O último convidado para o 35º aniversário de um dos maiores ícones dos videogames de todos os tempos, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury também chega ao Nintendo Switch após quase todos os jogos anteriores já estarem na plataforma e Odyssey ter saído no console em 2017. Porém, não pense que ele se atrasou à toa, já que trouxe um presentão para os fãs mais ávidos da franquia.
A versão original do título, lançada em 2013 para o Wii U, não contava com a expansão que atraiu a curiosidade de todos desde o seu primeiro trailer. Afinal de contas, Bowser gigantesco tocando o terror em um arquipélago completo, Mario super-felino de tamanho colossal o confrontando e até mesmo Bowser Jr. ajudando o bigodudo em sua missão, alguém pode explicar o que está rolando? Sim, nós podemos!
Mario? Que Mario?
Os jogos da linha Super Mario dispensam qualquer apresentação. Qualquer pessoa que já tocou em algum aparelho da Nintendo, o jogou de alguma forma. O herói corre, pula, quebra blocos, encara os maiores perigos que ameaçam o Reino dos Cogumelos e, junto aos seus amigos, impede Bowser de tomar o controle do lugar. Com isso te pouparei de uns bons parágrafos explicando sua conduta e motivações, já que a história nunca chegou a ser o foco principal da franquia.
Já o gameplay, meus amigos, é algo que nunca desaponta. Ao menos não nos games da série principal, é bom salientar antes que alguém venha me xingar nos comentários por algum spin-off que não saiu bem como devia. Mesmo repetindo certos padrões, a empresa e Shigeru Miyamoto sempre implementam novidades que tornam a experiência em algo épico, promovendo um verdadeiro universo em construção em cada jogo novo.
Super Mario 3D World foi lançado ainda no Wii U e inovou ao trazer um novo power-up, que cria um traje de felino para os heróis e possibilita escalar paredes e arranhar os oponentes. Apesar de não ter sido a maior mudança do universo ou que tenha dividido as águas para a franquia, foi o que marcou visualmente e trouxe o apelido carinhoso de “jogo do Mario vestido de gato”.
Mas não foi a única novidade que implementaram ao gameplay, com bastante a se fazer enquanto desbrava o Reino Sprixie. É lá que encontra pela primeira vez o Captain Toad, com seus puzzles complexos e que, posteriormente, se transformou num jogo próprio do personagem. O fator replay também é elevado à milésima potência, com estrelas separadas e escondidas por vários locais que permitem desbloquear áreas especiais e, mais para frente, passagem para dentro dos castelos finais.
Pode parecer besteira, mas falando sério, o jogo é viciante. Você passará de uma fase e vê que, das três estrelas, pegou apenas duas. Mas chegou a ver a terceira em algum lugar e sente vontade de retornar e pegá-la. O que perderá além de alguns poucos minutinhos? Também há carimbos espalhados pelos mundos, que podem ser usados também no inédito Photo Mode para preencher a tela com imagens especiais.
E sempre que termina um estágio, você vai querer fazer outro. A prévia dele flutuando em 3D na sua frente, muitas vezes, te fará questionar que tipo de desafios te aguarda e te puxará para mais uma partida. Vale notar que Super Mario 3D World não é um jogo difícil, sendo sincero chega até a ser bobo em alguns momentos, mas é um tipo de simplicidade que apenas a Nintendo conseguiu atingir até hoje e sempre acaba fazendo você retornar para mais.
Um assunto que merece um grande destaque é o level design. Eu disse acima que o jogo é simples, mas se você quer fazer tudo, pegar as estrelas e explorar o ambiente, não esperava uma estrutura tão rica para os que se arriscam mais. E não falo apenas de armadilhas e peças posicionadas para te dificultar a vida, mas há coisas que apenas para você poder enxergá-las te darão um baita trabalhão. Perdi as contas de quantas vidas se foram apenas na curiosidade para ver se alguns trechos escondiam algo. Na maioria do tempo estava correto, mas sabe como é, nem sempre acertamos tudo.
Isso sem citar os Time Trials, as fases com o simpático Plessie, o plesiossauro, os trechos onde um perigoso vírus está devorando tudo e você tem de sair correndo de qualquer jeito para não acabar sendo mastigado junto, tudo dá um brilho ainda maior para o que vê. Apesar dos chefões serem limitados, cada confronto é único e com uma grande participação do cenário no combate. Onde já se viu enfrentar o Bowser em cima de um carro monstruoso? Ou empurrar um dos inimigos pelo cano abaixo, literalmente? A criatividade foi intensificada e isso merece os parabéns.
Super Mario VS Godzilla, digo, Bowser
Ok, você já jogou o Super Mario 3D World original e está cansado de saber de tudo isso, eu compreendo. Você veio para saber sobre o Bowser’s Fury e se ele vale a pena a compra da versão para o Switch. Em termos simples e bem resumido, imagine o conteúdo disponibilizando um mundo aberto limitado, igual ao que vemos em Mario Odyssey, por exemplo, e terá uma breve ideia do que encontrará na expansão.
Ouso afirmar que me diverti infinitamente mais neste trecho do que no que já tinha aproveitado do jogo base. Apesar de passar parte do tempo adormecido, quando Bowser aparece completamente fora de controle, me acionou um senso de perigo que há tempos não sentia. Diria que a última vez que vi uma força da natureza tão sinistra me caçando por algo foi em Resident Evil 3, com Nemesis na minha cola. O original, claro, não o remake.
O próprio game prepara o terreno para a sua grande aparição. Todo o território está ensolarado, com você lá pulando e correndo para buscar as pedras felinas e ativar o sino para enfrentar o vilão. De repente, começa a chover. É o primeiro sinal de que algo vai dar errado. O céu escurece de repente, começando a cair raios. Você ouve o estrondoso grito da criatura colossal. Às vezes ela está perto, às vezes longe. Depois disso, o próximo sinal que recebe é uma rajada de fogo bem na sua fuça caso não esteja se protegendo atrás de algo.
A única forma de impedir isso, momentaneamente, é virar o gato gigante e ir dar a cara à tapa. Aí, meu amigo, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury se transforma numa verdadeira batalha ao melhor estilo Godzilla VS Kong. Dois kaijus capazes de passar por cima de tudo para derrubar o outro e que vença o melhor. Isso já era esperado nos trailers, porém quando você está com o controle nas mãos e desviando das estacas caindo do céu, dos jatos de fogo, indo na direção dele para derrubá-lo de vez, a sensação é completamente acima da expectativa.
Conforme vence alguns rounds, libera novas áreas do arquipélago e pode explorar um terreno ainda maior. Para ajudá-lo na travessia, Plessie retorna e está posicionada em vários locais-chave, sempre pronta para ajudá-lo. Inclusive, não desmereça o apoio dela, muitas pedras serão resgatadas graças às suas habilidades marinhas. Já Bowser Jr., você pode escolher ainda no início o quanto deseja a participação dele. De qualquer modo, se pedir pouca ajuda, ele ao menos bate nos inimigos, pega moedas e pode pintar paredes pichadas para conseguir itens a mais.
Falando em itens, aqui você também terá a liberdade de acumulá-los. Você consegue ter até cinco de cada power-up guardado na manga, caso seja necessária uma mudança de abordagem em forma emergencial. Não que vá servir de algo quando Bowser desperta, mas ao menos os puzzles comuns serão solucionados facilmente com uma variedade maior deles à sua disposição, não é?
Não diria que o conteúdo valha a compra para quem já adquiriu a versão anterior, mas posso te dar a certeza que entregará umas 5 a 6h de diversão completa com um grande fator replay, assim como o Super Mario 3D World. Confesso que completei a expansão pegando 50 das rochas felinas, das 100 que existem, faltando ainda mais coisas para se explorar quando a história principal é encerrada.
Acabou, e agora?
É redundante falar, mas são pouquíssimas pessoas que teriam a audácia de dizer que os jogos da franquia Super Mario são ruins ou possuem muitos defeitos. A Nintendo se certifica que isso não vai acontecer a cada lançamento e a equipe de desenvolvimento se supera ainda mais em todos eles. Dá para sentir o cuidado e o quanto se preocuparam para que qualquer pessoa que tivesse o game em mãos se divertisse.
Não dá nem para acusar 3D World + Bowser’s Fury de ter uma curta duração. Tem tanto conteúdo depois que você chega ao fim do game e da expansão que oferece uma infinidade de fases e mais para ser exploradas. Só no jogo base, são quatro mundos que aparecem após o grand finale, por exemplo. Já o arquipélago tomado pelo vilão, você precisa de 50 das 100 rochas felinas para completá-lo. Porém, não significa que sua jornada ali se encerrou, com direito a mais um passeio com o filho dele pela área.
E isso tudo porque eu nem citei a inclusão de Luigi Bros, uma versão distinta do original de 1983 no NES, que serve para te dar uma visão do quanto a franquia evoluiu e para dar o protagonismo ao nosso caro Luigi. Ou seja, se você gastou uma ou duas dezenas de horas para completar tudo, ainda tem mais coisas por ali que darão basicamente três jogos dentro da mesma fita ou arquivo, caso jogue no formato digital.
Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é extremamente divertido, colorido, cheio de nuances conforme avança pelas fases e mundos, lotado de coisas para explorar e passar um tempo no Reino do Cogumelo, no Reino Prixie e no arquipélago onde Bowser está enfurecido. Se você nunca o jogou, é a chance perfeita de aproveitar uma obra-prima que não envelheceu do Wii U no seu Nintendo Switch, mantendo o suporte ao touchscreen e aos amiibos. Não perca tempo e garanta a melhor jornada do início de seu 2021.