Você conhece o Efeito Lúcifer? Caso não conheça, esse é o título de um livro do psicólogo americano Philip Zimbardo, onde o mesmo busca investigar o que faz pessoas boas cometerem atrocidades. Tal efeito pode ser exemplificado através de inúmeros experimentos, mas, para entender a sua relevância, basta apenas voltar à Segunda Guerra Mundial, onde oficiais alemães cometiam atrocidades com os prisioneiros. É justamente esse fato macabro que War Mongrels explora, contando a história de soldados desertores que, em um momento de lucidez, descobrem a realidade que estavam submetidos.
Com uma jogabilidade similar à de títulos como Desperados, War Mongrels busca entrar no gênero de jogos de furtividade isométricos. Durante as missões, os soldados deverão tomar cuidado com aqueles que, em um certo momento, lutavam ao seu lado. Combinar as diferentes habilidades dos aliados com a movimentação dos inimigos é de fundamental importância.
Atrás das linhas inimigas
Durante o início do jogo, você é apresentado aos dois personagens principais da trama. Dois soldados alemães que, em meio à guerra, perceberam os horrores que estavam sendo submetidos, preferindo desertar a viver nesse inferno. Entretanto, a deserção é descoberta, e ambos são presos. Em meio ao transporte para a punição, seu veículo tomba no meio do campo de batalha, dando tempo suficiente para que ambos escapem.
É nessa parte que você entende o que lhe aguarda. No meio das linhas que outrora eram aliadas, o objetivo de War Mongrels é fazer com que você quebre a cabeça para cumprir os objetivos de cada fase. Como os dois personagens estão em desvantagem numérica, apelar para a furtividade, isolando inimigos e eliminando-os sem que ninguém perceba, é a única alternativa viável.
Nesse caso, cada personagem contará com habilidades únicas. Para ter a vantagem, ações referentes à distração podem ser empreendidas, fazendo com que as patrulhas saiam de posição. As possibilidades são enormes, e caberá a você decidir qual a melhor tática.
O barulho gerado pelas habilidades também possui um fator importante. Certas habilidades permitem matar furtivamente, enquanto outras geram barulho que alertam os soldados próximos. Além disso, o som pode servir de isca para os inimigos, então não é de todo mal ser espalhafatoso.
Caso você se canse do modo furtivo, é possível resolver tudo na base da bala. Nesse caso, você pode controlar os personagens pelo WASD do teclado ao invés do mouse. Entretanto, os personagens só podem usar certos tipos de arma, e a munição é escassa. Partir para essa solução requer planejamento tático.
Muito drama, pouca inovação
Pensando no quesito inovação, War Mongrels não adiciona muito. A fórmula já foi explorada por títulos como Desperados e Commandos, então jogadores que já estão acostumados com essas franquias não irão ter problemas de adaptação.
O diferencial, porém, é a história. A temática de redenção dos protagonistas, aliada aos constantes abusos que o exército alemão comete durante todo o jogo, dão um toque especial à história. É comum ver os personagens conversando entre si durante as missões, comentando o que acontece e a sua percepção de tudo isso.
As alternativas, por mais que existam, não são tão criativas como as dos jogos citados. War Mongrels pode ser até competente no que faz, mas não acrescenta nada ao gênero. A história, contudo, é bem explorada e vale a pena, mas, fora isso, não há nada de inovador.