Força é tudo, ou assim é como a linhagem Mishima vê o mundo desde os primórdios. Esse é o clã responsável pelo Fundo de Investimentos Mishima e pela organização do torneio Rei do Punho de Ferro. Esse torneio, em sua terceira edição, irá colocar o mundo rumo ao caos iminente e essa é a história contada em Tekken: Bloodline
Produzido pela Namco originalmente (quando a Namco ainda sequer imaginava dividir o nome com a BANDAI), Tekken surgiu como um competidor direto do então campeão Virtua FIghter. Tekken se mostrou mais fluido, divertido e profundo do que seus concorrentes, o que o fixou como um marco em sua época.
Tekken: Bloodline adapta toda a linha temporal dos sete jogos da franquia e coloca à disposição do espectador um espetáculo visual que resume em parte o que acontece durante os eventos do terceiro jogo, porém altera muita coisa também dentro deste título.
O mais forte punho
A narrativa inicial de Tekken: Bloodline é bem semelhante a de Tekken 3, onde Jun Kazama acaba sendo morta pelo Deus Gueirro/Arma Alien chamado Ogre. Ele é um poderoso guerreiro que caça outros lutadores e absorve suas essências e golpes. Praticamente um Necalli de Street Fighter V, anos antes da CAPCOM pensar em criá-lo.
Com isso, Jin acaba se virando para seu avô, Heihachi Mishima, líder da Mishima Zaibatsu e atual campeão do torneio do Rei do Punho de Ferro. Ao saber que Ogre matou a mãe de Jin, Heihachi aceita treinar o garoto, mas não para protegê-lo, e sim para garantir que ele seja capaz de atrair e matar Ogre.
Após anos treinando sob a tutela de seu avô, Jin deixa de lado o estilo pacifista Kazama de arte marciais e adota o estilo Mishima de Karate. JIn acaba se tornando mais recluso, obediente a seu avô e violento. Ainda assim, ele acaba fazendo amizades com outros lutadores, entre eles Hworang e a jovem Ling Xiaoyu.
Jin prova a Heihachi que está pronto para enfrentar Ogre ao derrota-lo e quebrar a última das lanternas de pedra maciça que Jinpachi Mishima encomendara anos atrás. Com isso se inicia, o terceiro torneio do Rei do Punho de Aço, onde Jin finalmente irá descobrir seu lugar no mundo e o porquê dos Mishima serem amplamente odiados.
Fichas que não acabam mais
O torneio tem inicio, vemos surgindo muitos personagens que realmente se encontram em Tekken 3, mas também vemos outros que apenas apareceriam em jogos futuros. O mais predominante deles é Leroy Smith, que inclusive chega a lutar contra Jin, porém, outros como Craig Marduk, Feng Wey e Steve Fox aparecem apenas de relance no telão.
Porém, diferente do jogo, onde os combates ocorriam mundo afora, desta vez eles ocorrem em um uma arena dentro do que parece uma torre de babel/ruina antiga. Além disso, muitos outros personagens acabam por não aparecer lutando, como mencionado acima, e Tekken: Bloodline também muda o desfecho original da derrota de Ogre.
Não vemos tampouco Ogre lutar dentro de seu templo inca, ou absorver Heihachi para se tornar True Ogre. Porém isso dá abertura para explicar de forma mais fácil eventos que ficaram nublados durante o jogo, um dos mais importante sendo a transição do manto de King.
Heihachi, por ter lutado tanto no primeiro quanto no segundo torneio, conhecia o verdadeiro King, porém, este King dos dois primeiros jogos acaba sendo morto por Ogre. Ao descobrir isto, um dos órfãos que vivia sob sua tutela, começa a usar a máscara do lutador, é treinado por Armor King I e se torna King II.
Combos de qualidade
A animação de Tekken: Bloodline usa uma mistura de animação 2D, com algumas cenas sendo em 3DCG, tal como Kengan Ashura. Talvez por mudar tanto a narrativa original do jogo, alguns fãs podem torcer ainda mais o nariz por conta do estilo de arte escolhida.
Admito que, no começo, pensei que deixaria a desejar, porém, a Netflix teve um grande carinho com a obra e fez questão de trazer lutas emocionantes e com boas reviravoltas. Tudo isso respeitando cada lutador, trazendo golpes icônicos dos jogos, como o combo de 10 hits de Heihachi, o “socão” de Paul Phoenix, os agarrões fatais de King e o punho ascendente do trovão de Jin.
Tekken: Bloodline também acertou em cheio na sonoplastia, com os sons de efeitos de golpes, rugidos de Ogre e King e uma trilha sonora de ponta. Com versões adaptadas dos temas dos personagens, é possível ouvir facilmente o tema de Jin dentro da sua batalha contra Hworang.
O que prova que Tekken: Bloodline foi feito com muita atenção pelos produtores, mesmo com a alteração dos locais e alguns personagens. Porém, algo que senti falta foi a presença invisível da mão de Kazuya.
Outro universo, outra história
Mesmo não retornando em Tekken 3, após ser lançado no vulcão por seu pai em Tekken 2, a energia demoníaca de Kazuya ainda persiste. Essa mesma energia acaba sendo descartada, por Jin apenas herdar geneticamente o Devil Gene de seu pai e não ser possuído diretamente como é o caso, possessão essa que gera a marca em seu braço.
Porém a ativação do Devil Gene em sua essência é bem semelhante e o anime acaba de maneira semelhante ao terceiro jogo. Claro que poderia haver mais lutas, além de mais confrontos com personagens que aparecem no título em si, porém Tekken: Bloodline dá conta do recado de entregar uma experiência para jogadores antigo e novos, além de ser melhor que o filme de 2009.