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Mario é o personagem mais famoso dos games e acho que podemos até entrar em um consenso que também é o rosto mais conhecido da cultura pop. São quase 40 anos de história e de pura excelência no mundo dos videogames, o que torna ainda mais bizarro o fato do encanador mais popular de todos os tempos nunca ter sido devidamente respeitado no cinema. Até teve aquela adaptação live-action de 1993, mas o resultado final foi tão traumático que a Nintendo nunca mais ousou trazer a franquia de volta para as telonas – até agora.

Super Mario Bros. – O Filme marca o retorno de Mario e Luigi aos cinemas, só que agora do jeito certo! Sob os cuidados da Illumination (estúdio responsável pelas franquias Meu Malvado Favorito e Minions) e supervisão do próprio Shigeru Miyamoto, essa pode ser facilmente considerada a melhor adaptação cinematográfica de games já feita – e falo isso sem nenhum exagero ou julgamento de fã emocionado. Quando a sessão acabou, eu só conseguia pensar em assistir de novo.

Conhecendo as origens

Ultimamente, a velha maldição das péssimas adaptações de games para cinema e TV vem sendo gradualmente quebrada, então muitos podem duvidar da afirmação feita anteriormente. A série de The Last of Us da HBO ficou muito fiel ao jogo, assim como os filmes live-action do Sonic, que conseguiram trazer a essência do personagem de uma forma divertida. Super Mario Bros. – O Filme vai um pouco além, respeitando ao extremo todo o material original dentro de uma história “quase” inédita!

Convenhamos que adaptar os jogos do Mario para o cinema não é tarefa fácil. Por mais divertidos e memoráveis que sejam, a falta de um enredo elaborado complica bastante as coisas, porque no geral são games que se resumem ao bigodudo partindo ao resgate da princesa Peach (que está sendo constantemente sequestrada pelo Bowser). Isso por si só já é motivo suficiente para provar como o cuidado com essa adaptação foi minucioso, pois eles conseguiram fazer dar certo!

Temos aqui uma história de origem, simples assim. Mario (Chris Pratt) é um encanador que vive no Brooklyn, em Nova York, e está lutando para se tornar um empreendedor de sucesso ao lado do seu irmão Luigi (Charlie Day). Em uma de suas tentativas de obter visibilidade para seu pequeno negócio, os dois acabam sendo sugados por um cano misterioso e vão parar no Reino dos Cogumelos, onde a mágica acontece.

Mario
Nem só de cogumelos e princesas vive o homem. Tem que trabalhar!

De início, ver Mario e Luigi andando pelas ruas de Nova York (no mundo real) pode gerar uma estranheza, principalmente porque o filme mostra um lado da vida desses personagens que nunca nos foi apresentado antes: sua família! Aqui temos a oportunidade de conhecer seus pais, avós, tios e irmãos, como a boa famiglia italiana que são, e apesar disso tudo parecer muito distante do cânone original (se é que isso existe), se encaixou perfeitamente nessa nova leitura dos encanadores.

É preciso ter em mente que esse é o Mario dos filmes e não dos jogos. Tudo visto ao longo dos seus 90 minutos de duração é um grande compilado de homenagens e referências não só aos jogos do encanador, mas a todo o universo Nintendo. O melhor é que nada soou forçado ou mal encaixado, então é um material para nintendista nenhum botar defeito! Pode ir preparando as lágrimas.

Um começo promissor

Como animação, Super Mario Bros. – O Filme é muito divertido e vai agradar até mesmo quem não é ligado em videogames. Tem uma história bacaninha, consegue ser engraçado em diversos momentos e não é longo, então não chega a ficar arrastado ou cansativo (pelo contrário, quando acaba você ainda fica querendo mais). Agora, para quem é fã do personagem ou da Nintendo como um todo, o longa é de deixar qualquer um maluco!

Incrível o destaque que deram para Mario Kart neste filme

O tempo de tela dos personagens é perfeito, então apesar dos holofotes ficarem no bigodudo, temos uma participação mais que satisfatória de todo o resto – com destaque para Bowser (Jack Black) e Peach (Anya Taylor-Joy), que protagonizam alguns dos melhores momentos do filme. Inclusive, é válido citar que Peach abandonou o velho estereótipo de donzela indefesa e aqui assumiu um papel tão empoderado quanto o do protagonista. É bem legal ver que, por mais que isso ainda esteja enraizado na franquia, a Nintendo está tentando mudar as coisas aos poucos.

Tivemos a oportunidade de assistir ao longa dublado e, mesmo com um elenco de peso na versão original, a dublagem em português consegue ficar à altura ou até mesmo melhor que em inglês. As vozes combinam muito com os personagens e não podemos deixar de elogiar o excelente trabalho de Raphael Rosatto, que claramente se esforçou em garantir o sotaque ideal para o Mario.

Não se limitando somente ao nicho do Reino dos Cogumelos, o filme também explora a selva dos Kongs e até mesmo algumas das pistas vistas em Mario Kart. Como já enfatizado, a animação não se limita a adaptar somente os jogos do Mario e faz uma mistureba dos principais elementos de alguns dos carros-chefes da Nintendo. O mais incrível é que conseguiram criar um roteiro que junta tudo isso com um contexto por trás, por isso novamente repito: é esse tipo de coisa que define uma adaptação de qualidade!

Já quero uma adaptação de Luigi’s Mansion para ontem!

Seria impensável criar uma animação que tem blocos flutuantes, power-ups, corridas de kart, batalhas em plataformas suspensas no nada e ainda garantir que tudo isso fizesse algum sentido. Nos jogos, essas ideias não precisam ter lógica alguma e é por isso que os títulos da série funcionam tão bem. O trabalho que fizeram em garantir que cada um desses elementos se conectasse em uma única coisa é de tirar o chapéu.

Por fim, não podemos finalizar sem deixar de falar da trilha sonora, que é um soco na cara da sua nostalgia. Todas as músicas são orquestradas e encaixadas perfeitamente dentro do contexto dos jogos, então quem é fã com certeza vai pirar. O mesmo vale para os efeitos sonoros, que são os mesmos utilizados nos games.

Sem mais, Super Mario Bros. – O Filme é uma estreia excepcional da Nintendo nas animações modernas. É incrível ver todo o potencial de sua principal franquia sendo explorado de forma soberba logo no primeiro filme animado, abrindo um leque de infinitas possibilidades para o futuro – que não precisa ficar apenas no Mario. Agora faça um favor para si mesmo e vá ao cinema enquanto pode!

BÔNUS: a cabine foi no Espaço Itaú de Cinema do Bourbon Shopping em Perdizes, São Paulo. A decoração do lugar estava incrível! Confira algumas fotos: