Os últimos anos foram marcados por uma grande febre de metroidvanias na indústria de games – mas dentre essa infinidade de títulos, podemos dizer que existe uma subcategoria dedicada exclusivamente a um dos jogos mais influentes do gênero: Hollow Knight. Sua atmosfera sombria e combates exageradamente difíceis certamente serviram de inspiração para muitos outros games, incluindo Voidwrought.
O estúdio sueco Powersnake não escondeu que bebeu muito da fonte de Hollow Knight para criar Voidwrought. As semelhanças são bem nítidas, mas ainda assim, este título não deixa de construir sua própria personalidade através de um universo que parece ter sido retirado da mente de Hidetaka Miyazaki. Temos aqui uma história épica de deuses, cultos, bençãos e maldições.
Filho das trevas
Neste jogo controlamos um ser chamado de Simulacro, que misteriosamente emerge de um casulo a fim de coletar Icor – o sangue divino que agora se encontra em diversos monstros que assolam a região. Esse é o único contexto que recebemos ao iniciar o jogo; semelhante a um título da série Souls, o enredo aqui não é posto à mesa de forma explícita. Tudo funciona como um quebra-cabeças onde você coleta pequenas informações através de colecionáveis e diálogos.
Dito isso, já temos aqui o primeiro ponto negativo. Não sou contra esse tipo de narrativa mais fragmentada, mas ninguém pode negar que acaba ficando muito fácil perder o interesse na história. De início, estive bem intrigado em relação à mitologia apresentada por Voidwrought, mas com o tempo, nada do que foi apresentado ali chamou minha atenção ao ponto de querer saber mais. O jogo tem uma lore bacana, mas não vai muito além disso.
O que realmente chama a atenção em Voidwrought é o seu visual, que foi todo desenhado a mão. Em termos de “temática trevosa”, a direção de arte casa perfeitamente com sua proposta, se destacando não somente na ambientação, mas também no design dos personagens e criaturas. O próprio Simulacro já é bem estiloso, mas os chefes também não perdem em nada.
A trilha musical também é um caso à parte, enriquecendo bastante sua atmosfera sombria. A combinação das músicas com os efeitos sonoros são outro dos pontos mais fortes do jogo – um fator que torna a exploração bem mais interessante. Por mais simples que Voidwrought seja em todo o resto, nesse ponto não há do que reclamar. Explorar os infinitos caminhos do seu mapa é bem divertido e muito disso se dá pelo combo visual e sonoro.
Explorando uma civilização antiga
Já se tratando da parte prática de Voidwrought, temos aqui um metroidvania bem comum que não busca grandes inovações. É importante ressaltar que nem sempre isso é um ponto negativo, já que não é um requisito reinventar a roda o tempo inteiro. Contudo, quem já está mais que familiarizado com o gênero pode achar esse aqui muito básico e até mesmo fácil demais.
O combate é bem competente, apesar de se manter limitado demais nas primeiras horas de jogo. Conforme liberamos novos movimentos para o Simulacro, as coisas ficam mais interessantes. Quem jogou Hollow Knight provavelmente vai tirar esse aqui de letra, já que a lógica é quase a mesma: você passa a maior parte do tempo pulando e encaixando combos aéreos nos inimigos.
No geral, achei Voidwrought fácil demais – tanto no combate quanto na exploração. Os chefes trazem batalhas bem legais e diversificadas, mas nada que vá colocar um jogador experiente em grandes riscos. Muitos metroidvanias também costumam balancear a jogatina com alguns desafios de plataforma, em alguns casos beirando a insanidade. Esse é um fator presente neste jogo, mas de forma muito escassa e bem mais fácil que de costume.
Um recurso que achei bacana é o sistema de relíquias, que traz mais de 50 itens que podem ser encontrados e equipados para garantir algumas vantagens em combate. A variedade de efeitos e benefícios é alta, o que proporcionada builds realmente únicas. Existem relíquias para todos os gostos e estilos de jogo, então vale a pena testar uma por uma para descobrir qual se adequa melhor à suas preferências pessoais.
Voidwrought certamente tem suas qualidades e está bem longe de ser um jogo fraco dentro do gênero, mas no final, acaba sendo só mais um “arroz com feijão” dos metroidvanias. Esse é um daqueles jogos mais acessíveis, que acabam servindo como uma boa porta de entrada para novatos neste mundo de combate e exploração. Quem gosta de um desafio mais elevado pode sair decepcionado, mas nem tudo precisa ser tão difícil o tempo inteiro, não é mesmo?
Prós:
🔺 Visual sombrio e imersivo
🔺 Ótima trilha sonora
🔺 Combate competente
🔺 O sistema de relíquias deixa o gameplay mais único
Contras:
🔻 Um metroidvania bem básico
🔻 É fácil perder o interesse na história
🔻 Não espere grandes desafios
Ficha Técnica:
Lançamento: 24/10/2024
Desenvolvedora: Powersnake
Distribuidora: Kwalee
Plataformas: Switch, PC
Testado no: Switch