Você já sonhou que conseguia voar? Pois, The King’s Bird lida exatamente com este anseio humano. Quem nunca imaginou como seria poder voar livremente mundo afora, afinal, essa é a mais pura expressão de liberdade que podemos idealizar. Esse é o tema central tratado durante a trama desta instigante aventura de plataforma e ação.
O jogo acompanha uma jovem garota que sonha com a liberdade, cansada de estar presa em seu reino governado por um tirano, que não permite que seu povo o deixe, cercando o local com uma barreira intransponível. Certo dia ela começa a desvendar os mistérios por trás de tudo isso, e adquire poderes que lhe permitem planar grandes distâncias, além de transpor as barreiras de seu povoado aprisionado. Assim se inicia sua aventura em busca dos segredos que vão além das barreiras de seu povo e seus novos poderes.
Um sonho artístico
O primeiro elemento mais notável em The King’s Bird desde o início é sua belíssima arte – com destaque para seus cenários – com cores vivas e sempre dando destaque à personagem principal da trama. Sua arte mistura elementos de diversas culturas e estilos, misturando inspirações artísticas da civilização maia, do sul-asiático e da cultura romana, assim criando uma belíssima obra que ganha vida e movimento a cada instante. As animações também são outro aspecto que valem ser citados, pois elas são surpreendentemente fluidas e apresentam belos movimentos. Destaque especial para a espécie de “cachecol mágico” utilizado pela protagonista, que se move sinuosamente e flui naturalmente enquanto ela executa seus movimentos pela tela.
E complementando o belo fator artístico, temos a formidável trilha sonora, de fato bastante agradável e muito bem composta, um deleite aos ouvidos durante a jogatina. Acredite, ela tem o poder de criar momentos épicos durante a aventura. Pessoalmente, eu fiquei bastante surpreso com os arranjos, comparáveis a de obras cinematográficas clássicas, sem exageros. Associado a tudo isso, o jogo aposta em uma narrativa sem textos durante as interações dos personagens, tudo sendo expressado de forma visual ou sonora, algo bem harmonioso e bem colocado, realmente artístico e bastante agradável.
The King’s Bird é um jogo de plataforma de precisão, ou seja, um jogo que exige certa habilidade nos comandos – que claramente eu não tenho, como pode ser notado no vídeo de gameplay acima -, pois seus movimentos terão de ser friamente calculados (principalmente nas fases finais). Os obstáculos são precisamente colocados para que você use o máximo das habilidades da personagem (além das suas). O que não é uma tarefa muito simples, pelo menos jogando no teclado. As sequências de comandos não são tão simples quanto poderiam ser, e por vezes você poderá se embananar e ficar morrendo diversas vezes até passar de uma sessão da fase. Por sorte o jogo conta com diversos checkpoints no decorrer delas. Recomendação pessoal: jogue com um controle, isso pode evitar muita frustração.
Parkour!
A protagonista conta com uma boa gama de movimentos com elementos de parkour, como dash, saltar de uma parede a outra para subir um aclive, deslizar por um declive, além da habilidade de planar. Porém, esta última pode ser usada por um tempo limitado apenas, que pode ser observado através de seu “cachecol mágico”, que vai encolhendo à medida que a personagem irá usando o seu poder de planar. Para recarregá-lo, basta pousar em uma superfície, também podendo ser mantido para planar por longas distâncias, desde que a personagem esteja tocando em alguma superfície, como extremidades ou plataformas pelo caminho. Apesar disso, novamente a questão da sequência de comandos para executar certos movimentos pode causar frustração na hora de usar seus poderes de vôo.
Agora, falando um pouco sobre a longevidade do jogo, ele conta com cinco reinos, os quais possuem uma quantidade variada de fases em cada um. Isso garante uma boa dose de gameplay, sem falar do fator replay que é intensificado com a existência de uma leaderboard de melhores tempos e dos colecionáveis de cada fase. Ou seja, tanto para os competidores quantos para os colecionistas esse é um ótimo aperitivo para além do jogo.
É inegável não comparar estas mecânicas a jogos como Dustforce e Super Meat Boy que, aliás, são inspirações confessas da equipe de produção deste título. De fato, é bastante visível a inspiração deste primeiro durante o gameplay, com seus dashs e sequências de comandos, além da estrutura de construção das fases e, claro, por se tratarem de jogos de plataforma que exigem precisão e habilidade nos comandos.
De modo geral The King’s Bird tem uma apresentação muito agradável, com belas artes, ótimas animações, trilha sonora primorosa, realmente um exemplar de obra artística interativa. Trazendo gameplay desafiador com mecânicas bem aplicadas e comandos variados de movimentação, o jogo peca apenas nas sequências às vezes confusas de execução, mas compensa no conjunto da obra, que vai agradar aqueles que desejam um jogo desafiador e/ou gostam de jogos artísticos. Para aqueles que gostaram de Dustforce, com certeza é uma excelente pedida.