Todo mundo espera que com um novo console da Nintendo venha um novo Super Smash Bros. Afinal, já se passaram quatro anos desde o último game da série, lançado para 3DS e Wii U. Quando a Nintendo revelou Super Smash Bros. Ultimate para o Switch, durante a E3 deste ano, veio uma grande surpresa: este seria o jogo definitivo, com o maior roster e conteúdo de toda a franquia. Uma promessa insana, mas que foi cumprida com êxito.
Desenvolvido novamente pela Bandai Namco Studios e Sora Ltd., que trabalharam no título anterior, Ultimate é uma verdadeira carta de amor aos fãs. Um game que você começa a jogar e não quer parar, de tão divertido e viciante que é. Como eu gosto de fazer meus reviews sem pressa, principalmente porque agora temos de volta o modo Adventure, fiz questão de desbloquear tudo que o jogo tem a oferecer para dar uma opinião completa.
Tá todo mundo aqui (e tem mais vindo)
Super Smash Bros. Ultimate é gigante, a começar pelo roster. Todas as 63 personagens que já deram as caras na franquia estão aqui, junto de mais 11 personagens inéditas: os Inklings (Splatoon), Daisy (echo fighter de Peach), Ridley e Dark Samus (echo fighter de Samus, de Metroid), Simon e seu echo fighter Richter Belmont (Castlevania), Chrom (echo fighter de Roy, de Fire Emblem: Awakening), King K. Rool (Donkey Kong Country), Isabelle (Animal Crossing), Ken Masters (echo fighter de Ryu, de Street Fighter) e Incineroar (Pokémon Sun & Moon). Os outros echo fighters (não inéditos) disponíveis são Lucina (Marth) e Dark Pit (Pit). E tem novos personagens vindo em 2019 via DLC, a começar pela Piranha Plant: quem comprar o game e registrar no My Nintendo até o dia 31/01/19 receberá a personagem assim que ficar disponível.
Este roster já seria o suficiente para glorificar o game de pé, mas as novidades não param por aí. O visual das personagens e dos estágios foram todos aprimorados, inclusive as animações dos movimentos, provocações, golpes e smashes. Até os especiais, chamado Final Smash, estão melhores e grande parte deles foram encurtados pra deixar o combate mais rápido. O de Incineroar, este um pouco mais demorado, é sensacional de assistir.
O modo Adventure, que após Melee e Brawl ficou de fora na versão de 3DS e WiiU, retorna em Ultimate todo reformulado. Intitulado World of Light, a trama mostra o ataque implacável de uma entidade maligna chamada Galeem, que transforma todos os lutadores em espíritos manipulados. Apenas Kirby escapa do ataque, graças à sua Warp Star, e é com ele que você começa a aventura. Você navega por um imenso mapa que funciona como um tabuleiro cheio de caminhos alternativos, com áreas e desafios temáticos.
Ao lutar contra personagens controlados por Galeem, representados como clones de olhos vermelhos, você deve vencer a luta para libertá-los. Enquanto que no Classic Mode você precisa aguardar um novo adversário inédito aparecer, para destravá-lo ao ganhar a luta, no Adventure esse processo é mais prazeroso. Até porque no Classic o lutador some por um tempo se você perder, enquanto que no Adventure a revanche é imediata.
Colecionando espíritos
World of Light pode parecer simples demais à primeira vista, com seu mapa achatado, estático e pintado à mão. Porém o mapa funciona perfeitamente para o seu propósito, que é o de fazer você correr de um lado pra outro enfrentando batalhas e buscando formas de atravessar o cenário. Muitos dos caminhos estão bloqueados, que podem ser abertos com a ajuda de espíritos: Bomberman, por exemplo, explode rochas para abrir passagem.
Todo o avanço pelo modo Adventure depende da combinação de espírito primário com espíritos de suporte para enfrentar os adversários. Os espíritos funcionam como cartas, sendo que o primário se divide em quatro tipos (Ataque, Defesa, Agarrão e Neutral) e possui de 1 a 3 slots para os espíritos de suporte. Somado as pontuações dos espíritos se obtêm um total que deve ser menor ou próximo da pontuação do adversário. Com isso as recompensas aumentam e a dificuldade se mantém equilibrada. Se sua pontuação for muito maior, terá facilidade para vencer mas ganhará poucas recompensas.
É desta forma que o jogo cria uma infinidade de possibilidades, junto às condições de cada luta: névoa pra dificultar a visão, invencibilidade temporária pro adversário, chão escorregadio, vários adversários numa mesma batalha, pokémon que aparece pra te infernizar, entre outros exemplos. Os espíritos primários ainda se dividem em rank de 1 a 4 estrelas (Novice, Advanced, Ace e Legend) e podem evoluir até o level 99. Tal evolução ocorre usando os espíritos em lutas, gastando snacks adquiridos em três tamanhos (sendo que o L aumenta o level mais rapidamente) ou colocando-os pra ralar em atividades como a academia de Doc Louis (o treinador de Punch-Out!!) e explorações que também concedem recompensas.
Durante a navegação pelo mapa você também encontrará dojos, onde poderá adicionar até quatro espíritos primários para aprender um estilo específico. Apesar do estilo melhorar suas características, ele reduz outras: aumento da velocidade de movimentação e redução do pulo, por exemplo. Uma forma de equilibrar as coisas. Não gostou do resultado? Só mandar pro dojo do Slowpoke, que faz o espírito selecionado esquecer o estilo aprendido.
Tanto na academia como nas explorações e dojos, os espíritos selecionados ficam de fora do seu gerenciamento até que os pegue de volta. Em qualquer um você pode tirá-los das atividades a qualquer momento, mas terá seu objetivo interrompido. As explorações duram horas (de 2h a 10h) e não é uma boa ideia interrompê-las. Felizmente, estas atividades não são pausadas quando deixar o Switch no modo soneca. Minha dica é: mande suas cartas primárias mais fracas pra academia e deixe elas lá até atingirem o nível máximo, junte o máximo de Smash Points (SP) que puder para comprar espíritos com desconto nas lojas e gaste seus Snacks na evolução dos espíritos de rank Ace e Legend. É o melhor jeito, pois o game possui quase 1300 espíritos (somando primários, suportes e lutadores) pra você coletar.
O gerenciamento de espíritos ainda permite criar e salvar times, há uma opção Summon pra evocar novos espíritos usando núcleos de outros espíritos que tenha e por fim você pode descartar espíritos que não queira mais para obter SP extra. Há ainda, fora do modo Adventure, um Spirit Board onde até 10 espíritos surgem como desafios temporários para você tentar a sorte. Dá até para usar itens como embaralhar os espíritos, trazer um espírito de volta (após perder a luta contra ele) e vantagens como desacelerar o medidor de Final Smash do oponente. Ao ganhar uma partida ainda será preciso dar um tiro no oponente, protegido por um escudo giratório. São tantas opções que, de início, é comum ficar perdido e tomar decisões ruins. Mas com o tempo você dominará tudo e também passará a escolher melhor onde gastar suas esferas na árvore de habilidades.
Ainda sobre o modo Adventure, tenho que baixar o chapéu pra criatividade da Nintendo. Além do mapa aberto com áreas inspiradas em franquias famosas, há também “warp zones” para novas áreas com mais batalhas e personagens para desbloquear. Alguns são importantes pra quebrar a barreira de defesa de Galeem, incluindo até mesmo batalhas contra chefões. Essas áreas também funcionam como homenagens: tem o primeiro mapa de Donkey Kong Country e até o mapa mundi de Street Fighter II (com deslocamento por avião).
Conteúdo que não acaba mais
Além da extensa campanha solo, o jogo oferece o modo Smash (para até 8 jogadores), Squad Strike (3×3 ou 5×5), Tourney e Special Smash. Este último possui três opções: Custom Smash (com modificadores,), Smashdown (o número de lutadores selecionáveis vai diminuindo a cada rodada) e 300% Super Sudden Death, no qual quem atingir o oponente primeiro ganha a partida.
Na opção Games & More tem mais coisas legais pra expandir a jogatina. No Classic Mode você escolhe um personagem e enfrenta uma rota exclusiva de batalhas. Seu avanço começa com uma intensidade representada por um mural de arte, selecionável entre 0 a 5 e que avança até 10. Temos o treino e o Mob Smash, que oferece três opções com contador de tempo: Century Smash (você contra 100 Miis), All-Star Smash (você contra todos os lutadores do game) e Cruel Smash (você contra Miis super difíceis). Tem também o Mii Fighters, pra criar o seu próprio personagem escolhendo o tipo (Brawler, Swordfighter ou Gunner), roupa e até seus movimentos especiais. Por fim, há uma área dedicada aos Amiibos: basta tocar seus Amiibo no Joy-Con para registrá-los como Figure Player (FP), que aparecem nas batalhas como lugadores especiais e também podem evoluir de level. Para os Amiibos que não fazem parte do roster, o game premia o jogador com recompensas.
E por falar em recompensas, há 124 desafios para completar. Eles estão distribuídos por todos os modos (Smash, Adventure, Online etc) e alguns são bem difíceis de completar, mas dão recompensas igualmente incríveis. A cada desafio vencido, um fragmento de imagem surge para completar um determinado painel. E ainda nas opções do jogo, temos o Vault. Lá você pode ouvir as trilhas que desbloqueou no Adventure, assistir replays que tenha salvado, conferir seu status, trocar sua Smash Tag (pro online) ou mesmo conferir umas dicas valiosas sobre técnicas, estágios e espíritos, por exemplo.
Tem até opções pra alterar o formato do estágio escolhido (Normal, Battlefield e Omega) e trocar sua respectiva música de fundo entre centenas de trilhas disponíveis. Eu não costumo me prolongar muito em reviews detalhando um jogo, mas Super Smash Bros. Ultimate é tão gigantesco e primorosamente bem planejado que chega a assustar. Conversando com amigos, percebi que a maioria não descobriu nem 60% de todo o conteúdo que o jogo tem a oferecer. E não precisa, obviamente. Ainda assim, é impressionante o quão completo e duradouro este game é.
Creio ter escrito meu review mais longo de 2018. Afinal, fiz questão de dissecar o game e jogar o máximo possível nestes 12 dias após o lançamento. Estou perto de concluir o modo Adventure, com mais de 20 horas registradas, e extremamente feliz com a experiência toda. Tudo é muito bem feito, as recompensas são altamente gratificantes e o desejo de jogar “só mais um pouco” é frequente. Não é a toa que a Nintendo está comemorando as mais de 3 milhões de cópias vendidas até o momento.
Por mais minimalista que o jogo seja nos comandos, sendo possível jogar tranquilamente com um joy-con, há sim muita profundidade nas lutas somado aos perigos de cada estágio. E olha que são mais de 100 estágios diferentes, agora com a possibilidade de um se transformar em outro com o Stage Morph. Nenhum personagem é igual a outro; todos eles possuem características próprias que influenciam no combate (veja o Tier List). Não basta apertar botões que nem doido, tem que saber jogar com estratégia e ter também um pouco de sorte. Afinal, o caos promovido pelos itens continua garantindo situações inesperadas a cada batalha.
Se é que dá pra chamar de falhas, Super Smash Bros. Ultimate possui muitos loadings (rápidos, mas presentes) e não apresenta nos filtros a opção de listar estágios e espíritos por franquia, o que seria uma mão na roda. No último update 1.0.2 já deu pra notar o comprometimento da Nintendo com a comunidade, trazendo correções de bugs, equilíbrio na dificuldade, espíritos de Pikachu e Eevee na faixa pra quem jogar Pokémon Let’s Go no mesmo console e um novo evento no qual você deve enfrentar personagens com óculos no Spirit Board.
Eis aqui um jogo infinito, seja pra jogar sozinho, online ou com amigos localmente. Na minha opinião este é o melhor jogo já lançado pro Switch, ao lado de The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Super Mario Odyssey. Com a Piranha Plant vindo em breve e a revelação de Joker (Persona 5) como próxima personagem jogável, os fãs só tem a comemorar. E que venham muitas novidades nas próximas atualizações.