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Jogos independentes que seguem a fórmula “plataforma + 8-bits + ação/aventura” são mais manjados que a piada do pavê em reuniões familiares, mas não dá pra negar que nós adoramos. Venture Kid é um desses jogos que não se destacam em absolutamente nada: não é marcante, não é único e muito menos original, mas cumpre muito bem o que promete e isso é bom.

O estúdio responsável, Snikkabo AS, foi curto e grosso ao descrever o jogo como “uma boa recordação do passado” em sua página na Steam – e é exatamente isso que ele é! Sem esconder em nenhum momento sua forte inspiração em Mega Man, Venture Kid é tão semelhante aos jogos do bombardeiro azul que é basicamente uma homenagem e uma ótima pedida pra quem está órfão dessa franquia.

Mega Man sem armadura

Aqui não temos nosso querido robô azul, mas temos um menino de carne e osso vestindo azul: Andy. O vilão da nossa história é o Dr. Teklov, que está construindo uma arma especial que o ajudará a conquistar o mundo – aquele velho papo de cientista maluco. Cabe a Andy, com a ajuda de seus amigos, encarar uma jornada até a fortaleza de Teklov para pôr fim aos seus planos maléficos.

Logo no menu principal a referência a Mega Man 2 é nítida, então quando eu digo que tudo é inspirado em Mega Man, é porque é tudo mesmo! Uma surpresa muito bem-vinda é que o jogo está localizado em português brasileiro. Tudo bem que ele não tem quase nenhum texto para ler e mesmo com pouco ele ainda apresenta uns erros de digitação bizarros, mas ainda é surpreendente o fato de um título tão pequeno demonstrar esse cuidado.

Socorro! O Prince of Persia quer me matar!

O formato do jogo já é bem manjado. Mais semelhante aos Mega Man do NES, o game é de plataforma e você conta com fases lineares – mesmo que ainda apresente uma ramificação de caminhos vez ou outra, só tem um que te leva para o chefe, então no final dá na mesma.

Há nove fases, todas contendo um chefe no final e um item secreto para ser encontrado. Também é possível coletar moedas ao longo das fases, o que é acumulativo e eu sinceramente não entendi o porquê, já que não existe uma loja onde podemos gastá-las, então é um coletável completamente inútil!

Derrotando o chefe e concluindo a fase você será recompensado com uma nova arma (ou poder), que pode te auxiliar tanto no combate quanto na exploração dos cenários. Infelizmente, até isso foi aproveitado de Mega Man, pois todas as armas possuem um ataque ou utilidade idênticos aos poderes que recebemos tanto na série clássica quanto na série X. O bumerangue, por exemplo, serve para atacar e coletar itens inalcançáveis, enquanto a arma de gelo congela inimigos e os transforma em plataformas. Quem já é velho de casa na saga do robô azul não vai ver nada de novo por aqui.

Toca aquela musiquinha do Ducktales…

Homenagem basicona

Ao mesmo tempo que Venture Kid é bem fiel a sua maior inspiração, ele falha bastante em tentar construir uma mínima identidade para si mesmo. Não tem nada de errado em homenagear Mega Man, mas não custa caprichar mais nas personagens, cenários e inimigos, não é mesmo?

Um dos motivos de qualquer saga do robô azul ter dado tão certo é que todo um universo foi construído, um mundo que apresenta uma temática na qual o jogo se baseia, personagens que servem de pilares para sustentar o background daquilo tudo. A história dos jogos? Não precisa! Toda a saga clássica é o eterno embate entre Mega Man e Dr. Wily, e só! O fato daquele universo ter sido elaborado já tornava desnecessária qualquer complexidade, que foi aparecendo nas sagas seguintes como consequência da evolução, mas que sempre foi dispensável nos jogos mais antigos.

Pior lugar para você brincar com sua britadeira, mano!

Se o objetivo é ser nostálgico e oferecer um bom jogo de plataforma e ação, tudo bem, mas não precisa ser tudo do mais genérico possível. As personagens possuem zero carisma, basta olhar pro visual do protagonista e ver que não é nada demais – nem na roupinha deram uma incrementada! Todas as fases seguem ambientes e cenários clichês e desconexos que víamos bastante na época, como uma cidade seguida de um deserto seguido de uma floresta. Não é de todo ruim, mas também deixa a desejar.

Os inimigos e os chefes são baseados na fase em questão, mas nada têm a ver com o vilão do jogo, que você até esquece que existe. Na fase do deserto, por exemplo, você enfrenta múmias enquanto na floresta são macacos que vão aparecer para te importunar. Além do mais, se você espera um bom nível de desafio em Venture Kid, então comece jogando na dificuldade máxima, pois no Normal não há desafio algum. A dificuldade máxima pelo menos estende a vida útil do jogo, já que você mal leva duas horas para terminá-lo.

Os gráficos são bem minimalistas e seguem o 8-bit padrão, o que não é problema, afinal nesse caso menos é mais. A trilha sonora é um ponto a ser elogiado, pois todas as fases possuem músicas bem variadas e divertidas de ouvir, o que se encaixa bem no estilo do jogo.

Venture Kid é uma homenagem honesta a uma das maiores e melhores franquias dos videogames, mas falha em construir uma identidade para si mesmo e acaba virando um clone genérico. Se a intenção era apenas oferecer uma experiência nostálgica e divertidinha, então eles conseguiram, mas ainda faltou capricho em todos os outros fatores. Vale a pena jogar apenas se estiver por um preço muito baixo e, obviamente, caso você não tenha nenhum jogo de plataforma melhor para jogar.

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