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The First Berserker: Khazan, lançado pela Nexon, é uma tentativa ambiciosa de expandir o universo de Dungeon Fighter Online enquanto se insere no mercado cada vez mais abarrotado por títulos do gênero soulslike. Seguindo passos antes trilhados por Code Vein, é um título que se destaca pelo visual estilizado e que vem acompanhado do já esperado combate visceral.

Desenvolvido pela Neople, o jogo nos leva 800 anos antes dos eventos do MMO original, lançado em 2016, para explorar a origem de Khazan, o lendário General que se tornou o primeiro Berserker. Apesar de prometer uma experiência épica e desafiadora, os desenvolvedores fizeram escolhas que podem deixar aquele gosto agridoce por conta da dificuldade inicial ou história pouco interessante ao longo das mais de 40 horas.

Escolhido pela espada

Cheguei agora e não conheço nada sobre esse universo. Tudo bem! A Nexon se preocupou em possibilitar um ambiente com informações necessárias para você aproveitar o lançamento de The First Berserker: Khazan através de uma narrativa que desenvolve uma jornada sombria de vingança e redenção. Após ser acusado injustamente de traição e sofrer torturas brutais, Khazan é salvo por Blade Phantom, uma entidade sobrenatural que lhe concede poderes devastadores em troca de sua humanidade. A trama se desenrola no continente de Arad, um cenário repleto de mistérios e perigos, enquanto acompanhamos a transformação do protagonista em uma figura lendária.

Embora a premissa seja intrigante, a história do jogo se perde em meio à tentativa de emular o que poderia ser um God of War com elementos da série criada por Hidetaka Miyazaki, pecando pela falta de profundidade e pouco surpreendente, com personagens que não conseguem cativar totalmente o jogador. No fim, assim como as muitas camadas em Dark Souls, o foco excessivo no combate acaba deixando a trama num papel secundário e disponível apenas para quem quer se engajar em descobrí-la. O resultado disso? Desperdiçar, por exemplo, como a narrativa desenvolve a relação entre Khazan e Blade Phantom.

The First Berserker: Khazan

No entanto, é no sistema de combate que o jogo realmente brilha. Inspirado por clássicos como Nioh e Sekiro: Shadows Die Twice, The First Berserker: Khazan oferece uma experiência fluida e com estratégias dissolvidas em níveis. A gestão de estamina desempenha um papel central tanto para o jogador quanto para os inimigos, criando oportunidades para ataques brutais chamados “Brutal Attacks”, com golpes não apenas causam grande dano, mas também regeneram a estamina do protagonista, incentivando um estilo agressivo e calculado. Khazan também pode alternar entre três armas principais: espadas duplas, lança e espada longa, tendo árvores de habilidades específicas que permitem ao jogador uma personalização mais aprofundada para o estilo de jogo. Afinal, os combates exigem abordagens diferentes para ações rápidas e focadas em combos, precisão e alcance, e golpes pesados com ataques devastadores.

O padrão do estilo souls like está presente no jogo da Neople, carregando as mecânicas para invocação de NPCs, assim como jogos que serviram de referência para este jogo, além das fogueiras e mapas divididas em pequenos mundos acessados através de um hub central. O set de equipamentos também segue a mesma lógica e a maneira como você investe sua dedicação em combates acaba seguindo o mesmo racional: conhece um inimigo pela primeira vez, aprende sua movimentação, testa sua abordagem de ataque e repete tudo isso até conseguir. Como se não bastasse, até mesmo o desnivelamento entre esses chefões acaba sendo bastante aparente, depois de passar muito tempo em um único local ou inimigo e chegando num nível de poder ou conhecimento à frente do próximo desafio. Quase como uma dança muito bem coreografada, os desenvolvedores não esconderam em momento algum que este é um jogo muito próximo do que a FromSoftware e Team Ninja possuem.

The First Berserker: Khazan

Passado tudo isso, o combate ainda se mostra como o coração da experiência, trazendo foco em esquivas, parry e gerenciamento de estamina, características centrais desse gênero. A mecânica de exaustão, que ocorre quando a barra de estamina é totalmente consumida, cria momentos estratégicos tanto para o jogador quanto para os inimigos. Essa abordagem incentiva um estilo de jogo que recompensa precisão e paciência, permitindo que jogadores mais experientes explorem as nuances dos sistemas. Além disso, o jogo introduz inimigos que exigem ataques precisos para serem derrotados, adicionando uma camada extra de complexidade ao combate.

Uma boa adição ao gênero

Visualmente, The First Berserker: Khazan impressiona com seu estilo cel-shaded que mistura texturas realistas com uma estética inspirada em anime, possibilitando à direção artística e ao mundo de Arad um charme único ao combinar ambientes vibrantes com tons sombrios e que refletem bem a jornada brutal do protagonista. A trilha sonora também merece destaque por complementar o tom épico da experiência. As composições são intensas durante as batalhas contra chefes e melancólicas nas áreas exploráveis, embora não sejam particularmente memoráveis ou inovadoras.

The First Berserker: Khazan

O design das fases segue uma estrutura linear com checkpoints chamados “Blade Nexus”, num formato quase primitivo do gênero, demonstrando certa falta de inovação no level design, que podem parecer repetitivos após algumas horas. O jogo também não poupa os jogadores da dificuldade extrema, com chefes desafiadores e que exigem domínio das mecânicas de combate, além de leitura precisa dos padrões de ataque. No entanto, a curva inicial de dificuldade pode acabar afastando os jogadores mais inexperientes ou curiosos por ser excessivamente punitiva, antes mesmo que possam apreciar o que os desenvolvedores propõem para o jogo.

Embora o jogo não traga inovações radicais ao gênero, The First Berserker: Khazan é uma jornada brutal que exige dedicação, assim como se espera de um legítimo representante do estilo soulslike. Ficou claro a tentativa dos desenvolvedores em acompanhar uma moda de um gênero bem estabelecido ao mesmo tempo em que buscam favorecer experiência acessível, ainda que com muito aprendizado. A combinação de combate fluido, personalização do estilo de combate do protagonista e o design de um mundo repleto de caminhos que levam ao derradeiro chefão fazem com que o título se destaque como uma adição memorável à coleção de soulslike.

The First Berserker: Khazan

Para aqueles jogadores que buscam combates intensos e recompensadores, ele certamente vale a pena ser jogado, porém para aqueles que esperam uma experiência mais equilibrada entre gameplay e história podem acabar frustrados.

81 %


Prós:

🔺 Combate fluido e com bons níveis estratégicos
🔺 Mecânicas que buscam inovar a fórmula do gênero
🔺 Visual com mistura da estética de anime com texturas realistas
🔺 Trilha sonora intensa que acompanha o tom épico e melancólico do jogo
🔺 Chefes desafiadores e recompensadores como o padrão do gênero soulslike

Contras:

🔻 História não é muito interessante e previsível
🔻 Level design repetitivo e simples
🔻 Curva inicial de dificuldade muito punitiva

Ficha Técnica:

Lançamento: 27/03/25
Desenvolvedora: Neople
Distribuidora: Nexon
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PS5