O lançamento de The Outer Worlds ocorreu em 2019 e renovou a crença dos fãs de RPG no trabalho da Obsidian. Com a descoberta de novos mundos e um profundo mergulho na história dos habitantes daquela realidade, passando de disputas políticas até mesmo o mais puro suco de batalhas espaciais, ele se tornou um hit instantâneo e conquistou milhões de jogadores por todo o mundo.
O grande problema é que a versão original – qual fizemos o review em seu lançamento – veio um ano antes da chegada dos consoles da nova geração. Sabendo que aterrissou justamente durante a transição de tecnologia, a desenvolvedora optou por iniciar um novo projeto: revitalizar e tornar a experiência ainda melhor dentro dos aparelhos e criar uma edição definitiva – sem as amarras que tinham ainda no PlayStation 4 e Xbox One.
No entanto, Spacer’s Choice Edition é ainda maior do que a Obsidian Entertainment se propôs a trazer. E isso não passa nem perto de ser algo ruim, muito pelo contrário na verdade. Aprimorando o que já estava bom, essa edição não é apenas um “remaster” e oferece sim uma experiência completamente nova deste vasto universo que temos à nossa frente.
Um novo The Outer Worlds
Considerando que temos um review já de The Outer Worlds pelas mãos do meu colega Caio Lopes, vou pular por completo os detalhes de sua narrativa e das mecânicas que tornaram ele um sucesso no lançamento original. Neste texto vamos focar nas melhorias trazidas pela nova edição e em como estes aprimoramentos gerais melhoram o que já estava bom no passado.
Muitos podem dizer que, graficamente, o título não fazia feio. Porém, o que a Obsidian fez no PlayStation 5 literalmente deu um novo rosto ao game. Os visuais, expressões faciais, a falta de blur e toda a beleza dos mapas está ainda mais destacada, se tornando de fato algo espetacular de se observar nos novos consoles. Particularmente falando, eu fiquei bobo em cada novo planeta/nave que chegava, admirando o cenário por alguns momentos antes de cair diretamente em minhas principais missões.
Quando isso chegou em minhas mãos, confesso que nem sabia da existência desta versão inédita. Ainda tratei com certo ceticismo, pensando que era só um tapa no visual e que não teria efeito algum na experiência. Porém, eu estava enganado. Tem muito impacto sim, a diferença chega a ser gritante. Ver o mundo criar ainda mais vida e ser bem mais colorido te causa outras sensações, assim como os diversos diálogos que estão muito mais expressivos.
Para ser sincero, The Outer Worlds: Spacer’s Choice Edition que devia ser chamado de uma real remasterização. Não as migalhas que recebemos de outras desenvolvedoras, que nem o mínimo fazem pelo público. Ao notar as diferenças que os detalhes fazem, fiquei ainda mais encantado com o título da Obsidian e me intrigou para viver mais uma vez a jornada que fiz há alguns anos até o fim.
Não só pelas escolhas ou por estar mais bonito, mas sim para estabelecer uma memória definitiva desta grandiosa odisseia. Isso sem falar na melhoria de desempenho, que agora finalmente roda a 60fps e 4K nos consoles de mesa, como também se torna mais acessível para quem quiser entrar de vez neste cenário e não teve a oportunidade de fazer isso antes.
Explorando com sagacidade
Além do gráfico, o título também teve aprimoramentos na inteligência artificial, combinando os visuais com NPCs mais espertos e reativos. Eu mesmo tive alguns problemas para estabelecer que certos oponentes estavam mais difíceis do que eu lembrava de serem. Além de trocarem de arma com mais frequência, eles também se posicionam melhor e não continuam mais sendo apenas uma “esponja de balas”.
Isso se estende até os seus companheiros de equipe, fazendo deles excelentes aliados para The Outer Worlds desta vez. Vale lembrar que isso também dependerá da sua estratégia, certo? Não adianta nada sair da nave com o Vigário Max e esperar que o pobre estudioso seja um exímio atirador quando não parte de sua proposta. Se você utilizar bem a nova IA com as habilidades certas, seu time bem estruturado faz estrago em muitos locais que teria uma baita dor de cabeça.
Todos estes fatores também não seriam nada sem uma movimentação mais apropriada do personagem principal, que teve uma repaginada e agora não dá mais aquela caminhada travada e que gerava desafios quando se via encurralado. Confesso que eu mesmo me espantei com a agilidade de seus movimentos inicialmente e quase fui de Google Stadia ao esperar algo menos fluído. Não cometam este erro.
E se não bastasse isso, a Obsidian também se prontificou a aumentar o level cap para 99 agora. Isto permitirá que você teste diversas outras builds e aprimore tudo o que precisa para aproveitar esta viagem ao máximo. Afinal de contas, o Conselho te deixou à deriva para morrer e na hora que chegar diante deles, tem de ser na melhor forma. Não concorda? Ao menos é o que eu acredito ser a opção que mais faça jus aos confrontos.
Expandindo a sua realidade
O pacote também vem acompanhado das duas expansões de The Outer Worlds: Peril on Gorgon e Murder on Eridanos. Ou seja, vai bem além da saga que muitos experimentaram no passado, até para quem estava esperando por uma promoção para comprar um deles ou ambos.
Apesar de ser uma mega atualização do que já estava disponível no passado, eu particularmente passei por alguns problemas em minha experiência. Um deles foi o crash na versão de PlayStation 5, sendo ocasionado algumas vezes que eu via o visual e seu desempenho sendo forçados com uma quantidade considerável de inimigos em tela ou transições que exigiam um carregamento de mais recursos.
E ainda falando da experiência que tive no PS5, dava para a Obsidian usar o controle DualSense de uma forma bem melhor do que o habitual “vibra aqui” quando toma um tiro ou cai de algum lugar alto. Temos de admitir, que apesar do recurso ser excelente, poucas devs trabalham com ele em conjunto e a falta de suporte vai nivelar por completo, de uma forma ruim, o que encontramos nas diversas plataformas que estão disponíveis nesta atual geração. Isso sem falar na ausência do Photo Mode.
Outra coisa que temos de repetir aqui é que a experiência original não era perfeita e as mudanças que exigiam uma melhora nisso não fazem parte da estrutura daquilo que foi mexido para a Spacer’s Choice Edition. Uma das coisas que alteraram, para o bem, foram as letras que deixaram de ser minúsculas e agora você pode alterar o seu tamanho para um que a vista consiga enxergar devidamente.
Ainda que não seja algo perfeito, vou ser bem honesto, agora passa bem perto disso. Se você já comprou tanto o jogo base quanto as expansões de The Outer Worlds e tem atualmente um console de nova geração, eles estão cobrando um valor mais baixo para fazer a atualização da sua versão. Caso não tinha adquirido e pensou em pegar, essa é a edição que te trará uma felicidade maior. Falo isso com tranquilidade.
A odisseia tem tudo o que fãs vão ficar maravilhados: diálogos espirituosos, muitas escolhas – MUITAS mesmo, um elenco de personagens realmente bem-feito e agora gráficos que acompanham tudo isso no RPG de forma que não fica para trás de muito AAA que vemos por aí. Se está buscando uma aventura ocidental do gênero e está pronto para vislumbrar um universo de opções, a hora chegou.
Prós:
🔺 Pacote inclui tudo e mais um pouco
🔺 Passa de um simples remaster para uma verdadeira redefinição do jogo
🔺 Retorno triunfal de um dos melhores RPGs para a nova geração
🔺 É a versão definitiva de The Outer Worlds
Contras:
🔻 Não é um jogo perfeito, apesar de chegar próximo disso
🔻 Deu crash no PS5 e forçou a reinicialização do game
🔻 Falta uso do DualSense
🔻 Falta um Photo Mode
Ficha Técnica:
Lançamento: 07/03/23
Desenvolvedora: Obsidian Entertainment, Virtuos Games
Distribuidora: Private Division
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series
Testado no: PS5