incontáveis horas de jogo. Devo dizer, com dor no meu coração, que a parte visual de GoW 2 é muito, mas muito mais agradável do que os gráficos de Warhammer: Chaosbane. E eu não estou levando datas de lançamento em conta, só o puro aspecto visual.

Personagens absolutamente repetitivos, sem o mínimo de carisma, equipamentos e armas nos quais textura parece ser arquivo de luxo. Paletas de cores que possam fazer algum sentido, aparentemente, passaram longe das opções a serem escolhidas pelos gerentes de projeto. Por mais que, habitualmente, personagens principais destes jogos acabem por parecer mais um cosplay de Carmem Miranda do que um guerreiro de fato, não precisavam exagerar na dose. Não só não possuem qualquer coerência, noção ou contexto próprio, como ainda não são divertidas nem empolgantes.

Imagem de Warhammer Chaosbane
É agora que recomendo crossfit?

Anyone, but you

Feito esse velório dos gráficos, vamos para a segunda opção da enquete: Jogabilidade, com 822% dos votos. Jogabilidade… Que conceito mais abstrato para a equipe da Eko Software… Ok, não necessariamente abstrato, mas acredito que Warhammer: Chaosbane seria um bom jogo do meio da década de 1990. Tudo o que algum de vocês possa ter experienciado em qualquer, repito qualquer outro action RPG, você pode remover o polimento e viver igualzinho aqui.

Vale dizer que existe UMA coisa nova na jogabilidade que eu achei muito legal. Existem 3 tipos de ataques a serem lançados: de geração de mana, magias convencionais e magias que podem ser controladas. É justamente esse controle que é O diferencial da jogabilidade. Enquanto você lança um raio de fogo na direção dos inimigos, Warhammer: Chaosbane te dá a possibilidade de lançar uma esfera de energia e controlar seu posicionamento com o mouse ao mesmo tempo. Com isso, você tem a capacidade de atacar de duas formas ao mesmo tempo e ter variedade de jogabilidade em pelo menos um ponto.

Imagem de Warhammer Chaosbane
Tem gente que não se dá bem com pimentas.

O pós-jogo, algo que considero como essencial em um action RPG, é ínfimo em Warhammer: Chaosbane. Ah, claro, por pós-jogo estou dizendo outras atividades a se fazer uma vez que a campanha tenha sido terminada. Sejam elas novas caçadas, maiores desafios, outras maneiras de vivenciar a campanha, seja lá o que for. Qualquer coisa, pelo amor de tudo o que é mais sagrado.

O que Warhammer: Chaosbane oferece? Os mesmos chefes, do mesmo jeito, nos mesmos locais. Tudo o que você já jogou – e não foi nada divertido, ele te traz a chance de fazer de novo. E sendo ainda menos divertido. Quando você gosta de alguma arena que um jogo oferece, como por exemplo os combates de Batman: Arkham Asylum, maravilha que o jogo te dê a chance de viver só isso em um contexto a parte. Mas na situação que a primeira vez já foi intragável, ter a possibilidade de fazer de novo, é só mais um motivo para voltar a Diablo e abandonar esse jogo.

De tudo isso, o ponto que mais me incomodou foi a usabilidade. Muitos de vocês podem nem reconhecer o significado imediato da expressão, mas vou explicar rapidinho: “Usabilidade é um termo usado para definir a facilidade com que as pessoas podem empregar uma ferramenta ou objeto a fim de realizar uma tarefa específica e importante.” Estamos na mesma página agora? Então partiu!

Imagem de Warhammer Chaosbane
Feng-shui não é o forte desse pessoal.

Uma parte extremamente importante de jogos do gênero é o gerenciamento de inventário. Entender quais são os itens disponíveis para se utilizar, os melhores para cada conceito, limitações de personagem ou níveis, basicamente ter uma mini tabela do Excel para cada item e poder analisar ponto-a-ponto. Em Warhammer: Chaosbane, todos os itens são jogados de uma forma incompreensível, os valores comparados são completamente diferentes para cada um deles, fazendo com que não seja possível uma análise macrogerencial de quais itens que possuímos são melhores. Com isso, o que deveria ser uma das partes mais recompensadoras do jogo, conseguir loots, gerenciar e se melhorar, torne-se uma tarefa escrota.

No fim das contas, a experiência geral de Warhammer: Chaosbane conseguiu ser, na versão pronta do jogo, algo ainda pior do que havia sido na versão beta. Caso você queira jogar algo da série Warhammer, pegue qualquer outro jogo. Caso queira jogar um action RPG, pegue Diablo, Diablo 2 ou 3, Torchlight ou sua sequência, até Book of Demons é uma opção melhor. Ainda mais pelo valor de lançamento do jogo. Basicamente a única coisa engraçada dele é a piada que é seu preço.

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