A diversidade das pistas de alta velocidade finalmente chegou à Ubisoft com o lançamento de The Crew Motorfest, o terceiro jogo da franquia de corrida e desenvolvido pela Ivory Tower.
Deixando a simulação de lado, temos o estilo de “festival” para proporcionar desafios de diversos tipos na tentativa de agradar um público ainda maior, de preferência aqueles que se afastaram dos jogos de automobilismo por conta do ultra-realismo.
Aloha, Hawaii!
Poderíamos muito bem chamar trocar os logos de The Crew Motorfest por Forza Horizon e poucos notariam a diferença. Afinal a proposta em ambos é a mesma, mas a execução é diferente. Qual se sai melhor nessa função? Acredito que o novo lançamento da distribuidora francesa conseguiu ganhar o meu coração por dois fatores que comentarei abaixo.
O primeiro quesito de destaque neste terceiro título e que corrige os problemas do passado está em criar um ambiente interessante, além de muito bonito. Deixando de lado o visual norte americano, agora estamos em O’ahu, a ilha principal do Havaí. Essa mudança proporciona cenários paradisíacos e diversos, de encostas belíssimas aos centros comerciais e residenciais, passando por florestas densas, praias vulcânicas e as badaladas ruas de Honolulu.
Tudo parece ter vida em The Crew Motorfest, principalmente quando percebemos que estamos acompanhados de outros jogadores, presentes em formato de “sombras” que passam zunindo ao seu lado ou por “carros NPCs” que vivem trafegando e populando os cenários. Nada é vazio e tudo parece realmente ser um recorte da vida real!
Já o segundo ponto, que acredito ser até mais relevante, é a maneira como os desenvolvedores conseguiram preencher a ilha com pontos realmente interessantes. Agora você sente que tem um motivo de ir até certos pontos para iniciar uma corrida, pois além do visual, no meio do caminho existem algumas atividades para serem realizadas, mas sem necessariamente tirá-lo da sua rota.
Dividido em playlists, o jogo possui mais de 15 “listas” temáticas para você cumprir dentro dessa narrativa de festival automobilístico. Cada uma com pequenas histórias que movimentam a motivação do jogador dentro de uma jornada simplória, desenvolvida ao redor da busca pelo título de campeão do festival.
Através das playlists você poderá experimentar corridas baseadas por categorias: “ocean ‘n sky” com competições de barcos e aviões, off-road, “bike lovers” para os amantes de motos, vintage e seus filtros dos anos 80, competição de drift, freestyle e de alta velocidade, ou focada em marcas como, por exemplo, Lamborghini, Porsche e Mustang.
Sem contar que ainda temos eventos temporários, que oferecem temas voltados para marcas ou como, por exemplo, filmes dos anos 80 e a chance de controlar um DeLorean. Tudo isso para reforçar o famos estilo de “game as a service” que a Ubisoft não abre mão, explicando o sistema de monetização do jogo.
Vamos ver até quando eles conseguirão manter o nível de qualidade das atualizações e a frequência com que teremos esses novos conteúdos.
Inclusivo e perfeito para o colecionismo
Desde o começo podemos perceber que a Ubisoft se preocupou demais em criar um jogo que fosse inclusivo e capaz de ser apreciado por todos os tipos de públicos. Além dos formatos disponíveis ao começar o jogo, para quem nunca jogou até os mais hardcore, sem nenhum tipo de suporte durante as corridas, as playlists também focaram na experiência e muitas vezes tendo como “regra” a chegada entre os três primeiros colocados ou apenas finalizar o desafio, sem necessariamente exigir o topo do pódium.
Dirigir todos os tipos de carros é uma tarefa fácil e agradável, mesmo sem suporte do jogo, exigindo pelo menos atenção do jogador em observar a pista para prever uma curva mais acentuada ou que exija controle maior na velocidade ou estabilidade.
O mesmo serve para os aviões e barcos que, mesmo não tendo o mesmo tipo de controle preciso e fáceis, ainda são agradáveis de serem controlados para aumentar a experiência e multiplicar o ponto de vista dos belos cenários havaianos.
Num geral, The Crew Motorfest busca não frustrar o jogador e proporcionar experiências minimamente gratificantes, incluindo até mesmo avisos na tela para você aumentar o diminuir a dificuldade de acordo como seu desempenho.
Já que falamos de carros, barcos e aviões, os desenvolvedores conseguiram disponibilizar um portfólio muito grande para quem gosta de colecionar os principais veículos e marcas, além das peças disponíveis para serem conquistadas e complementarem a customização do seu próprio “possante”.
No entanto achei estranho que nem todos os carros podem ser alterados e nem todos os seus customizados poderão ser utilizados em certas corridas. Falando em estranheza, The Crew Motorfest se preocupa tanto em entregar uma diversidade de conteúdo que acaba inundando a tela e o áudio com muitas informações.
Me senti meio perdido no começo do jogo, sem saber por onde começar, além de ter a atenção roubada por diálogos durante a corrida (que por sinal eram interessantes e traziam informações sobre as corridas ou o tema de cada playlist).
Para mim, perder a atenção e sair da pista era muito fácil por conta das diversas distrações na HUD ou pelo áudio. Ainda nesse vale da estranheza, mesmo com um visual impecável e impressionante, todas as corridas tem um único defeito: a física usada na colisão e os danos no automóvel.
Enquanto o cenário acaba sendo destruído ao menor contato, ao colidir com qualquer outro veículo, parecem dois blocos batendo e “quicando” de volta. Sem avarias no visual ou que prejudiquem sua performance, muito menos que exijam qualquer preocupação, o excesso de cuidado dos desenvolvedores fez com que o jogo não fosse punitivo ao batermos, apenas diminuindo a velocidade.
Uma aventura paradisíaca
A Ubisoft preencheu a ilha com desafios, de slaloms (atravessar checkpoints dentro do tempo em busca de pontuação) à radares (para quebrar limites de velocidades), além das playlists temáticas, que mesclam os diversos estilos de corrida, porém você também terá ainda mais conteúdo no modo multiplayer online.
Desde o caótico Grande Race, com até 28 corredores e que alterna entre três classes de carros, ao Demolition Royale, no antigo formato de destruição de carros ao melhor estilo Battle Royale, você tem outros formatos de corrida que são muito divertidos e aumentam a diversidade de conteúdo. Isso sem contar o Custom Show, focado principalmente nos influencers e streamers, para que clipes de corrida sejam votados pelo público.
O que achei mais estranho nessa quantidade imensa de conteúdo é: não existe um formato “arcade” ou “partida rápida” para você simplesmente entrar numa corrida despretenciosa. Você sempre precisará atravessar uma grande quantidade de quilômetros em busca de uma nova atividade, utilizando a viagem rápida apenas para atividades já completadas, ou participar de um hub em busca de outros jogadores.
Contrapondo qualquer escolha que possa parecer estranha, o trabalho dos desenvolvedores em utilizar o potencial do DualSense foi incrível. Você sente qualquer variação na pista, troca de marchas e redução de velocidade, fazendo com que os gatilhos funcionem muito bem na simulação das corridas.
The Crew Motorfest fez toda a lição de casa ao ouvir as críticas sobre os jogos anteriores, deixando a simplicidade de lado e entregando um jogo muito bonito e completo em questão de experiência e conteúdo.
Com visual incrível, boa performance no PS5 e trilhas sonoras realmente agradáveis, que acompanham o estilo das corridas e o visual tematizado que acompanham os circuitos, este é um jogo completo e que consegue entregar uma experiência extremamente agradável.
Acho que a Playgraound Games terá um trabalho muito grande para tentar ultrapassar o nível que a Ubisoft conseguiu chegar com este lançamento.