Quando a Devolver Digital se compromete em lançar um jogo, nós podemos esperar título interessante ou pelo menos alguma subversão, seja de temática ou jogabilidade. Com The Crush House não seria diferente ao publicar o trabalho da Nerial, um estúdio britânico, responsável por criar um simulador de reality show que vai além do manipular de câmera.
No papel de Jae Jimenez Jung, você vai encarar jornadas de trabalho como produtora do programa mais badalado da década de 90: um reality show que se passa em uma mansão em Malibu, com quatro participantes selecionados a partir de um elenco com outros 12 personalidades diferentes.
Uma espécie de Pokémon Snap com amizades, intrigas, brigas e muita pegação, você vai utilizar sua câmera para capturar os melhores momentos e agradar seu público, atendendo aos pedidos que surgem durante a transmissão. Enquanto sua câmera não estiver ativa, propagandas serão exibidas para aumentar a arrecadação e conseguir comprar adereços pela mansão para os participantes interagirem, gerando situações diferentes e inusitadas.
Entre o bem e o mal, ser ou não ser?
Você precisará agradar sua audiência de acordo com o perfil de quem está assistindo, começando com apenas um tipo de público e aumentando com o passar dos dias que compõem cada temporada, com duração de uma semana. Espectadores que gostam de romance, brigas, decoração, comida e partes do corpo, você contará com a captação, um zoom bem potente e um botão de foco, para se mover e enquadrar as cenas que melhor renderem audiência. Esse é o principal objetivo de Jae para evitar que o programa seja cancelado.
O desafio está em mesclar as propagandas, que surgem ao parar de filmarmos e podem ser alteradas dentre as desbloqueadas conforme a preferência dos espectadores. Buscar ângulos diferentes, seja ao longe, pelo topo, escondido no jardim ou até de dentro da piscina, tudo é válido para você conseguir conquistar cada vez mais público e dinheiro. Isso fica ainda mais complicado quando você começa receber tarefas, principalmente quebrando a principal regra do programa de não falar com os participantes, mas que acaba proporcionando situações muito inesperadas.
The Crush House possui muitas informações para facilitar as mecânicas relacionadas ao gerenciamento durante as partidas. Um dashboard com dados sobre a relação de cada personagem com os outros três companheiros de casa podem auxiliar em quem você focar para atender à demanda de pedidos durante os programas. O mesmo vale para os tipos de públicos que você vai desbloqueando e precisa agradar em cada transmissão, sabendo o que priorizar, seja o corpo ou comportamento dos participantes, seu estilo de filmagem ou algo pela mansão.
O mais interessante é perceber que o trabalho da Nerial também serve como uma sátira dos programas que existem atualmente. Desde o quartinho fuleiro de Jae, que também é sua central de trabalho, até a precariedade do trabalho que você realiza, muitas temáticas fazem parte do pano de fundo desse jogo, principalmente com a falta de preocupação com as jornadas de trabalho e um mínimo saudável de descanso para você. Como dizem, a arte imita a realidade.
Muitas escolhas para um resultado familiar
Todas essas críticas, mesclando o que conhecemos de programas como BBB e A Fazenda, também existem em outros pontos no jogo como, por exemplo, os participantes que se sujeitam ao reality show e a busca pelos estereótipos desse tipo de programa. O “labrador humano”, uma encrenqueira, a viciada em musculação, aquele que gosta de chamar atenção e outros que buscam por relacionamento, The Crush House oferece muitas possibilidades de combinação para as partidas e aumentando significativamente o fator replay.
Os mais de 35 tipos de público também espelham os próprios jogadores e as demais pessoas que consomem programas desse tipo, colocando os pedidos mais bizarros possíveis para aumentar a dificuldade do jogo por conta das exigências que aparecem para cumprirmos. Neste ponto os desenvolvedores também souberam balancear bem a experiência, com uma opção fácil, sem que o programa seja cancelado, um modo de jogo normal, que possui uma boa curva de aprendizado para você aproveitar o jogo como foi pensado, e a opção mais difícil, obrigando um domínio maior das informações para agradar todas as audiências em todos os dias.
Com muito conteúdo para você desbloquear, enquanto você testa todas as opções de elenco e públicos, você precisará pouco mais de cinco horas para curtir um mínimo muito satisfatório de The Crush House. Seu estilo visual é simples e muito colorido, o que facilita em atender as situações randômicas de diálogos, expressões e comportamento. A trilha sonora não conta com Paulo Ricardo, mas oferece algumas trilhas bem agradáveis para acompanhar os loopings de convivência e tarefas.
Prepare-se para explorar a mansão durante a noite, descobrindo algumas interações inesperadas e locais diferentes, se divertindo com toda breguice (como ponto positivo) que o jogo se propõe em trazer para o gameplay. Com controles simples e muitas vezes sem grandes desafios para agradar o público, The Crush House consegue oferecer boa dose de diversão nesse título que brinca com a nossa realidade e coloca o espectador no controle de todas as situações que um reality show pode proporcionar.
Prós:
🔺 Controles fáceis e simples de jogar
🔺 Proposta interessante de simulador
🔺 Visual colorido e irreverente
🔺 Grande quantidade de conteúdo desbloqueável
🔺 Alto fator replay
Contras:
🔻 Agradar os diversos públicos nem sempre é desafiador
🔻 Faltou dublagem para os personagens
Ficha Técnica:
Lançamento: 09/08/24
Desenvolvedora: Nerial
Distribuidora: Devolver Digital
Plataformas: PC