A obra de Robert Kirkman, The Walking Dead, é um grande sucesso em suas duas formas, HQ e série de TV. Felizmente, o jogo veio para somar forças e elogios. Desenvolvido pela Telltale Games e lançado para PC, Mac, Xbox 360 e PlayStation 3, o jogo de point and click tem tudo para agradar os fãs da franquia. São 5 episódios, sendo o primeiro intitulado A New Day. Os demais episódios serão lançados a cada mês, de maio a agosto deste ano. The Walking Dead está sendo vendido digitalmente como um pacote fechado com os 5 episódios, sendo que cada um será liberado para download em sua respectiva data de lançamento.
Na trama, que antecede os eventos da HQ e série de TV, o jogador encarna um novo personagem: Lee Everett, preso após matar um senador pego em flagrante com sua esposa. Lee está sendo transferido para outra prisão, saindo de Atlanta, quando o carro da polícia atinge um errante e capota. É assim que começa sua nova vida, em um mundo já dominado por errantes.
Ferido e procurando ajuda, Lee foge dos errantes até chegar à uma casa aparentemente abandonada. Ao entrar, descobre que há mensagens na secretária eletrônica testemunhando a morte de um casal, que tentou a todo custo fazer contato com a babá e sua filha, Clementine, que ficaram sozinhas em casa. A babá virou errante e tenta te matar, mas você é salvo pela filha do casal. Começa então um laço paternal que o guiará pelo resto do jogo, até o último episódio.
A primeira coisa interessante a se reparar é o visual, com traços de quadrinhos mas diferente da obra original. Eu particularmente gostei muito, mas creio que os fãs mais exigentes ficariam felizes se houvesse uma opção para deixar tudo em preto e branco. Os traços lembram a técnica usada no filme O Homem Duplo (A Scanner Darkly). A Telltale também se esforçou bastante para dar vida aos personagens. As expressões convencem mais do que em outros games da produtora, como o recente Jurassic Park: The Game. Diria também que The Walking Dead consegue trabalhar a carga dramática de um jeito inédito no gênero. A ação é um detalhe secundário no game, dando mais ênfase para a história e a relação que você desenvolve entre os personagens.
Por falar em personagens, temos os conhecidos Glenn, Hershel e um de seus filhos, Shawn. Entre os personagens inéditos está você (Lee), a família Ken, Kat e o filho Duck, a repórter Carley, Doug, Lilly e seu pai rabugento Larry. A trama apresenta também outros personagens secundários, que morrem tão rápido que fica difícil de guardar seus nomes.
Apesar de ser um game point and click, ele funciona de forma mais simples. Você anda livremente pelo cenário e utiliza o cursor para interagir com pontos de interesse. Tais pontos te dão várias opções como examinar, conversar, dar algo à um personagem, golpear um errante, e assim por diante. O cursor lhe oferece até quatro ações diferentes de interação, todas mapeadas com os botões. Além disso, durante as conversas você possui até cinco opções de diálogos ou respostas – quatro botões e a opção de ficar em silêncio. Dependendo da sua escolha, que na maioria das vezes deve ser feita em curto tempo, o personagem com quem você conversa pode mudar de comportamento: confiar em você, te ajudar, suspeitar de você, te odiar, ou até mesmo morrer por sua causa. Porém não há escolhas erradas aqui; trata-se apenas de possibilidades oferecidas pelo jogo, para que você encarne o personagem e molde a aventura ao seu gosto.
Quanto aos quebra-cabeças, não há nada de complicado pelo menos neste primeiro episódio. Tudo é guiado pela própria necessidade de Lee, como procurar uma barra de cereal para confortar Clementine, achar pilhas para um rádio, uma chave para abrir uma porta, um remédio para curar alguém, ou mesmo encontrar armas para usar contra os errantes. Nas poucas (e ótimas) cenas de ação, o jogador fica limitado à alinhar o cursor com um ponto de interesse para escapar, salvar alguém ou desferir um golpe em um errante. As cenas são simples em sua execução mas consegue deixar o jogador em pânico devido ao curto tempo para pensar e reagir, uma vez que você nunca sabe o que vai acontecer. E isso é muito melhor do que inserir o famoso (e tão odiado) Quick Time Event em toda parte do jogo.
O primeiro episódio de The Walking Dead dura cerca de 2 horas, mas já vale a experiência. Só não espere nada muito elaborado ou complicado, muito menos um jogo repleto de ação. O que você encontrará aqui é um point and click simplificado, com uma história bem elaborada, personagens interessantes, e situações que exigirão raciocínio rápido para não virar comida de zumbi.